Hotéis históricos: Hotel Du Parc, em Vichy

Por Motta Araujo

HOTÉIS HISTÓRICOS – HOTEL DU PARC – VICHY – Hotel que foi a sede do Governo da França não ocupada depois de Junho de 1940.

A chamada “França de Vichy” foi o regime chefiado pelo Marechal Petain que assinou o Armistício com o Terceiro Reich, aceitando a ocupação alemã na parte norte da França, sendo-lhe concedida uma soberania formal na parte sul, constituindo-se então um regime sem ocupação nessa metade da França. Aceitaram esse “arranjo” o grupo de políticos chamados de “colaboracionistas” com Petain e Pierre Laval à frente, mais Camille Chautemps, Fernand de Brisson, General Weygand, Almirante Darlan e outros identificados com uma ideia de que era melhor os alemães do que a esquerda muito forte entre 1936 e 1939. O regime de Vichy colaborou com a Alemanha, mantinha inclusive uma Embaixada da França em Paris, suprema ironia, chefiada pelo Conde de Brinon. Era uma situação de um realismo fantástico, a França de Vichy tinha Embaixadas por todo o mundo, no Rio de Janeiro o Embaixador era Paul Claudel, acadêmico e escritor famoso, os EUA tinham Embaixador em Vichy até 1944, o Almirante Leahy, amigo pessoal de Roosevelt, motivo de ofensa eterna para o General De Gaulle, com toda a razão.

O regime de Vichy começou a ruir com a invasão americana da África do Norte (para o qual as bases no Brasil foram essenciais). Uma das razões pelas quais os alemães concordaram com a existência de uma França não ocupada ao sul era manter neutras as grandes colônias francesas da África do Norte (Tunísia, Algéria e Marrocos). Uma vez invadidas pelos Aliados não havia razão lógica para uma França não ocupada, três dias depois da invasão americana os alemães ocuparam militarmente o que era a França de Vichy mas mantiveram o regime de Pètain, agora mais artificial do que antes, nem a ficção da soberania francesa podia ser mantida com os alemães por toda parte, o Marechal mandava só no hotel onde morava. O regime de Vichy teve que se refugiar na Alemanha em 1944, com a invasão do Dia D na Normandia, acomodou-se no Castelo de Sigmaringen, toda a corte de Vichy, até o fim da guerra. Petain e Laval foram condenados à morte por crime de alta traição, Petain teve a pena comutada para prisão perpétua devido sua idade avançada e Laval foi fuzilado. Petain havia sido comandante de De Gaulle,  batizou-lhe o filho Phelippe, nome dado em homenagem ao Marechal, que também era Phelippe. De Gaulle salvou a vida do antigo chefe.

O Hotel du Parc tem estórias para contar, funciona até hoje e aceita reservas. Vichy é uma estação de águas do tamanho de Poços de Caldas, pequena cidade que tornou-se mundialmente conhecida pela Historia politica.

Redação

4 Comentários

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  1. André, há duas passagens

    André, há duas passagens curiosas sobre a França e segunda guerra que eu gostaria que você comentasse, pois já li a respeito mas não sei se são verídicas, ou se ocorreram da forma descrita abaixo:

    A primeira foi logo no início da guerra, com a invasão iminente ou recém feita da França pelos nazistas. Consta que em uma reunião de alto escalão, na casa do primeiro ministro, à certa altura a amante dele invadiu a reunião em trajes de dormir, e se pôs a dar pitacos sobre o que a França deveria ou não fazer. Consta ainda que um funcionário de governo estrangeiro presente teria avaliado ali a derrota iminente da França, um país onde a amante do premier se arvorava no direito de tomar tais atitudes.

    Segundo caso: após o suicídio de Hitler e a rendição da Alemanha, o Almirante Donitz foi feito sucessor e coube a ele assinar a rendição do Reich. Consta que, ao chegar ao recinto combinado para a aposição de sua firma, lá estavam representantes das potências vencedoras. Donitz então teria constatado, atônito, a presença de um representante da França, e dito algo como “mas até a França…”, devido ao fato de o país ter sido seu aliado na guerra desde a implantação do regime de Vichy e, na visão dele, era também derrotada…

    1. A Condessa e o Almirante

       Não sou Maitrê Motta, mas até respondo:

       1. A Condessa Héléne de Portes, amante de Paul Reynaud por anos, era tão “poderosa e influente” que era conhecida como ” a porta lateral do governo Reynaud “, e realmente em 15 ou 16 de maio de 1940, após a queda de Sedan, interrompeu uma reunião do Alto-Comando francês, deu seus palpites, que inclusive foram aceitos, para melhores informações, o livro de Noel Barber – The week, France fell.

       2.  Donitz não assinou a rendição, ele ordenou que o Alm. Friedburg e o Gen. Jodl fossem encontrar o comando do SHAEF, sediado em Reims na França, para iniciar as negociações referentes a rendição alemã, posteriormente assinada de fato, pelo lado alemão, por Freidburg, Jodl, Stumpf e o Marechal W. Keitel, perante todos os representantes das nações aliadas, incluindo a França – Livre na figura do Gen. De Lattre Tassigny, com um detalhe importante:  De Lattre por não representar um “estado constituido”, assinou o documento apenas na condição de “testemunha”.

              Quanto a frase “mas até a França….”, Donitz pode te-la dito, mas alguns autores a atribuem a outros, inclusive ao Alm. Freidburg.

        1. Creio que o Junior respondeu

          Creio que o Junior respondeu perfeitamente suas duvidas, acrescento que a França que se apresentou como um dos Aliados vitoriosos foi a França Livre chefiada por De Gaulle, que teve um grande papel na Guerra e obviamente nunca a França de Vichy, a derrotada em 1940. Interessante a repetição historica, quando a França derrotada em Waterloo em 1814 reaparece no Congresso de Viena em 1915 como venedora, mas ai era a França da Restauração borbonica e aoutor da façanha foi um homem, o Principe de Talleyrand. Da mesma forma, a França que se apresenta vitoriosa em Potsdam é a França Livre e o autor da façanha foi um homem, De Gaulle.

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