“Tron: O Legado” (Tron: Legacy, 2010) é mais um exemplo do conservadorismo dos Estúdios Disney. Se em “Tron” de 1982, uma das primeiras representações cinematográficas do mundo digital, tinhamos uma abordagem heróica e contestadora de uma ciberutopia que desafiava as grandes corporações computacionais, nessa continuação temos um enfraquecimento desse ímpeto. Todos os elementos místicos e gnósticos que motivavam essa ciberutopia esboçados há 28 anos com “Tron”, são até ressaltados e mais desenvolvidos nessa continuação atual. Porém, são representados de forma esvaziada e submetidos à ideologia que o primeiro “Tron” tanto combatia.
Ao assistirmos a essa continuação do clássico filme de ficção científica “Tron: Uma Odisséia Eletrônica” (1982) temos a sensação de uma atmosfera de final de festa. Comparado com o primeiro Tron de 28 anos atrás (expressão de uma cibercultura emergente em tons épicos e heroicos), “Tron, O Legado” parece ser um réquiem para toda uma ciberutopia. Se na década de 80 o protagonista Flynn lutava pela liberdade do servidor da empresa ENCOM contra a tirania do PCM (Master Control Program – que expressava a luta pela liberdade dos primeiros PCs feitos em garagens contra os gigantescos main frames corporativos), aqui nessa continuação Flynn se confronta contra seu próprio avatar, numa jornada sem mais tons épicos, mas, agora, numa narrativa solipsista e introspectiva.