Dilma precisa acabar com conflito na área econômica e ajustar a Casa Civil

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Com a notícia da perda do grau de investimento do Brasil na avaliação da Standard & Poor’s, dois movimentos devem ser iniciados no sentido de pressionar a presidente Dilma Rousseff (PT) a fazer mudanças rápidas no governo: o primeiro, de encerrar a “dubiedade” na equipe econômica, criando sintonia entre as Pastas de Planejamento, Fazenda e Casa Civil; segundo, resolver justamente a questão Aloísio Mercadante. Na visão de setores do PT e PMDB, escreveu o colunista Kennedy Alencar, Mercadante trabalha para reduzir o poder de influência do ministro Joaquim Levy e do vice-presidente Michel Temer. E isso só agrava a crise que Dilma enfrenta.

PMDB e setores do PT querem derrubar Mercadante

Por Kennedy Alencar

A perda do grau de investimento na avaliação da Standard & Poor’s deverá ter, pelo menos, dois efeitos políticos importantes.

O primeiro é transformar Aloizio Mercadante no principal alvo do PMDB e de setores do PT, que vão pressionar a presidente Dilma Rousseff a tirá-lo da Casa Civil na reforma ministerial e administrativa.

O segundo: pressionar Dilma a encerrar a dubiedade na equipe econômica, reforçando a posição do ministro Joaquim Levy em detrimento da visão de Mercadante (Casa Civil) e Nelson Barbosa (Planejamento).

Peemedebistas e petistas apontam Mercadante como o responsável pela tentativa de tirar poder do vice-presidente, Michel Temer, e como o principal adversário de Levy, influenciando a presidente a fraquejar na defesa do ministro da Fazenda.

Inúmeras vezes, o ex-presidente Lula aconselhou Dilma a substituir Mercadante por Jaques Wagner, hoje ministro da Defesa. O argumento de Lula é que Mercadante e Dilma são dois economistas que pensam parecido. Seria necessário na Casa Civil alguém distinto da presidente, como Dilma era diferente de Lula. A presidente tem audiência marcada hoje com Mercadante, que virou o ministro mais próximo dela. Os dois estabeleceram uma forte relação de confiança.

Mas o cenário político e econômico mudou. O conselho de Lula ganhará reforço político do PMDB e de setores do PT numa hora de maior enfraquecimento do governo.

Em julho, quando Dilma reduziu a meta de superavit primário de 2015 para 0,15%, ela derrotou Levy no debate interno do governo e deu a vitória a Mercadante e Barbosa.

Em agosto, a presidente obteve um pequeno fôlego após manifestações menores do que em março, apoio de empresários de peso e da denúncia ao Supremo Tribunal Federal contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Mas Dilma e Mercadante jogaram para tentar tirar poder de Temer. O envio do orçamento de 2016 com deficit de R$ 30 bilhões foi outra derrota de Levy e vitória de Mercadante e Barbosa.

É incrível que o governo tenha sido surpreendido pela perda do grau de investimento e que Barbosa tenha admitido isso ontem. Levy alertou o governo diversas vezes. Deu um aviso especial na semana passada. Mas Dilma acreditou que tinha tempo ainda para manter o grau de investimento, o que revela o tamanho da cegueira política e econômica do atual governo.

É fato que integrantes do mercado financeiro também avaliavam que o rebaixamento não aconteceria agora, mas Levy insistia em mostrar a Dilma o risco de isso acontecer. Isso é outro fato.

Agora, o único caminho que restou à presidente é misturar corte de gastos com aumento de tributos. Não será fácil, mas já deveria ter tentado fazer  isso com mais competência, sem açodamento.

O Congresso também terá de assumir sua cota de responsabilidade, porque andou votando projetos da chamada “pauta-bomba” e tem a sua parcela de culpa pela deterioração da política fiscal do país. Mas a responsabilidade maior é do governo Dilma, cujos erros econômicos levaram o país à crise em que se encontra hoje. A oposição também precisa ajudar, não tocando fogo no país que pode vir a administrar.

É hora de responsabilidade de todo o meio político, mas são urgentes atos concretos da presidente para encerrar a dubiedade na equipe econômica e realizar uma reforma ministerial e administrativa a fim de tentar um novo recomeço.

O governo subiu no telhado. Se Dilma continuar errando tanto, corre o risco de cair por um impeachment baseado em razões políticas, ainda que falte um motivo jurídico. A realidade é essa.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

11 Comentários

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  1. “Ou o Brasil acaba com a

    “”Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil”, dizia na década de 40 uma campanha do Ministério da Agricultura.”

