O pacto entre Janot e o governo Temer

 

Avança a estratégia do Procurador Geral da República (PGR) Rodrigo Janot de garantir a blindagem do PSDB, mesmo na hipótese de não ser reconduzido ao cargo.

Segundo matéria do jornal Valor Econômico, o governo Temer já aceita, como favorito à sucessão de Janot, o subprocurador José Bonifácio Borges de Andrada, estreitamente ligado ao senador Aécio Neves, e indicado vice procurador de Janot, após a saída de Ella Wiecko.

Ex-Advogado Geral da União do governo Fernando Henrique Cardoso, e Advogado Geral do estado de Minas na gestão Aécio Neves, Andrada mantém não apenas as ligações partidárias, como tem um posicionamento francamente conservador em temas ligados aos direitos humanos.

Com sua indicação futura, e com a indicação de Alexandre Moraes para o STF (Supremo Tribunal Federal), consolida-se a primeira rodada de cerco à Lava Jato, em relação aos alvos tucanos.

Daqui até setembro, quando encerra seu mandato, Janot se preocupará com sua estratégia de fortalecimento do PSDB junto ao governo Temer, empurrando com a barriga as denúncias contra o partido e investindo pontualmente contra a banda pemedebista.

do Valor

Sucessor de Janot pode ser procurador ligado a PSDB
 
Por Maíra Magro
 
Depois de emplacar a indicação de Alexandre de Moraes para o Supremo Tribunal Federal (STF), o PSDB pode ter um nome à frente a Procuradoria-Geral da República (PGR). Comenta-se nos bastidores do Palácio do Planalto que José Bonifácio Borges de Andrada, atual vice de Rodrigo Janot, seria a escolha preferida do governo para suceder o comando do Ministério Público.
 
O mandato de Janot termina em setembro. Embora ele tenha insinuado que pode concorrer a uma segunda recondução, colegas consideram a hipótese remota. Desde o fim da era de Geraldo Brindeiro, que chefiou o MP por quatro períodos consecutivos, a tradição é que cada procurador-geral seja reconduzido uma única vez ao mandato de dois anos. E com dezenas de políticos citados e investigados na Operação Lava-Jato, Janot não conta com a simpatia do governo e muito menos do Congresso para ser reconduzido mais uma vez. Mas se ele disser que vai “separar o joio do trigo”, o governo pode considerar sua recondução.
 
Se o procurador-geral ficar fora da disputa, o candidato que merecer seu apoio ganhará peso para entrar na lista tríplice nas eleições da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). Desde 2003, o primeiro nome da lista é nomeado pelo presidente da República. Mas não há obrigação legal para isso. Com o cenário político conturbado, o presidente Michel Temer poderia indicar o segundo ou terceiro colocados, ou mesmo alguém fora da lista.
 
Janot escolheu Andrada como vice em setembro, quando Ela Wiecko deixou o posto após a divulgação de um vídeo em que protestava contra o “golpe” de Temer. A opção de Janot pelo nome de Andrada foi interpretada como tentativa de manter uma ponte com o meio político. Movimentos internos também sinalizam o bom relacionamento entre os dois. Andrada compôs com Janot recentemente em votações importantes no Conselho Superior do MP, como a que autorizou a convocação de procuradores de instâncias inferiores para atuarem no auxílio direto ao PGR.
 
Apesar da aproximação com Andrada, o nome mais natural para o apoio de Janot seria o do vice-procurador geral eleitoral, Nicolao Dino, integrante de seu grupo pessoal e político mais próximo. Dino compõe a equipe de Janot desde seu primeiro mandato, quando era secretário de Relações Institucionais da PGR. O atual vice eleitoral já se colocou como pré-candidato à lista tríplice da ANPR. Mas seu nome é visto com reservas pelo governo pelo fato de ele ser irmão do governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB, inimigo político da família Sarney – embora o procurador não tenha atuação político-partidária, segundo colegas.
 
Andrada, por sua vez, tem vínculo de berço com o PSDB. Foi advogado-geral da União no governo Fernando Henrique Cardoso, em 2002, e advogado-geral do Estado de Minas Gerais de 2003 a 2010, quando o senador Aécio Neves (PSDB) era governador. É filho do deputado federal Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), um dos parlamentares mais antigos na história da Câmara, onde ocupa uma cadeira desde 1979. Nasceu no Rio de Janeiro mas, assim como Janot, estudou Direito em Minas Gerais.
 
