Deus e os milagres de R$ 1,99, por Daniel Gorte-Dalmoro

Deus e os milagres de R$ 1,99, por Daniel Gorte-Dalmoro

No mercado, passo um tempo diante do balcão refrigerado, hesitante entre as diferentes opções de massa fresca recheada, na esperança de uma delas não ser ruim como todas – logo mais terei outra decepção, o que atesta minha teimosia em achar que esse tipo de industrializado possa ser gostoso.

Enquanto leio rótulos e pondero sabores, ouço a conversa do segurança com uma funcionária – falam de uma terceira pessoa. Explica ele que “…foi um chamado de Jesus, que insistiu, porque realmente queria ela, e ainda bem que ela aceitou…”. A conversa vai por essa linha, o homem falando compenetrado dos desejos de Jesus, desnudados feito genitais de um filme pornô, à mulher que tem um olhar crédulo em meio à face aparvalhada. Não por menos: nestes tempos em que espíritos de porco fizeram com que pessoas sequer consigam saber o que desejam, o segurança do mercado fala com toda a propriedade não apenas dos desejos de deus, como dos sinais dados por Jesus – que dá pinta de ser uma histérica grave.

Minha vontade é falar para o homem cair na real e por em questão se ele é mesmo o psicanalista de Jesus, como se faz passar. Não me intrometo no assunto – que não me diz respeito enquanto ele não falar que “tem que matar” gays, vadias ou qualquer grupo que desperte nele desejos que não pode admitir – e sigo com minhas compras.

A farta oferta de basicamente mais do mesmo do supermercado me deixa em permanente dúvida, e antes de ir ao caixa, volto ao local das massas, decidido a trocar de sabor – talvez.

O homem segue com a pregação: “…e quando precisei, pedi pra Jesus, rezei e fui atendido…”. Olhei para ele, quase crédulo que Jesus devia ser o auxiliar de faxina, mas pela forma como segue sua história de milagre – algo não muito maior que uma unha encravada curada em quinze dias -, noto que é do cabeludo famoso que ele fala.

Com algum pesar, admito, percebo que deus segue sua decadência: quem um dia criou o mundo, a luz e as trevas, é agora ajudante de serviços gerais de um segurança de mercado de bairro. “É de bairro de rico!”, argumentarão alguns. Outros questionarão se tenho preconceito com profissões subalternas, o que nego veementemente, e se não falo do deus de Dallagnol e Bretas é porque gosto da exegese da Teologia da Libertação, e tenho certeza que esses engravatados não falam com deus, nem de deus – a Bíblia fala sempre dos falsos profetas, passagem que cristãos cheios da grana e de ódio sempre pulam, junto com algumas outras de menor importância, como a que fala em perdão, paz, amor, essas besteiras.

Enfim, volto para casa com a decepcionante (então ainda esperançosa) massa recheada e pensando que deus todo poderoso, agora voltado ao segmento de milagres de R$ 1,99, quem sabe “deus-parceiro” em algum aplicativo uber-god, uber-miracle da vida, se dedicasse a preparar massas recheadas prontas, talvez tornasse mais pessoas felizes – ou contentes, que seja.

20 de maio de 2018

Redação

6 Comentários

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  1. HOMEM BULE
     

    QUE, SEGUNDO “AS ESCRITURAS” É HOMEM DE POUCA FÉ.

    DALMORO, VOCÊ É UM NEÓFITO NESSAS QUESTÕES E, PORTANTO, UM FELIZARDO.

    O QUE SERIA DE VOCÊ SE FOSSE RODEADO DE PARENTES AMIGOS E VIZINHOS DESSE “NAIPE”?

    SE A SUA MÃE E SEU PAI TIVESSEM SE CASADO PORQUE UMA IRMÃ DA IGREJA  “PROFETIZOU” A INFELIZ UNIÃO?

    SABE DE NADA, INOCENTE!

    SOBREVIVENDO A UMA REALIDADE DESSAS OU VOCÊ MORRE CRENTE OU VIRA UM ATEU FELIZ.

