As pinturas rupestres

Por Roberto Locatelli

MARCELLINO DE SAUTUOLA
A Descoberta das Pinturas Rupestres

(texto de DeRose)

Parece piada, mas até a virada para o século XX os cientistas não haviam descoberto as pinturas feitas no interior das cavernas pelos homens pré-históricos!

Seu descobridor foi Marcellino de Sautuola, um nobre de Santander, dedicado à arqueologia. Em 1875, visitou a Caverna de Altamira, na Espanha, com 270 metros de comprimento, onde recolheu ossos fósseis. Mas nessa ocasião não prestou atenção senão ao solo, de onde retirava restos de ossos.

Retornou no verão de 1879 para prosseguir suas pesquisas. Um dia, levou consigo sua filha Maria, de 12 anos de idade. Foi ela quem primeiramente observou as pinturas numa parede da caverna. Havia pinturas executadas com uma magnífica policromia em tons de vermelho, negro e violeta, a maioria medindo cerca de 9×18 metros.

Sautuola reproduziu cuidadosamente esses desenhos e, em 1880, publicou um livro com suas descobertas. Como terá reagido o mundo científico? Será que sua inédita contribuição à cultura, à arqueologia e até à arte foi louvada? Será que recebeu algum prêmio, cumprimento, agradecimento ou reconhecimento das Academias de Ciência?

Como retribuição por ter feito uma das mais importantes descobertas arqueológicas, Sautuola foi acusado de haver forjado as pinturas dentro da caverna! Acusado de fraude numa campanha impiedosa movida contra ele pelo idoso pré-historiador francês Éduard Cartailhac, Sautuola foi expulso de todos os círculos científicos. Ninguém lhe concedeu direito de defesa e seu nome passou a ser sinônimo de charlatanismo. Não podia sequer pôr os pés na rua, pois era insultado pelos transeuntes. Certa vez, ao sair para tomar um pouco de sol, um desconhecido cuspiu na sua cara, gritando para que os circunstantes escutassem: “Impostor!”. Todos os demais cientistas, a imprensa e a opinião pública passaram a difamar e humilhar tanto o pobre homem que pouco depois, em 1888, Sautuola morreu de desgosto.Decorridos alguns anos, entre 1895 e 1901, pinturas similares foram descobertas na França e, logo após, em toda a Europa. Pressionado pelos que, tardiamente, resolveram defender o nome do arqueólogo injustiçado, seu difamador-mor, Cartailhac, escreveu uma carta à filha de Sautuola, reconhecendo seu erro e pedindo desculpas. Maria respondeu que não aceitava o pedido de desculpas, pois agora era tarde demais e ele já havia causado a morte do seu pai. Nenhum pedido de desculpas compensaria a amargura dos ultrajes sofridos ou a própria morte.

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Luis Nassif

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