Temer articula para evitar ‘efeito Odebrecht’ na queda de seu governo

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Por outro lado, a Lava Jato aproveita o momento para criminalizar projeto de lei que impedirá abusos e polêmicas das investigações
 
 
Jornal GGN – O desgaste causado com as denúncias das primeiras delações da Odebrecht mexeu com a base do governo de Michel Temer, que tem seu nome e o de seus principais assessores políticos na mira das acusações. O efeito causou dupla reação: de um lado, a base busca estratégias para evitar dentro do Congresso a derrubada do governo; de outro, Temer tenta manter unidos os partidos aliados.
 
Informações da coluna de Monica Bergamo apresentam que os procuradores da Operação Lava Jato consideram o presidente Michel Temer, hoje, um dos principais adversários dos investigadores. 
 
Nesse cenário, ao mesmo tempo em que a força-tarefa teme tentativas do Congresso que impeçam o avanço das investigações, como as manobras do projeto das 10 Medidas aprovadas na Câmara, seguem estrategicamente na campanha contra outras propostas do Legislativo que evitem os reais abusos cometidos pela Lava Jato, como a Lei de Abuso de Autoridade.
 
Como o GGN mostrou, o Projeto de Lei 280 que tramita no Senado difere das medidas aprovadas na Câmara que tentam cercear a atuação de juizes, procuradores e investigadores. No caso do Senado, a Lei do Abuso afetaria diretamente práticas polêmicas cometidas por Sérgio Moro, como as prisões preventivas sem justa causa.
 
Ao longo das investigações, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Regional Federal da 4ª Região já corrigiram, pelo menos, 20 erros cometidos por Sérgio Moro no âmbito da Lava Jato, revogando prisões consideradas ilegais pelos tribunais superiores. Se aprovada a Lei de Abuso, Moro poderia ser punido por tais medidas que não garantem o real direito de ampla defesa de investigados. 
 
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Por outro lado, os investigadores se veem ameaçados por tais medidas legislativas. É nesse sentido que iniciaram campanha massiva contra os projetos, tanto o da Câmara, já amplamente questionado por diversos juristas, quanto o do Senado. Não à toa, a manifestação a favor da Lava Jato, realizada no dia 4 de dezembro, contou com boa parte das bandeiras contra o projeto dos senadores.
 
Mas a disseminação dessas informações e a proposital mescla e confusão de ambos projetos conta com o apoio da imprensa. A coluna de Monica Bergamo trouxe voz a este caso, nesta terça-feira (13). 
 
“Eles [procuradores da Lava Jato] consideram que todas as iniciativas do Congresso Nacional que visariam cercear o trabalho do MP –como a lei de abuso de autoridade – têm o dedo do governo Temer por trás. Sem esse apoio, acreditam, os parlamentares nada fariam”, informa o jornal.
 
E vai além: “Na opinião de interlocutor dos procuradores, o que eles puderem fazer para “derreter” o governo, será feito”.
 
Por outro lado, é notória a tentativa do governo Temer de tentar atuar, seja pelo Congresso ou pelo Executivo, para abafar os avanços e impactos da Lava Jato sobre a sua cúpula e estrutura de governo.
 
Nesse sentido, a atuação não só se daria por projetos e medidas legislativas, como também Temer tenta evitar uma debandada de partidos que se aliaram a seu governo, como o PSDB, diante do risco de sua queda favorecer o comando da Presidência nas mãos de tucanos.
 
Nesta segunda (12), Temer se reuniu com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente da sigla, e o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes (SP). Um dia antes, o presidente já tinha se encontrado com o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA).
 
A bandeira levantada pelo peemedebista é que definirá um nome do partido, principal aliado desde que Temer formou seu governo, para a estratégica Secretaria de Governo. Potencialmente será Imbassahy este nome. Temer adiantou que, antes de oficializar a decisão, quer dialogar com os outros partidos do centrão (PP, PSD, PR e PTB) sobre a escolha.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. A bela nem teve tempo de

    A bela nem teve tempo de desencaixotar a mudança e já deve estar encaixotando tudo de novo. A ordem de despejo é iminente. Resta saber se o “presidente” sairá pela porta da frente, como fez Dilma, a Presidenta legítima, ou se sairá pela mesma porta pela qual entrou: a dos fundos.

  2. Uma coisa precisa ficar bem

    Uma coisa precisa ficar bem clara.

    Não basta Michel Temer renunciar.

    Ele deve responder pelos crimes que cometeu.

    Após ser condenado ele deve morrer (ou ser morto) na prisão.

    Mas tudo o que ele e sua Maria Antonieta gastaram nos cartões corporativos deve ser devolvido ao Estado brasileiro.

  3. Se é verdade…..

    “Na opinião de interlocutor dos procuradores, o que eles puderem fazer para “derreter” o governo, será feito”.???????????????????

    Para min, é uma confissão de crime……Que se meta os tais procuradores em cana sem mais delongas….São conspiradores,golpistas e traidores……Nem precisa de “convicção”…De nomes Bergamota(um tipo de laranja…)Começa com D e acaba com gnol???Da um indicio pelo menos…..Usa oculos?Cara de bebe jonhson?

  4. PORQUE OS GOVERNOS NÃO GOSTAM DO COMÉRCIO E O DESTROPEM?

    O governo foi ao NE tirar juros e postergar dividas de produtores em até 4 anos de carência com concessão de novos empréstimos. O comercio foi destruído e nada se faz em seu favor, houve até cobrança de ICMS diferença por dentro, igual aqueles AGIOTAS que lhe empresta R$100,00 mas só lhe dá R$ 80,00. Em MG a diferença entre 18% do ICMS em relação aos outros Estados que cobram 12%, pasmem é 7,32% e não 6% num exercício matemático de fazer inveja a PITÁGORAS. Empresas de determinado setor estão mantendo hospitais e fincam sem receber a mais de ano além de pagar o impostos são acrescidos alem dos juros, multas de 20% se passar de um mês para o outro, os governos para se salvarem simplesmente estão fechando as empresas de comercio e a justiça nada, pois o dela chega todo mês para pagar salários acima do teto. A vergonha na cara sumiu, enquanto a imprensa se cuida para seus “pixulecos” oriundos da política as empresas somem e os empregos também. Ou fazemos uma campanha para salvar o comércio ou está modalidade se concentrará em um estado poderoso que comanda a internet e os empregos, aluguéis e outros simplesmente desaparecerão e vai ser o maior arraso que uma nação já sofreu.

  5. Polêmicas

    O mundo político de todas as cores hoje está em choque permanente com a justiça brasileira. O judiiciário nunca foi tão questionado em suas ações como atualmente. Muitos negam ou não reconhcem que a lama é generalizada e sem ideologias.Se esta orgia de corrupção  não estivsse sido escancarada , pouco ou quase nada haveria de pratexto para a queda de um governo. Este mesmo governo que, no desenrolar dos fatos , justa ou injustamente ficou moral e eticamente enfraquecido.A corrupção foi o ovo da serpente que gerou a operação policial que, segundo alguns , propiciou o golpe.Muitos, por motivos supostamente óbvios, negam esta tese.Corrupção é um câncer do tecido social que deveria ser combatido patrioticamente sem nenhum viés político partidário. Acredito que, infelizmente, nunca nos livraremos deste mal.Pelo menos nestes próximos 50 anos.

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