Izaias Almada
Izaías Almada é romancista, dramaturgo e roteirista brasileiro nascido em BH. Em 1963 mudou-se para a cidade de São Paulo, onde trabalhou em teatro, jornalismo, publicidade na TV e roteiro. Entre os anos de 1969 e 1971, foi prisioneiro político do golpe militar no Brasil que ocorreu em 1964.
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Ditadura nunca mais, democracia sempre!, por Izaías Almada

Ainda sofremos a síndrome da proclamação da república onde os militares destronaram D. Pedro II.

Foto: Arquivo/Igor Siqueira

Ditadura nunca mais, democracia sempre!

por Izaías Almada

A solenidade de abertura do ano judiciário em sessão solene no Superior Tribunal Federal foi toda ela cruzada por falas e discursos em defesa da democracia.

Nada mais natural depois dos acontecimentos do dia 08 de janeiro passado, onde a ignorância e a selvageria, estimuladas e defendidas por quatro anos de um governo que outra coisa não fez senão destruir tudo o que já se construiu, mesmo que de maneira incipiente e desordenada, o trabalho de nossa mais do que ferida democracia.

A verdade pura e simples é que somos um povo colonizado por degredados portugueses que transformaram indígenas e os escravos vindos de África em burros de carga para “honra e glória de Sua Majestade”.

A violência é inerente à nossa formação como país em suas três principais vertentes: a econômica, a cultural e a educacional.

A vida social do país foi se desenvolvendo com arrogância, preconceitos de raça, jeitinho para os negócios, sobretudo os de enriquecimento rápido, esse velho e poderoso adubo da corrupção.

Ainda sofremos a síndrome da proclamação da república onde os militares destronaram D. Pedro II. Se alguma coisa não vai bem no país para os donos das terras, empresários e banqueiros, para os donos do capital enfim, é só bater na porta dos quartéis e tudo se resolve.

Os exemplos são muitos e até hoje não aprendemos com eles.

Não aprendemos com a própria proclamação da república em 1889, não aprendemos com a Revolta de 1924, não aprendemos com o Estado Novo de Getúlio Vargas, não aprendemos com o Vargas nacionalista dos anos 50, não aprendemos com a tentativa de rebelião militar contra Juscelino Kubitschek, não aprendemos com a renúncia de Janio Quadros, não aprendemos com o golpe contra João Goulart em 1964, não aprendemos com o AI-5 em 68, não aprendemos com a morte de Tancredo Neves, não aprendemos com o golpe contra Dilma Rousseff, não aprendemos com a Operação Lava a Jato, engendrada fora do país, não aprendemos com a prisão de presidente Lula da Silva e, muito provavelmente não aprenderemos com o 08 de janeiro de 2023.

Na prática nossa história se resume a algumas páginas dos nossos livros escolares, lidos aqui e ali, mas esquecidos para sempre.

A palavra de ordem “Democracia Sempre” não é apenas um alerta para o presente e para o futuro, mas é também um brado de alerta para que conheçamos melhor o nosso passado.

E me arrisco a dizer que o passado nos condena. Assim como à Geni de Chico Buarque de Holanda.

Izaías Almada é romancista, dramaturgo e roteirista brasileiro nascido em BH. Em 1963 mudou-se para a cidade de São Paulo, onde trabalhou em teatro, jornalismo, publicidade na TV e roteiro. Entre os anos de 1969 e 1971, foi prisioneiro político do golpe militar no Brasil que ocorreu em 1964.

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected].

Izaias Almada

Izaías Almada é romancista, dramaturgo e roteirista brasileiro nascido em BH. Em 1963 mudou-se para a cidade de São Paulo, onde trabalhou em teatro, jornalismo, publicidade na TV e roteiro. Entre os anos de 1969 e 1971, foi prisioneiro político do golpe militar no Brasil que ocorreu em 1964.

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