Alberto da Costa e Silva morre aos 92 anos

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Poeta, diplomata, historiador e memorialista, acadêmico e integrante da ABL era especialista na cultura e na história da África

Alberto da Costa e Silva, morto aos 92 anos na madrugada deste domingo. Foto: Wikipedia.

O historiador, poeta, ensaísta, memorialista e diplomata Alberto Vasconcelos da Costa e Silva faleceu aos 92 anos na madrugada deste domingo, de causas naturais, em sua casa no Rio de Janeiro.

Ocupante da cadeira nº 09 na Academia Brasileira de Letras, Alberto da Costa e Silva foi um dos mais importantes intelectuais brasileiros, era especialista na cultura e na história da África, onde foi embaixador do Brasil por quatro anos, na Nigéria e no Benin.

“Sua obra é fundamental para o desenvolvimento dos estudos e do ensino da história do continente africano”, diz a ABL, em nota oficial.

Em nota oficial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte do acadêmico, afirmando que ele era “um dos mais importantes conhecedores da África no Brasil”.

“Membro da Academia Brasileira de Letras, teve um papel fundamental na necessária aproximação entre o Brasil e o continente africano, de onde nutrimos nossas origens e em cuja ancestralidade alimentamos os nossos saberes”, disse Lula.

“Sobre o rio chamado Atlântico, que Alberto identificou, seguiremos construindo as pontes que ele sonhou. Meu abraço solidário aos filhos, netos e todos os familiares de um dos mais importantes intelectuais brasileiros no século XX”, pontuou o presidente.

África aos olhos de um brasileiro

Costa e Silva escreveu mais de 40 livros, entre poesia, ensaio, história, infanto-juvenil, memória, antologia, versão e adaptação.

Segundo a historiadora Marina de Mello e Souza, Costa e Silva descobriu a África com Os Africanos no Brasil, de Nina Rodrigues, e Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre. Sua primeira viagem à África ocorreu no início de sua carreira, quando integrou a comitiva do ministro das Relações Exteriores Negrão de Lima, representante do Brasil nas cerimônias de independência da Nigéria.

“Desde então seu interesse pelo continente, conhecido pelos que com ele conviviam, fez com que fosse designado para missões na África.

Na visão de Marina, um dos destaques dos livros e artigos de Costa e Silva sobre a história africana é o sabor especial do seu texto, além da “beleza das imagens, a sonoridade das frases, o domínio de um vocabulário que pode parecer fora de moda, mas em suas mãos ganha novo sentido, suas opções narrativas, que expressam, por um lado, o poeta e escritor para quem as palavras são gemas a serem lapidadas, notas a serem combinadas de forma a criar uma melodia, e, por outro lado, o olhar com que a história é narrada, que transmite as informações”.

Cadeira número 09

Eleito para a Academia Brasileira de Letras em 2000, foi o quarto ocupante da Cadeira nº 9, na sucessão de Carlos Chagas Filho. Presidiu a ABL no biênio 2002-2003. Ocupou os cargos de Secretário-Geral em 2001, Primeiro-Secretário em 2008-2009 e Diretor das Bibliotecas em 2010-15.  Era também Sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Portuguesa da História.

Foi Doutor Honoris Causa em Letras pela Universidade Obafemi Awolowo (ex-Uni­versidade de Ifé), da Nigéria, em 1986, e em História pela Universidade Federal Fluminense, em 2009, e pela Universidade Federal da Bahia, em 2012.

Em 2014, recebeu o Prêmio Camões; em 2003, o Prêmio Juca Pato – Intelectual do Ano de 2003, da União Brasileira de Escritores e Folha de S. Paulo; e em 2007, foi escolhido o Homem de Idéias pelo Jornal do Brasil.

Viúvo, Alberto da Costa e Silva deixa três filhos – Elza Maria, Antonio Francisco e Pedro Miguel – sete netos e uma bisneta. Seu corpo será cremado amanhã – não haverá velório e a cerimônia de cremação será apenas para a família.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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