Pouco importa se Bolsonaro falou ou só ouviu. Ter presenciado a conspiração é o bastante, diz criminalista

Golpe está cada vez mais documentado. E as evidências apontam diretamente para Bolsonaro e Torres, diz Bruno Salles

Agência Senado

O advogado criminalista Bruno Salles fez, em seu Twitter, considerações sobre as revelações do senador Marcos do Val e a participação de Jair Bolsonaro em tentativa de golpe de Estado.

Mesmo com o recuo do senador, que Bolsonaro está encrencado, pois há farta documentação sobre sua participação em atos antidemocráticos.

Segundo o senador, Bolsonaro presenciou a reunião onde Daniel Silveira teria pedido a Do Val para grampear o ministro Alexandre de Moraes. O intuito era obter alguma conversa constrangedora e usá-la para anular as eleições de 2022.

Após o escândalo vir à tona, o senador Flávio Bolsonaro confirmou a existência da reunião, mas disse que Bolsonaro ficou em silêncio.

Para o criminalista Bruno Salles, só o fato de Bolsonaro ter presenciado uma conspiração golpista sem reação, já é um fato comprometedor por si só.

Acompanhe o texto a seguir.

Faltam provas da participação do Bolsonaro em uma tentativa de golpe de estado?

por Bruno Salles

Segue esse fio:

Bolsonaro passa seu governo inteiro contestando, sem provas, a confiabilidade das urnas eletrônicas. Eles diz que ganhou no primeiro turno em 2018 (nunca apresentou nada nesse sentido).

Ele inventou a farsa do IP da PF da invasão do TSE. O IP existe, mas a invasão não ocorreu na parte de processamento das eleições, mas na área administrativa (caixas de e-mails e outros documentos).

No 7 de setembro de 2021 ele chamou as eleições de farsa. Disse que só sairia da Presidência preso ou morto. Xingou Alexandre de Moraes de canalha e insuflou o desrespeito às decisões do STF.

Em novembro do ano passado ele perde as eleições. Fanáticos tentam fechar estradas com a leniência da PRF, órgão executivo sob comando do Min. Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres. A normalização só vem após decisão do STF.

Fanáticos bolsonaristas passam a acampar na frente de quartéis pedindo uma intervenção militar, ou seja, golpe de estado. Todos ali conspiravam por um crime contra o estado democrático de direito. Bolsonaro, como chefe do executivo, nada faz.

Bolsonaro leva dias para se manifestar e quando se manifesta não reconhece o resultado das eleições, mas apenas pede calma a seus eleitores fanatizados.

No dia da diplomação de Lula, terroristas criam um caos em Brasília, colocando fogo em carros e bloqueando vias. É uma ação claramente orquestrada.

A minuta que é encontrada na casa de Anderson Torres tenta anular, justamente, a diplomação de Lula. Trata-se de um texto tosco, medíocre, mas alinhado com os fatos que vimos.

Bolsonaro deixa o Brasil antes do final de seu Governo. Lula toma posse, mas uma semana depois, ocorre a invasão da esplanada dos ministérios, o dia da infâmia.

Todos os elementos colhidos apontam para ações comissivas e omissivas de Anderson Torres, como Secretário do DF, que permitiram as invasões. Diminuição do contingente de segurança, ausência de bloqueios, desmonte de equipe.

Anderson Torres viaja para os EUA antes da invasão. No sábado anterior ao dia da infâmia, ele se encontra com Bolsonaro na Flórida.

O Senador Marcos do Val diz em entrevista que foi convidado a participar de uma conspiração que tinha o objetivo de questionar o resultado das eleições. Para isso precisavam de um estopim e por isso Bolsonaro e Daniel Silveira o procuraram.

Do Val retrocede hoje e diz que Bolsonaro só ouviu e não disse nada. Mas ainda assim, o que ele ouviu foi o troglodita pedindo ao Senador que gravasse Alexandre de Moraes, para comprometer o resultado das eleições.

Aqui pouco importa se falou ou só ouviu. O simples fato de presenciar uma conspiração para um golpe de Estado e nada fazer, já é comprometedor o bastante.

Em síntese, que houve uma tentativa de golpe no Brasil, isso já estamos carecas de saber. A questão é que esse golpe está cada vez mais documentado e evidenciado. E as evidências apontam diretamente para Bolsonaro e Anderson Torres.

https://twitter.com/brsalles/status/1621241909795586048
Redação

2 Comentários

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  1. Ao silenciar sobre a proposta indecente do $ilveira, (o Bolsonaro) se tornou seu cúmplice. Com tantas ilegalidades, será que esse sujeito vai morrer na impunidade?

  2. Quem prometeu manter, defender e cumprir a Constituição deveria se omitir ao presenciar maquinações feitas nas sombras para acabar com o estado democrático de direito? Só se for no Bananistão

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