Andrada tem bom trânsito com políticos de outros partidos, com o grupo de subprocuradores-gerais e também no Supremo Tribunal Federal, inclusive com o ministro Gilmar Mendes. Também vem sendo citado como um dos cotados para o Ministério da Justiça.
 
Até agora, Andrada não se posicionou como concorrente à sucessão de Janot. Mas as candidaturas só serão formalmente lançadas em maio. No dia 10 de fevereiro, seis pré-candidatos compareceram à ANPR para discutir o calendário das eleições: Carlos Frederico dos Santos, Ela Wiecko, Mario Bonsaglia, Nicolao Dino, Raquel Dodge e Sandra Cureau. A reunião definiu que a votação e divulgação da lista tríplice será no fim de junho.
 
Entre os seis, Mario Bonsaglia é um dos favoritos da categoria. Em 2015 foi o segundo colocado na lista tríplice, atrás de Janot. No ano seguinte, foi o mais votado nas eleições internas para o Conselho Superior do Ministério Público. Integrou o Conselho Nacional do MP e coordenou a câmara de controle externo da atividade policial.
 
Outra candidata forte é Raquel Dodge, terceiro nome da lista tríplice em 2015. É reconhecida por sua atuação nas áreas criminal e de direitos humanos. Coordenou a câmara responsável por supervisionar o exercício dos membros do MPF na área criminal e integra o Conselho Superior do MP.
 
Ela Wiecko já integrou seis vezes a lista tríplice, desde 2001. Lidera uma corrente crítica a um MP com foco sobretudo na área penal, em detrimento da garantia dos direitos humanos. Atuou como vice de Janot de 2013 a 2016 e exerceu diversos cargos internamente.
 
Nicolao Dino representa o MP no Tribunal Superior Eleitoral. Esteve à frente da Câmara de Combate à Corrupção, que coordenou a campanha “10 Medidas de Combate à Corrupção”. É o único dos atuais pré-candidatos que nunca concorreu ao cargo de PGR.
 
Sandra Cureau exerceu dois mandatos como vice-procuradora-geral eleitoral, quando incomodou o PT ao propor a aplicação de diversas multas por propaganda eleitoral antecipada. Carlos Frederico dos Santos se apresentou nas eleições de 2015 como principal opositor a Janot, quando criticou o uso de “efeitos midiáticos” na condução da Lava-Jato. (Colaborou Raymundo Costa)
 
Luis Nassif

18 Comentários

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  1. Ai, ai… É até

    Ai, ai… É até cansativo.

    Mas o que impressiona mesmo é notar que ainda há quem nutra aquela “esperançazinha” – cada vez mais velada, claro – de que se trata de uma operação jurídica, de combate à corrupção, e não uma operação política vulgar, de perseguição a adversários politicos e ideológicos, e de chantagem como meio de impor uma agenda política derrotada quatro vezes nas eleições.

    Até no nninho golppista estão se bicando. Aquele Reinaldo Azevedo, um dos principais propagandistas ddo antipetismo boçal, já jogou `´as favas os escrupulos: xingou uma outra reacionálria da jovem pan – já tinha se arranhado com o olavo de carvalho – e acusou de favorecer o “retorno da esquerda” ao insistir em dar apoio nas ruas à lava jato…

    E anda há quem duvide que isso era roteiro montado lá em 2012, fiicando explícito em 2014.

  2. Do jeito que as coisas andam…

    Rapaz! Não se trata somente de “empoderamento” da direita. Mas da direita mais reacionária e anacrônica que pensávamos estar acabada! Aonde vamos parar?

    Ante todo esse retrocesso que está havendo, daqui a pouco vão proibir o biquini, a caipirinha e o cigarrinho de palha.

    Aí o negócio vai ser mudar pro Uruguai.

    By by Brazil!

     

  3. a máxima: bravos permanecem

    a máxima: bravos permanecem ao lado dos justos, aos covardes retam os canalhas.

    o lado bom é q o golpe explanou e ninguem mais quer estar na foto do lado de golpista.

    não vai levar 21 anos de novo.

