Mayra admite que queria manter crianças em aulas durante pandemia

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Secretária afirma em seu depoimento à CPI da Pandemia que defendia que as crianças não fossem retiradas das escolas

Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Jornal GGN – A secretária Mayra Pinheiro, do Ministério da Saúde, admite que queria manter as crianças em aulas presenciais durante a pandemia de covid-19. A afirmação foi feita durante seu depoimento à CPI da Pandemia, em andamento no Senado Federal.

Tal declaração foi feita após apresentação de vídeo por Calheiros, onde Mayra chegou a citar o “efeito rebanho”. No vídeo exibido, Mayra disse o seguinte: “Nós tínhamos que, no início da doença, deixar isolados os nossos idosos, as pessoas de grupos de risco, e garantidos os equipamentos de proteção individual, deixar que as nossas crianças frequentassem as escolas, deixar que o comércio, a indústria, os estabelecimentos comerciais funcionassem com as orientações de distanciamento social. O que nós criamos mantendo todas as pessoas em casa naquelas cidades que até por medidas coercitivas, agiram como legisladores em Estados de exceção, foi causar mais pânico na sociedade, e nós atrapalhamos a evolução natural da doença naquelas pessoas que seriam assintomáticas, como as crianças, e que a gente teria um efeito rebanho. Estamos lutando para que a gente possa aplicar a ciência, inclusive na orientação dessas medidas de isolamento social (…)”.

Quando questionada pelo relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), Mayra Pinheiro disse que tal áudio “se trata de uma colocação referente à população pediátrica. E, na época, eu defendia que as crianças não fossem retiradas das escolas – aliás, a retirada das crianças da escola foi uma das maiores agressões que a gente fez a essa população (…) Como pediatra, eu fiz vários estudos ao lado de colegas que são cientistas, e hoje nós temos a certeza que as crianças tem 37,5 vezes menos chance de se contrair a doença, e a possibilidade de transmissão a partir de uma criança também é baixa”.

Novamente questionada por Calheiros, Mayra Pinheiro declarou que o vídeo abordava a questão da imunidade de rebanho nas crianças e afirmou: “Nós não precisávamos deixar, senador – e eu sou pediatra – as nossas crianças fora das salas de aula. O tempo dirá o prejuízo que nós vamos causar para os países (…)”.

O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), lembra que tal colocação feita por Mayra também se referiu ao comércio. “Doutora, a senhora falou também de comércio, não foi só de criança. Veja bem, tem muitas coisas que a senhora falou que nós temos gravado aqui e a gente não quer ser deselegante com a senhora. Por favor, a senhora está protegida sobre Manaus, sobre a falta de oxigênio em Manaus, sobre as outras coisas que a senhora fez lá, não.”

Quando perguntada por Calheiros sobre imunidade de rebanho, Mayra disse que “o efeito rebanho não pode ser usado indistintamente para populações, senador, por que não é possível que a gente vá prever quanto eu tenha que expor da população para que eu atinja esse benefício, então isso pode resultar em muitas mortes (…)”.

Missão em Manaus

Sobre sua escolha para ser enviada à Manaus, Mayra disse que foi escolhida por ser a secretária mais antiga da equipe (Mayra está na equipe desde o início do governo Bolsonaro), e médica. “No primeiro surto da doença em Manaus, eu fui deslocada também para estar em Manaus fazendo o mesmo papel que fiz agora, de organizar os recursos humanos em saúde”.

“No dia 28 de dezembro, o ministro Pazuello ordenou a suspensão dos recessos de final de ano e nos convocou para uma reunião dando conta de Manaus”, disse Mayra. “O fato de já conhecer a situação de Manaus, de ser médica e da questão dos recursos humanos como prioridade”, disse a médica.

Acompanhe a íntegra do depoimento de Mayra Pinheiro pelo link abaixo:

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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