     

     

     

     

  2. Volta e meia, aparecem
    Volta e meia, aparecem criaturas dizendo que “D-us falou com elx”. Sinceramente, dá vontade de rir quando escuto uma coisa dessas. Das três, uma:

    1. Ou a criatura está com muita, mas MUITA moral. Afinal, o *Criador do Universo* veio falar com elx. Quem fala uma barbaridade dessas, provavelmente, deve acredotar nisso.

    2. Pra quem acredita, pode ser um espírito galhofeiro dizendo que é D-us, pra se divertir às custas dx otárix.

    3. Pura e simplesmente, um delírio narcisista. Aí, é caso de Psiquiatria.

    Com tantos indivíduos que querem sentir-se especiais, e outros tantos desesperados por algum milagre, fica fácil para os “mercadores da fé”. Em troca de ofertas e votos, oferecem-se “milagres e contato com o Criador”.

    Deste modo, os “mercadores da fé” vão adquirindo fortuna e assentos no Congresso. E, agora, visam a tomar de assalto o Estado brasileiro, como um todo.

  3. Cada um com seu cada qual

    O pior foi o que ouvi certa vez de alguém que estava precisando de um tratamento caro de saude. Falei pra pessoa que ela deveria conversar com uma prima, que trabalha na Secretaria de Saude e que ela a ajudaria a fazer a papelada para o tratamento do câncer pelo SUS, que deveria passar por aviso médico. A reposta foi “Deus provera!” Bom, morreu. E nessa toada, enquanto o mundo continua muito ruim, ficam a espera de milagres que caiam em suas cabeças.

    1. Cada qual com seu cada um

      Janeiro/2018, praça Oswaldo Cruz, São Luís do Paraitinga. O Festival de Marchinhas no coreto Elpídio dos Santos está quase no final, já passa das 22 horas, muito consumo de cerveja na noite quente e agradável do principado. Uma senhora passa pelas lixeiras com um saco grande recolhendo latas vazias para reciclagem, usa uma saia comprida até os tornozelos, os cabelos muito longos enrolados num coque, uma camiseta com alguma mensagem bíblica. Sentado no banco, quando ela se aproxima entrego minha lata e peço para ela tomar cuidado para não se cortar com garrafas long neck quebradas nas lixeiras, sequer usa luva. Responde confiante e resoluta: “Nada pode me acontecer, porque tenho Jesus no coração, estou protegida.” E citou uma passagem da bíblia. 

  4. Os complexos da classe média

    Um cidadão num “supermercado de bairro de ricos” (segundo seus próprios termos), indeciso sobre qual massa recheada comprar, perdido entre opções “na esperança” de que não fossem ruins como as outras: também ostentaria “um olhar crédulo em meio [sic] à face aparvalhada” (ainda em seus termos), enquanto dividia sua preciosa atenção entre massas de trigo (seriam sem glúten?) e “problematizações existenciais” (expressão de que me aproprio, comum ao modismo linguístico-ideológico) de exemplares da massa de barro, que serviam nas funções de “funcionária” (estaria uniformizada? afinal, de onde teria tirado que não era cliente do supermercado?) e “segurança”?

    Por essas e muitas outras “problematizações existenciais” do andar de cima, em especial sobre os do andar de baixo, é que parte da esquerda brasileira, chamada às vezes de “caviar”, não sai da bolha (será de champanhe?) e é absolutamente incompetente em fazer de suas ideias algo transformador para a sociedade. E não por acaso, apenas onde o pensamento orgânico, sem trocadilhos, de esquerda não olha, de maneira pedante, o povo como uma massa amorfa e insossa, de cima para baixo, e o trata como um grupo social que pode, e deve, ser participante ativo na decisão sobre seus destinos, como ocorre nos mais importantes movimentos sociais na história do país – dentre os atuais e atuantes, as pastorais da Terra e indigenista, a do povo de rua, o MST, os movimentos de moradia nas áreas urbanas, os coletivos culturais de periferias e favelas, os grupos de defesa de direitos, dos trabalhadores aos de anti-discriminação e pró-igualdade no direito à diferença em questões de diversidade étnica, sexual e de gênero (mulheres cisheteros, LGBTTs, negr@s, indígenas, imigrantes pobres, entre muitos), @s ativistas sócio-ambientais, @s sem-rótulo) – , as mudanças sociais relevantes e necessárias são realmente feitas, trazidas ao espaço público de maneira democrática, e combativa no terreno político e de informação, esclarecimento e divulgação à sociedade (a vigília LulaLivre faz mais pela conscientização popular do que toneladas de blogues progressistas bem-intencionados, como se viu pelo depoimento de moradores que mudaram de opinião sobre o MST e os movimentos sociais, ao conviver com eles).

