Gostosa, maliciosa, essa é a marchinha de carnaval, por Carlos Motta

Gostosa, maliciosa, essa é a marchinha de carnaval

por Carlos Motta

Entra ano, sai ano, quando chega o carnaval, fica a dúvida entre os organizadores dos blocos e chefes de orquestras e bandinhas: que músicas tocar nestes tempos do politicamente correto?

Para evitar confusão, alguns hits consagrados no passado, como “Cabeleira do Zezé” e “Maria Sapatão”, ambos de José Roberto Kelly, um dos mais prolíficos compositores de marchinhas carnavalescas, já foram banidos do repertório da quase totalidade dos blocos.

Há casos meio dúbios, como “O Teu Cabelo Não Nega” (Irmão Valença e Lamartine Babo), talvez a marchinha mais tocada de todos os tempos, ao lado de “Mamãe Eu Quero” (Jararaca e Vicente Paiva), que alguns consideram ofensiva aos negros. 

Essa é uma discussão interminável.

Certo que o carnaval pode muito bem passar sem essas músicas, mas o espírito da festa não é o da liberdade, brincadeira, alegria e até deboche?

O excelente Eduardo Dusek, que compõe todo ano uma marchinha de carnaval, para, como diz, manter o gênero vivo, fez, com o veterano João Roberto Kelly, uma musiquinha que goza do politicamente correto – pelo menos em se tratando de carnaval.

Chama-se, sem mais, “Marchinha de Carnaval (Politicamente Incorreta)”. 

No vídeo, além de cantá-la com seu costumeiro bom humor, Dusek conta como ela surgiu.

Eu sou gostosa, maliciosa

Não leve a mal
Politicamente incorreta
Sou a marchinha de carnaval
Eu sou do jeito que eu quiser
Saio de homem ou saio de mulher
Sem essa de puxar o meu tapete
Sua censura que vá pro cacete!

 
Redação

2 Comentários

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  1. Que pobreza de espírito! Defendendo retrocessos

    Nao é questao de “politicamente correto”, algo que nem existe aqui, houve nos EUA, provocou reaçoes lá, e aqui importaram as reaçoes sem importar o fenômeno. Imaginem tentar limitar a liberdade dos homens brancos heterossexuais de serem homofóbicos, racistas e machistas! É questao de nao defender violência (corta o cabelo dele, corta o cabelo dele; dá nela, dá nela), nao defender preconceitos, ser HUMANAMENTE correto.

  2. Uma das belezas da arte é

    Uma das belezas da arte é sempre pôr a prova os limites do que pode ou não pode (que diga os episódios do Queer museum e do MAM) . Se se pudesse apagar toda a obra artística que apresenta racismo, misogenia, obscenidade, homofobia, blasfemia, etc, pouca coisa ficaria e eu diria que nenhum grande artista teria sua obra intacta (nunca pensei que ouviria pessoas acusando  o Chico Buarque de compor uma letra machista em seu recente trabalho  ).  Essa atitude de proibir eu acho o pior caminho. Talvez uma opção seja o que Caetano fez = uma música com letra super misógina do mestre Noel teve como resposta uma música linda de Caetano, Dom de Iludir. A verdade é que a maioria das pessoas vão continuar cantando Mamãe eu quero, cabeleira do zezé e outras marchinhas clássicas e isso não quer dizer que a pessoa seja o pior dos mortais, nem significa que aquela que não cante de jeito nenhum seja uma pessoa bacana (vide Crivella ). 

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