Os 72 anos da lenda viva Martin Scorsese

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Enviado por Mara L. Baraúna

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Martin Scorsese orienta Leonardo DiCaprio e Margot Robbie no set de “O lobo de Wall Street)

Por Reinaldo Glioche, do iG Cultura

Ele queria ser padre e seria se o cinema não tivesse roubado sua vocação. Estamos falando de Martin Charles Scorsese, mirrado nova-iorquino de fala acelerada, amor profundo pelo cinema e talento que beira o incomensurável. Essa data louvável no calendário da cinefilia –  dia do aniversário do cineasta – não poderia passar despercebida, ou mesmo oculta, aqui no Cineclube. Ele é responsável por alguns dos clássicos instantâneos do cinema atual como “O lobo de Wall Street” (2013),  ”A invenção de Hugo Cabret” (2011) e ainda mais lembrado pelos extraordinários trabalhos do início da carreira que ajudaram a semear o cinema adulto americano e a consolidar a teoria do autor como principal vértice do cinema produzido no país nas décadas de 70 e 80. Entre as principais referências ‘scorsesianas’ figuram “Caminhos perigosos” (1973), “Taxi driver” (1976), “Touro indomável” (1980), “A cor do dinheiro” (1986) e “Os bons companheiros” (1990).

Reconhecido como autor de um cinema que explora a violência, Scorsese trafegou por gêneros distintos ao longo das décadas. Da fábula infantil com gosto de declaração de amor ao cinema (“A invenção de Hugo Cabret”) ao musical “New York, New York”), passando pelo épico (“Gangues de Nova York”) e pelo drama intimista (“Alice não mora mais aqui”).

O Oscar tardou em reconhecê-lo. Só foi ser laureado com a estatueta de melhor diretor em 2007, pelo filme “Os infiltrados”, também sagrado melhor filme do ano. Scorsese, no entanto, acumula 12 indicações ao prêmio. Como diretor são oito, cinco das quais conquistadas nos últimos 11 anos.  Ele foi indicado ao Oscar por cinco dos seus últimos seis filmes. Uma demonstração eloquente de que a Academia hoje é capaz de reconhecer a enormidade de talento de Scorsese e a sua capacidade de tirar os filmes que dirige do lugar-comum. Seja um filme de terror com alma B como “Ilha do medo” (2010) ou um filme questionador sobre a fé como “A última tentação de Cristo” (1988).

Com o amigo e parceiro Leonardo DiCaprio no set de "O aviador"

Com o amigo e parceiro Leonardo DiCaprio no set de “O aviador”

Na foto dos anos 70 surge ao lado do amigo Robert De Niro, com quem ensaia uma colaboração em um novo filme de máfia

Na foto dos anos 70 surge ao lado do amigo Robert De Niro, com quem ensaia uma colaboração em um novo filme de máfia

O cineasta é reconhecido por selar grandes parcerias. As mais famosas, indubitavelmente, são com os atores Robert De Niro (oito filmes) e Leonardo DiCaprio (cinco filmes). Mas figuras dos bastidores como a montadora Thelma Schoonmaker, o diretor de fotografia Robert Richardson e o produtorGrahan King são exemplos de que Scorsese entende que cinema é um trabalho de equipe e que é adepto da teoria de que em time que se ganha, pouco se mexe.

O cinema deve muito a Scorsese. Não só por sua contribuição inestimável para o extrato do filme de gangster; ou por ter mais de dez filmes creditáveis para qualquer lista de melhores da história que se preze. Mas fundamentalmente por expressar amor inesgotável pelo cinema a cada novo filme. Por revigorar o ofício com o fôlego dos jovens. Por ser tão criativo na escolha de ângulos de câmera como desimpedido nas escolhas narrativas que faz para seus filmes. Scorsese inspira e influencia. Scorsese é um mito que batina nenhuma seria capaz de fazer justiça.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

8 Comentários

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  1. A matéria não fala, mas

    Há mais um importante gênero cinematográfico em que Scorsese é mestre: o documentário musical. Coisa que ele começou como editor de Woodstock. Entre outros docs sobre rock, dirigiu The Last Waltz (O último concerto de rock), sobre a despedida de The Band, com excelentes convidados; No direction Home, sobre Bob Dylan, e Shine a Light, sobre os Stones. Scorsese sempre foi doido por rock.

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    1. Excelente esses docs, vi

      Excelente esses docs, vi todos, o dos Stones é fora de série.

      E agora, segundo infos que rolam na rede, ele está preparando filme sobre os Ramones.  Aí eu vou a delírio.

       

  2. O italiano

    Nunca se esqueçam que ele bebeu na fonte italiana..Aliás ele é descendente de  italianos..Devemos classificá-lo como sendo um ítalo-americano.. A itália é a senhora de todas as artes…

  3. A segunda foto

    Não é da mesma época do filme Taxi Drive. Scorsese esta de terno e gravata com a mesma barba e cabelo na cena que esta no banco de trás do taxi parado a noite em frente a um predio dizendo a De Niro (Trevis) que ia matar a mulher que o traia? 

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