    O texto mal fala do conteúdo da conversa entreouvida para permitir inferir do que se tratava o colóquio dos estranhos, tratado com desprezo por assumir que todo pobre religioso, ou religioso pobre – no supermercado não havia comportamentos bizarros de seus colegas de consumo para serem abordados numa análise um pouco menos simplória sobre suposta pobreza intelectual? – é um fanático de direita idiota. Será verdade? É o caso dos personagens descritos com tamanha soberba?

    Interessante notar que, para não parecer uma questão de classe ou reacionária, o autor-militante logo esclarece aos seus leitores, preocupados com sua inércia diante da ignorância dos miseráveis, que se ousassem demonstrar preconceito contra “gays ou vadias” ia se intrometer na conversa: não teria sido mais honesto se submeter ao desafio de Sócrates e abordar as pessoas, de igual para igual – não se assuste, é só no terreno da dialética –, ao invés de mal lhes dar ouvidos (estaria o autor preocupado em defender Jesus de seus “pobres psicanalistas”, com a qualidade da massa recheada industrializada ou com seu próprio vazio existencial-estomacal?) e usá-los como personagens para derrisão em artiguinhos inteligentinhos para bloguinhos fofinhos, para contrapor, ou tentar ofuscar, sua própria mediocridade de classe-média vazia de horizontes e paupérrima em capacidade de decisão ou de consumo “inteligente”.

    Liberdade religiosa é cada um poder venerar seu próprio Deus, mesmo que seja sua negação – na terra do deus-mercado, do que o supermercado “em bairro de rico” é a nova catedral, seria o rótulo da massa recheada os dez mandamentos em que o novo-crédulo da nova religião buscava a salvação para seu dilema culinário? Qual alienação é pior? O fetiche da mercadoria ou o do milagre?

    Ao menos os personagens anônimos da fábula pós-moderna se agarravam ao que não é propriedade de nenhuma religião nem classe social, porque pertence ao que nos caracteriza como humanos, a capacidade, porque necessidade, de buscar a transcendência, ligar-se a algo que faça sentido em sua Cosmo-agonia, e que não precise de nada além da própria capacidade de acreditar para acontecer, nem que seja em sua própria imaginação. Se é manipulado ou não, instrumentalizado para justificar preconceitos, fazer dinheiro e eleger bancadas, talvez a visão preconceituosa da elite bem pensante, por uma visão também preconceituosa sobre a vida do povo e a importância da religião, tenha colaborado tanto quanto a ideologia neopentecostal capitalista: num debate entre os professores Darcy Ribeiro e Rubem Alves, no programa “Diálogos Impertinentes” da TV PUC sobre utopia (1995), o verdadeiro intelectual Darcy responde com maestria, em concordância com o teólogo Rubem, sobre o quanto o abandono das questões populares e basicamente humanas pelos líderes religiosos e políticos contribui para que essa massa desesperada busque refúgio em quem, espertamente ou não, lhe ofereça uma narrativa que explique suas misérias e lhe dê a comum, e niveladora, esperança em não ser decepcionado (no trecho entre 1p8m54s e 1p7m19s, no vídeo abaixo).

    Se o autor, mesmo conhecendo a má qualidade do produto que insistiu em comprar, não buscou alternativas alimentares mais satisfatórias e preferiu se enganar, e depositou sua esperança num rótulo de massa industrializada, sua irritação com a esperança alheia parece despeito – teria o milagre da unha encravada dos pobres superado a meritocracia da massa recheada (massa   “cheirosa”?) – ou disputa entre otários no jogo do “me engana que eu gosto”, apenas com diferença de classe e sua religião correspondente, ah, e também que o autor tem um blogue para descrever seu mal estar de civilizado enquanto os personagens anônimos e semisselvagens, se o notaram, talvez o tenham ridicularizado em grupos de família de aplicativo de mensagem. Humanos, demasiado humanos.

