Me diga Vale, quanto vale a vida de alguém?

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Foto: Isis Medeiros.

do MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens

Me diga Vale, quanto vale a vida de alguém?

Ao propor a “doação” no valor de R$ 100 mil aos familiares das vítimas do massacre em Brumadinho, a mineradora Vale atua na tentativa de precificar vidas. A empresa, tem a sistemática prática de achar que o dinheiro sujo de sangue compra tudo. Enquanto o presidente da Vale recebe um salário de 1.587.280 reais por mês, ou seja, mais de um milhão e meio, a empresa tem a crueldade de tentar quantificar os impactos com base no seu interesse de lucratividade, e ainda falar em “doação”. 

A Vale não está fazendo nenhum favor ao destinar recursos para atender as vítimas. É uma obrigação e um direito das famílias. Iniciativas como esta revelam as práticas criminosas com que a empresa tem sido acostumada a agir, muitas vezes protegidas por representantes do Estado, tal é o caso de Mariana, onde tentou e ainda tenta controlar todas as iniciativas de reparação no entuito de gastar menos e manter seus lucros, mesmo em cima das vítimas da tragédia.

O judiciário também tem sua parcela de responsabilidade. O fato de deixar em liberdade os diretores e os acionistas da Vale responsáveis pelo acontecimento é uma clara autorização para que a empresa siga determinando o que deva ser feito. A impunidade no crime da Vale em Mariana, já começa se repetir no caso de Brumadinho.

Porém, o MAB defende que as famílias dos mortos e desaparecidos recebam sim os R$100 mil reais como medida de reorganização emergencial de suas vidas, isso é um direito das famílias e deve ser garantido. Mas não é isso que resolverá a perda e a dor das famílias, nem resolverá a imagem da Vale suja de sangue, muito menos garantirá uma reparação justa e plena às famílias atingidas. Ao mesmo tempo, estamos atentos para que isto não seja abatido das indenizações e sobretudo das ações de reparação e reconstrução da vida das famílias e comunidades atingidas.

Sabemos que o modelo de privatização se apropria de toda matéria e coloca o  lucro acima de tudo. Mas vidas não se compram.

O MAB está na região de Brumadinho (MG) desde o rompimento da Barragem Mina Córrego de Feijão acompanhando e ajudando as famílias atingidas na luta em defesa da vida e pelos seus direitos.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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