Ogum Empoderado, por Coletivo de Sambistas de Belo Horizonte

Um inventário sobre a manifestação cultural que o povo preto pratica desde as primeiras décadas da capital mineira: o samba.

Ogum Empoderado

Coletivo de Sambistas de Belo Horizonte e UFMG lutam por emenda parlamentar para realizar um inventário participativo visando o reconhecimento do samba como patrimônio cultural imaterial da cidade.

O Coletivo de Sambistas Mestre Conga de Belo Horizonte (que tem São Jorge/ogum como seu patrono espiritual) e o Projeto República da Universidade Federal de Minas Gerais conseguiram aprovar uma emenda parlamentar na Câmara Municipal de BH, proposta pela vereadora Macaé Evaristo (PT), que destina uma verba de R$ 400.000,00 para a realização de um amplo inventário participativo, visando o registro do samba como patrimônio imaterial da cidade.

A aprovação da emenda foi uma grande vitória para a o povo negro das periferias e favelas de Belo Horizonte que pela primeira vez terão um inventário sobre a manifestação cultural que praticam desde as primeiras décadas da capital mineira: o samba.

A principal característica do inventário é que será participativo e democrático, tendo os sambistas e as sambistas como protagonistas da pesquisa junto com pesquisadores do Projeto República do Departamento de História da UFMG, dirigido pela professora Heloisa Starling. Ou seja, a comunidade do samba não será apenas objeto da pesquisa mas protagonista e sujeito da pesquisa e contará com um Conselho de Mestres e Mestras remunerados pela emenda, assim como os sambistas que coordenarão a pesquisa junto com pesquisadores a Universidade Federal de Minas Gerais.

 O Coletivo foi fundado em 25 de agosto de 2020 e vêm desenvolvendo atividades como lives, lançamento de um samba denunciando a situação dos sambistas durante a pandemia, programas na Rádio UFMG, distribuição de bolsa auxílio às famílias de sambistas, entre outras atividades.

No dia 05 de abril de 2021 o Coletivo realizou uma grande live com apoio do Midia Ninja e a presença de Luiz Antônio Simas. historiador e escritor; Gabriel Portela, secretário de Cultura Adjunto de Belo Horizonte; Françoise Jean, Diretora de Patrimônio da Fundação Municipal de Cultura; José Newton Menezes, professor do departamento de História da UFMG; Bruno Viveiros, historiador do Projeto República;  Zu Moreira, jornalista; Nonato do Samba, Mestre da Cultura Popular de BH; Donelisa, da velha guarda; Marcos Maia, historiador e produtor cultural; Rosane Pires, professora e produtora;  Leo de Jesus, vice-presidente da escola de samba Acadêmicos de Venda Nova, Eliete Ná, sambista, compositora e intérprete de avenida da Acadêmicos de Venda Nova e o próprio Mestre Conga, mestre de todos e todas,  de 95 anos de idade. Depois da live foi formado um grupo de trabalho com a Secretaria Municipal de Cultura para discutir o registro mas que, infelizmente, não foi adiante.

Mas agora, com  a vitória da emenda, o Coletivo e a UFMG estão empenhados para que sejam superados os trâmites burocráticos de repasse da verba e se consiga, finalmente, realizar esse inventário participativo e inédito em Minas Gerais e talvez no Brasil, pois sua abrangência atingirá o registro de sambas antigos e atuais, personagens, entidades de samba do passado e do presente, terreiros de samba extintos e em  atividade (bares, quadras de escolas de samba). O inventário também contemplará dança, modos de vida, expressão corporal dos praticantes do mundo do samba, além de modos de falar, modos de andar, de celebrar a vida, rituais de morte, culinária, enfim, o samba como um “fato social total” no dizer de Luiz Antônio Simas, um dos apoiadores do projeto.

Passo decisivo para a conquista desse protagonismo negro na pesquisa de sua própria história será a reunião que será realizada agora, dia 04 de maios, com o Secretário de Governo da Prefeitura de Belo Horizonte, a Secretária de Cultura, Fabiola Moulin, a Professora Heloisa Starling, coordenadora do Projeto República/UFMG, Bruno Viveiros, historiador e produtor do Projeto República, a vereadora Macaé Evaristo, João Santiago, assessor da vereadora e dois representante do Coletivo de Sambistas Mestre Conga.

E seguindo a toada das escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo, que no último carnaval levaram os orixás para a avenida, estamos aqui para solicitar a sua torcida pelo empoderamento de  Ogum, patrono espiritual do Coletivo, na pesquisa do seu próprio patrimônio cultural imaterial.

Assinado: Coordenação do Coletivo de Sambistas Mestre Conga

 Instagram do Coletivo:

@sambistasmestreconga

Site do Projeto República da UFMG:

https://www.ufmg.br/projetorepublica

Live Samba de Belo Horizonte Memória, História e Patrimônio Cultural:

Redação

1 Comentário

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  1. É isso aí! O samba pedindo passagem e denunciando o racismo estrutural existente nas instituições de governo. Principalmente em Belo Horizonte, onde o conservadorismo é muito forte e está aflorado

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