    Se para Marx a religião era o ópio do povo, na era de Mark das redes sociais (tomo emprestado o trocadilho, que pode ser chipado como “Marks”, de Rui Daher, onde li a brincadeira saborosa), aos ideólogos da neo-esquerda que substituem o pensamento crítico responsável pela retórica ligeira, para quem povo e massa são sinônimos, como todo o resto, intercambiável, e o Mercado é o Deus ex machina, só resta a Cirocaína (alguém se lembra da xilocaína do dentista?).

    Massa de cozinhar, massa de modelar, massa de trabalhar (se Deus ajudar que tenha emprego), “do pó vieste, ao pó voltará”.

    Sábia natureza, nas palavras de Rita Lee, “tudo vira bosta”, com a advertência das palavras de Goethe, de que “o que passou, passou, mas o que passou luzindo, resplandecerá para sempre”.

     

    “Convoque seu Buda”, o original, de barro, não o de ouro da nova modinha de budismo-de-mercado yuppie.

     

    P.S.

    1 – Não sou hipócrita, também costumo observar, criticamente, e comentar com pessoas da minha intimidade, coisas que observo no espaço público, mas tenho a preocupação de não fazer da experiência um exercício de discriminação, soberba, ou auto-validação, me coloco em perspectiva e tão vulnerável quanto os outros envolvidos – tento seguir a máxima de Tolstoi, de que não recordo literalmente mas é algo como, ao ver em alguém um comportamento que recriminava, se deve pensar antes em como não agir dessa maneira ou se tornar como tal pessoa.

    2 – Minha intenção não foi uma defesa de classe (como personagem no supermercado, eu certamente estaria na função da funcionária e não da consumidora) irrefletida, sei e já fui vítima, pessoal e profissionalmente, do reacionarismo de gente ignorante e fanática, de todas as classes sociais com a qual tive contato, e tão cruelmente quanto, de congêneres de classe social (porque o mundo é mais complicado que “filosofias de blogue” podem suspeitar …). Por isso, acho problemáticas narrativas maniqueístas, o que espero ter conseguido evitar, por considerar que não só não corresponde à realidade dos fatos e das pessoas, quase sempre, como impede que as verdadeiras tensões e conflitos encenados sejam compreendidos. Precisamos de mais “teatro do oprimido” – o dos opressores vivenciamos diariamente, principalmente nos meios de comunicação, reflexo e fermento do que se vive em todos os cenários de interação social numa sociedade que nega suas contradições e tensões, e ao invés de enfrentá-las, as transforma em pensamento binário, em pseudo “problematizações”, criticamente rasteiras e essencialmente individualistas (é a selfie das palavras …)

    “Convoque seu Buda” – Criolo

     

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=9_sNgjSsAQw%5D

     

    https://www.youtube.com/watch?v=9_sNgjSsAQw

     

     

    Programa “Diálogos Impertinentes” – Utopia – com Darcy Ribeiro e Rubem Alves (apresentado por Mário Sérgio Cortella)

     

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=Xp6VW1jwnRM%5D

     

    https://www.youtube.com/watch?v=Xp6VW1jwnRM

     

     

    Sampa/SP, 25/05/2018 – 16:20 (alterado às 16:31, 16:43 e 16:57)

    1. Suflê de “abobrinhas”

      “O capitalismo privatizou os bens e socializou os sonhos. O socialismo socializou os bens e privatizou o sonho… O capitalismo privatizou os bens (as fábricas, terras, bancos são propriedade privada), mas deixou que os sonhos pudessem se exprimir por todos os meios de comunicação, especialmente pela propaganda e pela televisão. Quer dizer, permite a socialização dos sonhos. Apenas cuida para que os sonhos se realizem dentro dos limites impostos pelos interesses do capital. Numa favela pode faltar o pão, mas não o aparelho de televisão. Esta alimenta os sonhos pelas propagandas, pelas novelas e pelas imagens falantes. 67