  4. O plano do psdb é que o pmdb

    O plano do psdb é que o pmdb do Temer faça a maldade que os tucanos sonham que seja feita com o andar de baixo – reforma da previdência e trabalhista, as principais – e que em 18 eles sejam conduzidos pelo voto do povo de volta pra brasilia. Só que esse roteiro dos sonhos foi implodido com a última pesquisa em que o Santo e Mineirinho perdem não pra Lula, mas pra Bolsonaro. Portanto, os tucanos agora devem estar pensando um jeito de que eles cheguem ao poder sem ser pelo voto popular. O PSDB está seguindo o roteiro do Corvo Lacerda = por 10 anos, entre 54 e 64, fez de tudo pra desestabilizar o país pois achava que os militares o apoiariam pra ser presidente. Após o golpe, Lacerda estava encabeçando a lista do tirados da vida pública. Se ferrou, mas levou o país junto, o jogando em 21 anos de ditadura. E no caso dos tucanos, eles podem estar pavimentando o caminho pra Bolsonoro. Creio que o maior erro é acharmos que esse fdp é um Eneas 2.0. Olhe só os EUA, olhe só o que pode acontecer com a França com a Le Pen. E não tenho dúvida = num segundo turno Bolsonaro e Lula, a Globo é Bolsonaro desde criança. 

  5. O PT (Lula e Dilma) errou

    O PT (Lula e Dilma) errou muito em ter aberto mão do seu direito de indicar o PGR de acordo com suas simpatias, com seus objetivos, deixaram os inimigos tomarem conta fazendo e acontecendo contra eles mesmos. Luís Fernando, Gurgel, e Janot… inimigos que foram conduzidos ao poder pelos próprios algozes. Esses senhores nunca estiveram empenhados em combater a corrupção. Republicanismo idiota.

    Se Lula voltar cometerá os mesmos erros?

    1. Ana, o distinto cavalheiro

      Ana, o distinto cavalheiro corrobora plenamente a tese do falecido Lombroso. Nesse caso, quem vê cara vê coração e o diabo a quatro ….

  6. Alô, Clube Militar! Quem é

    Alô, Clube Militar! Quem é mesmo que aparelha o estado?

    O passado de  matérias “olavescas” (PT é o diabo na face da terra) das antigas revistinhas mensais para os sócios de seu clube lhes condenam.

  7. Ligado ao Áecio?

    Ligado ao Áecio? Hummmm…

    Por falar nisso, como andam os “lobos solitários” do helicoca e do recente avião com cocaína lá nas gerais? Afinal, seus pilotos fizeram tudo sozinhos – plano de vôo, encomenda, venda aos interessados, etc.

  8.  
    Bonifácio é suspeito de dar

     

    Bonifácio é suspeito de dar um parecer irregular que beneficiou uma entidade quando ele era consultor jurídico do Ministério da Previdência, em 1998. A apuração interna viu o convênio, de R$ 7,2 milhões (R$ 23 milhões atualizados), como forma de driblar uma licitação para contratar empresas de informática.

    De acordo com a ação, Bonifácio se beneficiou do cargo que ocupou ao conseguir a prescrição do processo disciplinar. Para a AGU, o prazo para prescrição tem de ser calculado de maneira diferente da estabelecida pelo STJ. Além disso, no período usado pelo Tribunal para considerar a prescrição, Bonifácio chegou a ser o próprio chefe da AGU e não abriu sindicância contra ele mesmo. “Competia ao réu determinar a instauração do procedimento disciplinar, e mesmo assim manteve-se silente! Como pode ele postular a prescrição e se ver beneficiado pela própria torpeza?”, diz a ação. Nas palavras da AGU, a ordem do STJ para trancar a investigação é “teratológica” (absurda). (Época).

  9. No Brasil os Andrada podem até não governar. Mas, reinam.

    Pelo menos desde os anos 1700 algum Andrada tem sua cota de mando no Brasil, como todo mundo sabe. Este Andrada de agora é descendente direto de Martim Francisco Ribeiro de Andrada, irmão do denominado Patriarca  da Independência  José Bonifácio de Andrada e Silva que nasceu em 1763, como conta a Wikipedia:

     

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Bonif%C3%A1cio_de_Andrada_e_Silva

     

  10. Esse é o Brasil

    É impossível uma operação tão grande como a lava-jato não ter atingido políticos poderosos do PSDB. A não ser que haja interesse dos responsáveis pela investigação.

    E no meio de tanta corrupção quem paga o preço é o servidor público, que estudou durante anos para passar em concurso público para depois não ter nem a garantia de salário.

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