Dilma está “animada” para reverter o impeachment no Senado, diz Jandira

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – A deputada Jandira Feghali (PCdoB), líder da minoria na Câmara, esteve nesta quinta (14) com a presidente afastada, Dilma Rousseff (PT), e disse que ela está “animada com a perspectiva de votação [do impeachment] no Senado.”

“Ela tem feito reuniões semanais com o conselho político. Eu estou achando Dilma muito bem. É impressionante a capacidade de resistência que ela tem. Ela foi forjada na dificuldade, né? Ela está animada, está indo bem com a rua, os movimentos, o Senado. Eu saí de lá animada. (…) Ela nos consultou sobre o manifesto que vai soltar. A visão dela é muito positiva do processo. E ela está muito bem, firme e tranquila. Está construindo uma agenda com o Senado.”

Segunda Jandira, Dilma calcula reverter o placar no plenário, onde precisa de mais seis votos, além dos 22 que já possui, para derrubar o pedido de impeachment. A votação na comissão especial, liderada por Antonio Anastasia (PSDB), já é contabilizada como uma derrota para os aliados da petista.

Jandira também avaliou que a eleição de Rodrigo Maia (DEM) para a presidência da Câmara expôs a divisão da base parlamentar do interino Michel Temer (PMDB) e, ocasionalmente, favorecerá a atual oposição.

“A eleição expressa a falta de unidade da base do governo. A paz não vai reinar. Aumentou a fragmentação e a disputa na base do governo, o que, nesse aspecto, é bom para nós. Isso mostra que a gente pode, em alguns momentos, ganhar posições e afrontar decisões que prejudicam o País”, explicou.  

Para Jandira, alas do PT, PCdoB e PDT, entre outros partidos, empurraram a candidatura de Marcelo Castro (PMDB), mesmo sob uma chuva de críticas à esquerda, para evitar que Eduardo Cunha (PMDB) emplacasse um aliado no comando da Câmara.

A estratégia não deu certo mas, para a deputada, a eleição nao foi de todo ruim. “O ruim não é enfraquecer Cunha e o centrão. O ruim é fortalecer o PSDB e o DEM [que patrocinaram a eleição de Maia]. Mas essa é a cara da maioria da Câmara hoje. Não vejo como poderia ser diferente. Mesmo que unisse a esquerda inteira, não teria chances de vitória.”

Cassação de Cunha

Jandira Feghali disse que o esperado é que os trabalhos da Câmara sejam “desacelerados” no segundo semestre, em função das Olimpíadas e, princialmente, das eleições. Os “recessos brancos” – semanas em que a Casa fica mais vazia porque os deputados estão em suas bases eleitorais – podem favorecer o ex-presidente Eduardo Cunha.

Eleito novo comandante da Casa, Rodrigo Maia (DEM) fez um aceno a Cunha: disse que não vai marcar a data da sessão que deve cassar o mandato do parlamentar, e que pretende convocar a votação apenas quando a Câmara tiver quorum de cerca de 500 deputados. Isso, segundo ele, para dar “legitimidade” ao processo.

Cunha trabalha justamente com a intenção de esvaziar as sessões da Câmara, na tentativa de negociar sua salvação. O deputado é réu em duas ações na Lava Jato e precisa manter o foro privilegiado para ser julgado na segunda turma do Supremo Tribunal Federal.

Para Jandira, contudo, será muito difícil Maia empurrar a cassação de Cunha para depois da eleição. Ela disse que quando a Casa retornar do recesso que começa esta semana, essa demanda será cobrada. “Vamos pedir que ele coloque [a cassação] para votar no início de agosto.”

Eleição da Câmara

Jandira convocou a imprensa, na tarde desta quinta (14), para explicar fazer um balanço dos trabalhos da minoria na Câmara e falar sobre seu posicionamento diante da eleição de Rodrigo Maia.

Ela afirmou ter anulado o voto quando a disputa caminhou para o segundo turno entre Maia e Rogério Rosso (PSD), candidato favorito de Cunha e representante do “centrão”.

A deputada foi questionada sobre o fato de Maia ter dito que sua candidatura nasceu de uma reunião entre Orlando Silva (PCdoB) e Carlos Sampaio (PSDB), há cerca de 40 dias. O PCdoB ter lançado Orlando à presidência da Câmara, de último hora, também levandou dúvidas sobre uma manobra para dividir ainda mais a esquerda.

“Essa negociação direta de Orlando com Rodrigo foi uma surpresa. O partido não deu anuência, acho que isso partiu dele sozinho”, comentou Jandira. Ela também negou que o partido tenha fechado acordo com Maia para frear a já arquivada CPI da UNE.

Contra Temer

Jandira Feghali listou uma série de projetos “gravíssimos” que serão ou já foram apresentados pelo governo do interino Michel Temer. O principal, segundo ela, é a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do teto dos gastos públicos, que abrirá portas para a privatização de estatais e serviços públicos.

Segundo ela, Rodrigo Maia é muito mais alinhado com Temer “do ponto de vista ideológico” do que qualquer outro candidato, e certamente colocará em votação os projetos de interesse do interino.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

5 Comentários

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  1. Resistência sim, luta não

    Dilma foi forjada na resistência, corretíssimo. Infelizmente não tem vocação para a luta, e são coisas bem diferentes. Dilma é imobilizada, inerte diante de um confronto. Fugiu das panelas, vai fugir das Olimpíadas, não gosta de combater, prefere seu bunker. Os outros lutam por ela.

  2. Sinceramente estou animado

    Sinceramente estou animado também,diante deste quadro caótico da economia com os aumentos

    absurdos do feijão e leite e a falta de credibilidade dos golpistas cheios de denúncias nas costas,

    acredito que argumentos não faltam para que ela volte e só encaixá-los corretamente no discurso!!

    VAALEEU DILMAA,TE ADMIRO,  “DOBRA” MAS “NÃO QUEBRA”(se fosse eu como homem,já era! acho!)

  3. Eleições

    O Golpe sendo efetivado, será que teremos eleições municipais este ano?

    O Haddad deveria desistir da sua candidatura à reeleição à prefeitura de São Paulo. O PT e o PCdo B deveriam apoiar a Erundina. O PT deve isso a ela. A esquerda se une e o Haddad será o candidato ao governo do estado daqui a dois anos.

    O PT tem que aprender a aglutinar a esquerda. É a linha de frente e por isso mesmo tem a obrigação de ampliar os seus horizontes.

  4. A Dilma já era. E as eleições

    A Dilma já era. E as eleições de 2018 também.

    Preparemo-mos para o pacote de maldades após efetivação do usurpador/traidor/ golpista/ladrão/chifrudo.

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