      O socialismo socializou os bens, as terras, as fábricas, a educação. Mas privatizou os sonhos. Somente eram aceitos os sonhos sonhados pelo partido único ou que estivessem em concordâncias com o único sonho socialista. Todos os demais sonhos era reprimidos e perseguidos.” Este trecho é do livro “Nova era: a civilização planetária – desafios à sociedade e ao cristianismo.”, do frei e teólogo Leonardo Boff  (2ª edição. São Paulo: Ática, 1994; fonte:http://niltonbrunotomelin.blogspot.com.br/2008/08/boff-leonardo-nova-era-civilizao.html) e uma parte dele foi citada no programa “Diálogos Impertinentes”, que está no comentário acima. 

       

      O texto de opinião que este blogue republica representa um dos falsos dilemas mais comuns, derivado de uma tricotomia entre classe, níveis de escolaridade e educação (atenção para a diferença entre estes últimos; um semi-analfabeto pode ser mais mais polido que um diplomado, o que mais comum do que se admite), mas certamente, um cenário sócio-cultural característico do pensamento simplista, o do “ateu/não religioso civilizado e esclarecido” versus o “religioso fanático e ignorante”, geralmente associados a recortes de classe, o primeiro assim é porque de uma classe social superior, porque civilizado e como tal, descrente, e o segundo, de uma classe inferior porque fanático, e assim porque religioso e, como tal, ignorante, como se os elementos não fossem de combinação menos inflexível como se supõe. 

      Em alusão ao texto do Boff e ao que critiquei no comentário anterior, é como se a fé tivesse sido mercantilizada, tornada produto com rentabilidade material visível – a promessa dos neopentescostais aos pobres e ambiciosos em geral – enquanto que parcela considerável que tem acesso aos bens de consumo, em deslocamento de sua fé esvaziada pelo seu ateísmo, torna os produtos do Mercado, não apenas os vísiveis e tangíveis, mas especialmente os simbólicos e que capturam sua imaginação e capacidade de abstração, em artigos de fé, literalmente (o que é olhar para um rótulo de macarrão (desculpe, “massa”) com “esperança”? é a televisão de cachorro de raça… ).  E porque essa última convicção, a “fé dos supostos esclarecidos”, oblitera os limites entre material e transcendente, entre factual e fictício, entre querer e poder, que o sistema de (in)justiça subverteu a Constituição, inventou o impeachment sem crime de responsabilidade, transformou o presidencialismo em semicharlamentarismo, tudo reduz a seus caprichos e teorias pessoais e individualizadas (é o novo Direito customizado, on demand, ao gosto do freguês, onde o colega de classe e de ideologia político-partidária tem sempre razão e o adversário, nenhum direito), afinal, quem patrocina essa “revolução dos novos iluministas” não são os religiosos cristãos pobres que a maioria esculacha e poucos dão atenção, mas uma amálgama de gente que pertence às classes sociais média e alta, que teve acesso à escolaridade de nível superior, que ocupa os cargos mais importantes e bem remunerados em instituições públicas e privadas: o procurador Dolonhol (não tem erro de ortografia aqui), com seu fanatismo tão estúpido que foi vaiado em igreja evangélica onde tentou defender sua cruzada inquisitorial, não é o único, nem o maior, responsável, pela situação de caos no país. Em termos religiosos a democracia, como acesso igualitário, ainda existe, pois religiosos de todos os matizes e não religiosos têm suas mãos sujas de hipocrisia no Golpe, mas certamente sem a participação consciente e deliberada de gente que se acha civilizada, superior, e meritocrática, e exatamente por isso, arrogante, autoritária e individualista, não estaríamos na crise em que esta “massa cheirosa”, recheada de bens e vazia de sabor e saber, nos mergulhou e pretende nos refogar em fogo nada brando. 

       

      “Átimo de  pó” – Gilberto Gil 

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      Sampa/SP, 25/05/018 – 18:07 (alterado às 18:11, 18:19, 18:39, 18:48, 18:53 e 19:06)

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