Obras de Portinari e Iberê atingem preços recordes em leilão

Por jns

Do Estadão

Portinari e Iberê batem seus recordes em Nova York

Obras de artistas brasileiros são destaque e ficam entre as 10 mais valiosas vendidas na Christie’s

NOVA YORK – Com oferta e preço liderados pelos mexicanos Diego Rivera, Rufino Tamayo, Francisco Toledo e Francisco Zúñiga, os cubanos Matta, Lam e René Portocarrero, e principalmente pelo colombiano Fernando Botero, a semana de leilões de arte latino-americana desta temporada, em NY, demonstrou que, embora reduzida em volume, a produção artística brasileira mantém a boa cotação que tem atraído nos últimos três ou quatro anos no mercado internacional. 


Entre os mais de 500 lotes consignados na Sotheby’s, na Christie’s e na Phillips de Pury, trabalhos de Cândido Portinari, Iberê Camargo, Antônio Dias e Lygia Pape, por exemplo, foram adquiridos até pelo dobro do preço estimado pelos leiloeiros e marcaram recordes para os seus criadores.

No leilão da Christie’s, realizado na terça à noite, o maior preço ficou com a escultura Horse, uma das 23 obras de Fernando Botero oferecidas nos leilões desta semana. A previsão para o bronze executado em 1999 era entre US$ 700 mil e US$ 1 milhão; um colecionador americano pagou pela peça US$ 938.500, o maior preço da sessão. Os quadros Lampião e Maria Bonita, pintado por Cândido Portinari em 1947, e Jogo de Carretéis I (1967), de Iberê Camargo, destacaram-se entre as dez obras com os maiores valores pagos na noite. 

Disputado por seis compradores (um deles brasileiro) em lances na sala de leilões, por telefone e online, o óleo sobre tela que Portinari pintou em Montevidéu foi vendido para um grupo comercial americano por US$ 482,5 mil – mais do que duas vezes a maior estimativa feita para ele (US$ 150 mil/US$ 200 mil). 

O mesmo ocorreu com o de Iberê Camargo, avaliado entre US$ 120 mil/US$ 180 mil, e levado por um colecionador particular (a casa não identificou de que país) por US$ 422,5 mil – recorde de preço para obra do pintor gaúcho vendida em leilão público. Dos 295 lotes oferecidos na Christie’s, 32 eram obras de arte brasileiras.

Na Phillips de Pury – onde artistas como a dupla osgêmeos, Luiz Sacilotto, Cildo Meireles e Waltércio Caldas, entre outros, compunham mais da metade dos 70 lotes oferecidos – o destaque foi proporcionalmente maior: 8 obras de brasileiros ficaram entre os 10 lotes com os preços mais altos. O recorde para trabalho de Antônio Dias em venda pública foi registrado por Free Continent: Natural Richnesses (1968-1969), adquirido por US$ 434,5 mil, o lance mais alto na sessão da casa. Criado em 1984, O Olho do Guará (N.º 13) também marcou recorde para sua autora, Lygia Pape, ao ser vendido por US$ 266,5 mil.

A semana de leilões de arte latino-americana nesta segunda temporada anual (a anterior foi em maio) começou segunda-feira à noite na Sotheby’s, onde foram registrados os cinco preços acima de US$ 1 milhão. Vendido por US$ 1.818,5 milhão a um colecionador particular americano, Nada, óleo sobre tela pintado pelo surrealista chileno Roberto Matta em 1943, pegou o maior preço da temporada. Em seguida, pelo mesmo valor de US$ 1.650,5 milhão e ambos adquiridos por colecionadores conterrâneos dos artistas, foram vendidos Mañana Luminosa (1942), do mexicano Gerardo Murillo (Dr. Atl), e Portrait of Moctezuma, exemplar da arte colonial pintado por um artista anônimo no fim do século 17.

Angelis (1999), do chileno Claudio Bravo, e La Scie a Metaux (The Hacksaw), pintado em 1960 pelo venezuelano Jesús Rafael Soto, alcançaram recorde de preço em leilão para esses artistas. O primeiro foi vendido por US$ 1.510,5 milhão e o outro, por US$ 1.082,5 milhão. Entre os 217 lotes oferecidos na Sotheby’s, 11 eram de artistas brasileiros. Adquirido por US$ 374,5 mil em lance feito pela internet, o estudo final em têmpera sobre compensado de Cândido Portinari para o mural Fumo, de 1938, obteve o maior valor entre as obras de arte brasileira.

Luis Nassif

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