Vai-Vai responde aos delegados: intenção era homenagear o hip hop

Carla Castanho
Carla Castanho é repórter no Jornal GGN e produtora no canal TVGGN
[email protected]

Escola responde o Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de SP após críticas sobre alegorias que teriam "demonizado" as polícias

Foto: Reprodução/Instagram Vaivaioficial

Campeã quinze vezes do carnaval paulista, Vai-Vai respondeu às críticas do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp), após ser vista como uma escola que utilizou de alegorias que demonizaram as polícias em seu desfile. Segundo a Vai-Vai, a intenção foi homenagear os 40 anos do hip hop à luz do grupo de rap Racionais MC’s, e não promover qualquer ataque individualizado ou provocação.

“A ala retratada no desfile de sábado, da escola de samba Vai-Vai, à luz da liberdade e ludicidade que o Carnaval permite, fez uma justa homenagem ao álbum e ao próprio Racionais Mcs, sem a intenção de promover qualquer tipo de ataque individualizado ou provocação, mas sim uma ala, como as outras 19 apresentadas pela escola, que homenageiam um movimento”, disse em nota.

Ainda de acordo com a nota divulgada à imprensa, a Vai-Vai buscou, no desfile de sábado, sensibilizar o público sobre o contexto histórico dos anos 1990 e lançar luz sobre as lutas enfrentadas pelos pioneiros do hip hop no país, destacando a alarmante situação da segurança pública no estado de São Paulo, “uma questão importante e latente, com índices altíssimos de mortalidade da população preta e periférica”.

“É de conhecimento público que os precursores do movimento hip hop no Brasil eram marginalizados e tratados como vagabundos, sofrendo repressão e, sendo presos, muitas vezes, apenas por dançarem e adotarem um estilo de vestimenta considerado inadequado pra época. O que a escola fez, na avenida, foi inserir o álbum e os acontecimentos históricos no contexto que eles ocorreram, no enredo do desfile”, continuou.

Repúdio do Sindicato

No manifesto de repúdio à escola de samba, o Sindpesp, representado pela presidente Jacqueline Valadares, disse que ao incorporar elementos como chifres e outros símbolos associados à figura de um demônio, as alegorias apresentadas na ala ‘Sobrevivendo no Inferno’ simbolizaram uma demonização da Polícia, tratando “com escárnio a figura de agentes da lei”.

Segundo o comunicado, ao abraçar o enredo deste ano, a escola de samba, em nome do que se autodenomina como ‘arte’ e defesa da liberdade de expressão, confronta abertamente as forças de segurança pública “de forma vil e covarde” aqueles que se empenham, incansavelmente, na proteção da sociedade e no combate ao crime. 

PL pede corte de verba

A representação durante o desfile da Vai-Vai também não agradou alguns parlamentares do Partido Liberal (PL). O deputado federal Capitão Augusto (PL-SP) e a deputada estadual Dani Alonso encaminharam ofício ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e ao prefeito da capital, Ricardo Nunes, para proibir o  recebimento de recursos públicos pela agremiação no próximo ano, tanto por parte da prefeitura quanto do estado.

Em defesa da escola

Primeira a desfilar no sambódromo do Anhembi, na capital paulista, com o enredo ‘Capitulo 4, Versículo 3 – Da rua e do povo, o Hip Hop – Um manifesto paulistano’, o desfile também contou com a presença do ministro Silvio Almeida em um carro alegórico, com uma versão pichada da estátua do bandeirante Borba Gato. 

No X, internautas saíram em defesa da escola de samba. Confira, abaixo, algumas manifestações:

Leia também no Jornal GGN:

Carla Castanho

Carla Castanho é repórter no Jornal GGN e produtora no canal TVGGN

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador