Bolsonaro “deu ok” para criar confusão de golpe com Moraes, disse Do Val, segundo colunista

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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O plano seria provar suposta parcialidade do ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos dos atos antidemocráticos

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Após acusar Jair Bolsonaro de tentar um “golpe” contra o ministro Alexandre de Moraes, o senador Marcos do Val (Podemos) recuou, no final de março, afirmando que “não tinha golpe de Estado”. Agora, em áudio enviado a aliados, o senador volta a indicar que havia uma estratégia contra Moraes e que Bolsonaro deu aval para as declarações do parlamentar, para criar confusão.

No início de fevereiro, Do Val chamou a atenção do noticiário, concedendo entrevistas à revista Veja e às emissoras CNN e GloboNews, detalhando proposta de intenção golpista do ex-presidente, que teria o coagido a participar de um plano de golpe, juntamente com o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ).

O plano seria provar suposta parcialidade do ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos dos atos antidemocráticos no Supremo Tribunal Federal (STF), gravando reuniões com o ministro para o afastar das ações que miram Bolsonaro, e supostamente prender Moraes.

Com as declarações, Moraes determinou a abertura de investigação contra Do Val. Semanas após as acusações, o parlamentar recuou. No final de março, na saída de encontro do PL, a bolsonaristas, ele disse que “não tinha golpe de Estado, nem nada”.

Agora, um novo áudio do senador, enviado a aliados em um grupo do WhatsApp, segundo coluna de Guilherme Amado, do Metrópoles, voltou a indicar que existia uma tentativa de comprometer Alexandre de Moraes dos processos contra Jair Bolsonaro.

No áudio, Marcos do Val teria confirmado, ainda, que o ex-presidente tinha consciência das movimentações e declarações dadas pelo senador, afirmando que Bolsonaro “deu o ‘ok'” a ele para usar a reunião de suposta tentativa de golpe e para, de alguma forma, “blindar” Jair Bolsonaro.

Segundo o parlamentar, o objetivo da confusão criada era “manter a imprensa colada”, com o intuito de dispersar e “toda hora falando uma coisa diferente da outra”.

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“Para esclarecer, porque tem algumas pessoas que não entenderam aquele movimento que fiz em fevereiro: eu fiz um contato com o ex-presidente, o nosso presidente Bolsonaro, dizendo que eu precisava blindá-lo, por conta do desejo do ministro do STF em prendê-lo assim que ele retornasse dos EUA. Eu disse que usaria aquela reunião que tivemos, que não configura crime nenhum. Não tem nada que configurasse crime ali. Ele, então, deu o ‘ok’, e eu segui fazendo a estratégia de manter a imprensa colada. Toda hora eu estava falando uma coisa diferente da outra.”

Do Val diz, segundo o colunista Guilherme Amado, que não somente Bolsonaro sabia e deu o aval para a confusão como também os filhos do ex-presidente também sabiam.

“Muita gente não percebeu, mas em nenhum momento vocês viram os Bolsonaros, tanto o pai quanto os filhos, entrarem em confronto comigo. Só nisso já dá para perceber que eles tinham conhecimento do que eu ia fazer e mergulharam. Vocês não viram nenhum deles me atacando, ninguém percebeu isso. Também fiz questão de não falar na hora, durante esses dois dias, porque poderia dar errado a estratégia que eu estava usando.”

Segundo Do Val, “todos os objetivos” da confusão criada “foram alcançados”. E cita que com as declarações “todo mundo [ficou] mais motivado com a assinatura da CPMI [dos ataques de 8/01], que estava quase morrendo”.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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