Olhar mutante

Uma de minhas reportagens inesquecíveis foi com Walter Firmo, lá pela segunda metade dos anos 70, para contar a vida em dois garimpos recem-descobertos em Goiás: Serra Branca e Nova Roma. Testemunhar a maneira como os garimpeiros construíam a SUA cidade foi emocionante – ainda mais naqueles tempos bicudos em que toda forma de organização era combatida. Montaram seu departamento de água, construíam casas na montanha, enfiadas na rocha.

Fomos primeiro a Serra Branca. Nova Roma era a dez quilômetros a pé, mas carro não passava. Tínhamos que voltar até Brasília para chegar lá. No meio do caminho, uma baita de uma intoxicação alimentar me impediu de prosseguir.

Ainda vou cobrar do Firmo fotos daquela reportagem.

Da Folha

Olhar mutante

Um dos maiores fotógrafos do país, Walter Firmo lança livro e inicia nova fase da carreira, voltada à abstração

LUIZ FERNANDO VIANNA

DA SUCURSAL DO RIO

“Brasil – Imagens da Terra e do Povo” reúne 260 fotos de Walter Firmo. Basta uma folheada no livro para entender por que ele é um dos maiores fotógrafos do país e célebre por seus retratos. Mas, ao ouvir o repórter citar imagens que poderão ilustrar a entrevista, Firmo demonstra desconforto:

“Estou saindo desse classicismo, já não aguento mais. Como me considero um criador jovem, embora tenha 71 anos, procuro sempre estar na contramão de mim mesmo. Um artista deve ser mutante. Isto [as fotos mais conhecidas] são águas passadas. Aconteceu na minha vida, foi muito bom, mas já era. Estou olhando sempre um horizonte novo”.

Continua

Luis Nassif

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