  2. O maior feito de Mercadante

    O maior feito de Mercadante foi quase estragar a eleição de Lula, com o episódio dos Aloprados. Agora se Dilma não trocá-lo, é sinal de quer praticar harakiri político-econômico = de um lado, Mercadante tá encrencado com caixa 2 e por outro todos os seus conselhos econômicos se mostraram errado. E ainda tem Lula pedido todo santo dia pra Dilma tirar Mercadante da Casa Civil e pô-lo no ministério da pesca (rs). 

  3. Se de 1994 a 2015 o brasil

    Se de 1994 a 2015 o brasil ficou apenas sete anos com grau de investimento, que falta fará esta porcaria?

    O que temos de fazer é para de pagar juros estratosféricos, cobrar imposto de sonegadores, taxar fortunas, herança, dividendos, ganhos financeiros, etc. ou seja, taxar quem vive de papéis e não produz um único parafuso.

    Hoje vi um FDP  de um “especialista” falando em cortar no MInha Casa Minha Vida na Globo. Mas, o mesmo FDP não falou nada sobre os juros pornográficos.

    Só por isto percebe-se o caráter da GLOBO e do referido FDP.

     

  4. O problema na DEFESA

    Podemos deduzir que o “problema do Decreto na Defesa”, deve-se ao Mercadante 😉 

    Estava achando estranho p tal decreto para desagradar aos Militares, justamente no “indicado Jacques”

  5. Pelamordedeus!
    Ficar

    Pelamordedeus!

    Ficar repercutindo essas fofoquinhas que se recusam a dizer qualquer coisa que não seja fofoca que justifica “tioria” mesquinha e deformação ideológica?!

    O que quer dizer “influência”?

    É evidente que tudo gira em torno do loteamento dos ministérios e da entrega do orçamento. A articulação com o Congresso, qual é? Vai um dia o Levy no Congresso, fala lá o que tem que falar na audiência e, depois daquelas conversinhas de bastidores volta: “fulano quer o cargo tal, sicrano quer o tal outro… Só aprova se for assim”

    Noutro dia vai o Temer, e volta: “beltrano quer x e y e deltano quer z… Só aprova se for assim”

    Vai o Mercadante… e não consegue falar com ninguém; todos berram na orelha dele querendo x, y, z e que o PT não pode quere tudo…(Deu até pena de vê-lo na reunião com os Giovernadores sozinho, isolado, diante da cadeira olhando pra mesa aguardando o momento de todos se sentarem enquanto todos se cuprimentavam uns com os outros aos sorrisos, apertos de mãos e tapinhas…)

    Resumindo: a Dilma nã nomeia ninguém e ainda contingencia Orçamento. Nessa época do ano já era pra estarem sendo liberadas as emendas parlamentares de vários fundos dos Ministérios. Muitas em forma de convênios com prefeituras, etc.

    Nada. Dilma exige a solução fiscal que era pra ser resolvida lá no primeiro trimestre, mas a bancada de achacadores com a ajuda da oposição e imprensa entreguista e golpista estão “ensebando”.

    E assim esse jogo de impaciência vai…

    Por que, meu deus, depois de 30 anos de governos civis ainda há tanta desconversa sobre isso. Ficam falando em “articulação política”, “projeto de país”…

    Esses setoristas estão em Brasília mesmo? Acham que perdem ou ganham “credibilidade” revelando ou não o “código da cavalaria”, é? Ou é o velho joguinho publica-censura? Quando querem a tacar os achacadores e o governofalam e balcão de negócios. Quando querem cooptar os achacadores falam em “articulação política”…

    Esse joguinho é manjado. Fico triste em ver o GGN cair nessa e repercutir Kennedy Alencar. Daqui a pouco vão repercutir Cristiana Lobo, Dora Kramer, Roseann Kennedy…

    1. Acorda de seu sonho e tente ver a realidade!

      Você acha que o Mercadante é bonzinho? Embrulha numa fralda e leva pra casa, ou então pare de sonhar sonhos de princeza

      1. Pffff!

        Tá ferrado!

        Onde que está escrito que Mercadante é “bonzinho”, seu estúpido!? O que está dito com todas as letras é diametralmente o oposto: que esse besta é um zero à esquerda (ou muitos zeros ou muita esquerda, é só escolher). Não tem nada a ver com “disputa por influência”; querem a cabeça dele como troféu mas a Dilma não quer entregar por lealdade. Ele não apita mais nada!

        Mas.. Já sei: és do tipo que não aceita nem resultado de eleições, logo não vai entender sequer palavras! Que dirá qualquer outra coisa como, por exemplo, a campanha que esse “analista” de política, o tal Kennedy Alencar, faz pra oposição.

        Portanto: passa!

        Mais uma vez: passa!

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