O belo carnaval sagrado

Por weden

Já reparou meu caro senhor

Que nossa Aparecida está cada vez mais negra
E nossa Iemanjá cada vez mais branca?
Que nossa santa se parece uma orixá
E que nossa maior orixá se parece uma santa?

Que dia dois, nossa magia dá em liturgia
E, no dia 12, a liturgia é cada vez mais magia?
Que nossa orixá é saudada pelas beatas costumeiras
Enquanto nossos tambores tocam para a padroeira?

Já reparou meu caro senhor? Pois repare:

Que país misterioso é esse, que misturou tudo
O que os outros criaram tão separado!
Que faz da procissão o entrudo
Do sagrado profano e do profano sagrado!

Que faz e desfaz o que é mito
Para refazer o real
Pois como dizia o poeta, (velho Oswald)
Nunca fomos catequizados
Fizemos, foi carnaval.

Luis Nassif

16 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Só um reparo.
    Só um reparo.

    Alguém no planeta pode explicar a diferença entre profano e sagrado?

    Depende em que hemisfério a pessoa se encontra.

    Profano e sagrado divergem tanto, quanto Israel e Palestina.

    Nada é profano( pro mundo inteiro)

    Nada é sagrado( pro mesmo mundo)

    É uma questão de crença( que é subjetiva)

    E não da verdade( que é mais subjetiva ainda)

    Pra mim é uma questão pessoal: Quando um pastor enruste 10 000 dólares na Bíblia é profano.E quando Jesus dissse, amai o próximo como a ti mesmo é sagrado.

    É tremendamente fácil seguir o profano.E é tremendamente penoso seguir o sagrado.Ou quase impossível.

    Porém, não será cultuando santos que seremos sagrados.

    Muitos profanos tbm cultuam santos.

    E o carnaval é a mistura amigável do santo e o sagrado convivendo juntos na mais perfeita harmonia.

    Porque a alegria consegue ser santa e sagrada num ritmo só.
    E viva a alegria.

  2. Parabéns Weden pelo belo
    Parabéns Weden pelo belo texto. Acredito que a diversidade é a excência da beleza do povo brasileiro. A capacidade de não fazermos distinção entre os diferentes. Somos um verdadeiro carnaval de cores, religiões, culturas, decendências, enfim, de tudo o que molda o ser humano. Difícil encontrar no planeta a forma carinhosa com que recebemos todos os povos da terra, de braços abertos.

  3. HELô:

    Ah… vá…
    HELô:

    Ah… vá…

    Fiquei constrangido.

    Já me acostumei com sapatadas( desde os 19 anos)

    Um beijo singelo!

    ps: Vc é uma graça.Te gosto muito, sabia?

  4. Que coisa mais linda!
    Que
    Que coisa mais linda!
    Que maravilha Iemanjá mais branca e Nossa Senhora mais negra!
    Só falta uma indinha linda para completar.

  5. Parabéns, Weden! Gostei do
    Parabéns, Weden! Gostei do seu texto poético, da percepção aguda dos fatos e da clareza e leveza com que nos brindou.

  6. Essa questão da religiosidade
    Essa questão da religiosidade do povo brasileiro, que está acima das religiões, é uma das coisas mais fantásticas no Brasil. Os milhões de altares com santos, guias, orixás e etc, são exemplo, para o mundo, de tolerância religiosa e convivência pacífica que expõe claramente que, sendo para o bem, incorporamos naturalmente todas as correntes religiosas. Isso, literalmente não tem preço.

  7. Bonito, Weden!

    Estamos mesmo
    Bonito, Weden!

    Estamos mesmo precisando dessa religiosidade isenta, magnânima, uni-

    versal. Escrevo também para acrescentar (se isto é possível) algo ao que

    disse o anarquista (graças a Deus!) em suas ilações sobre o profano e o

    sagrado, e suas subjetividades. Muitos ainda creem que “sagrado” seria

    necessariamente bom, enquanto “profano” tenderia para ruim ou algo

    parecido. De fato, na origem, profano era apenas aquele que preferia ficar

    na porta do local sagrado, do templo, não entrando nele (etimol., Houaiss),

    enquanto o sagrado (Houaiss não explora esta palavra em toda sua

    origem, limitando-se à questão do divino) nesta acepção, está com um

    deus e não abre.

    Mas, veja só, sagrado valia para qualquer deus, mesmo aquele que

    fizesse suas malinagens. Tanto que os romanos (e também os gregos)

    chamavam de “osso sacro” ao osso que os antigos tiravam das vítimas,

    imoladas em sacrifício, para ofertar aos deuses. Talvez a escolha

    justamente desse osso, para a oferenda, tenha a ver com o local onde ele

    se encontra, lugar cheio de forças estranhas e de mistérios insondáveis

    (sexualidade, reprodução).

    Pois é, sagrado também tem muito a ver com “sacrifício”.

    Quem quiser ver o sacro, os desenhos do link mostram o do homem e o

    da mulher:

    http://www.afh.bio.br/sustenta/img/esqueleto%20diferenças%20entre%20sexos.jpg

  8. Weden, virgi nossa, agora dá
    Weden, virgi nossa, agora dá uma de poeta? vamos dividir este talento, meu! é muita coisa prum homem só. bonitos versos.

    Helô, quais comentários do Anarquista te são sagrados? os profanos?
    ou todos? bom, aí não dá para discutir…

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador