Sala de visitas discute arte de rua e desumanização de Dona Marisa pela grande imprensa

Nesta edição, Nassif entrevista, Tata Amaral e João Feres Jr e, ainda, Caito Marcondes e os irmãos grafiteiros Tim e Mauro Neri, responsáveis pelo anagrama VEraCidade 

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Jornal GGN – Uma moça de olhos vivos e corpo alongado, geralmente carregando uma casinha amarela nas costas, como uma mochila, e um convite para Ver a Cidade, ou VEraCidade. 
 
Essas são as marcas registradas do grafiteiro Mauro Neri que, ao lado do irmão Wellington Neri (Tim), criou em 2006 o projeto Imargem, junção da palavra imagem e margem, na região da represa Billings, no distrito do Grajaú, local com o menor índice de desenvolvimento da cidade de São Paulo. Os dois são os entrevistados do primeiro bloco desta edição do Sala de visitas com Luis Nassif. 
 
Mauro é um dos autores dos desenhos produzidos na Av. 23 de Maio, o maior mural a céu aberto da América Latina, apagado pelo prefeito João Dória (PSDB). O grafiteiro voltou ao local para tentar tirar a tinta cinza e salvar seu desenho, mas foi preso pela PM, fichado por crime contra o Meio Ambiente, e depois solto. 
 
A proposta higienista de Dória ganhou repercussão bastante negativa, contrária à esperada pelo novo prefeito. Para o apresentador Luis Nassif, Mauro destacou que Dória conseguiu, no final das contas, recolocar o debate do uso do espaço público no centro das discussões apresentando tanto um lado positivo, quanto negativo, da sociedade paulistana.
 
“Primeiro, porque muitos confundem nosso trabalho com pichação, e a maioria quer ver os pixadores mortos, querem cortar suas mãos, querem prendê-los. Veem isso como um crime, enquanto tantas coisas, como a própria propaganda comercial, ou a propaganda política não são vistas como crimes. Esses jovens [pixadores e grafiteiros] estão dizendo coisas que a gente talvez precise ouvir, precise saber, e estão sendo censurados nesses espaços legais, que conquistaram com legitimidade”, refletiu Mauro.
 
No segundo bloco desta edição, Luis Nassif recebe Tata Amaral. A cineasta está produzindo a série de documentários “Causando na Rua”, que retrata a atuação dos artistas livres nas ruas da cidade de São Paulo. 
 
Tata é reconhecida como uma das mais talentosas e premiadas realizadoras da cinematografia recente. Com seus longas metragens, conquistou quase 70 prêmios em festivais nacionais e internacionais.  Nesta entrevista ela contou como surgiu a proposta da série, fruto de um trabalho anterior chamado ‘Rua’.
 
“A Eloá Chouzal, Caru Alvez de Souza e eu tivemos a ideia de fazer uma série sobre a rua e a ocupação da rua, as ações criativas na rua, em três episódios de ativismo artístico na cidade. Foi aí que conhecemos o pessoal do Imargem”, dos grafiteiros Mauro e Tim Neri, que também compõe as personagens do trabalho que foi patrocinado pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos da Cidade de São Paulo, na gestão Haddad.
 
O Rua chamou atenção de outros setores artísticos e, em pouco tempo, a produtora de Tata foi convidada pelo canal CINEBRASILTV para produzir a série Causando na Rua.
 
“Depois de me envolver tanto com o ativismo artístico, a gente vai agora para segunda temporada, que vamos começar a produzir entre junho e julho. O que fica é que a coisa mais contemporânea que a gente pode imaginar [hoje] é a arte que acontece na rua”, provoca Tata, destacando que, ao contrário da arte dos museus, que de maneira alguma era desprezada, a arte de rua tem um forte potencial de transformação por conta do contato direto entre artista e público.
 
Em seguida Nassif entrevista nesta edição, e por Skype, João Feres Júnior, professor de Ciência Política do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ, coordenador do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA) e do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), que abriga o site Manchetômetro e o boletim semanal Congresso em Notas.  
 
Feres Júnior analisa a desumanização da Dona Marisa Letícia pelos principais meios de comunicação no país, desde o dia em que a esposa de Lula deu entrada no Hospital Sírio Libanês, com o AVC, até depois de sua morte. 
 
O professor destaca, também, que fez uma revisão da cobertura que a grande imprensa, sobretudo a televisiva, realizou sobre Marisa, Lula e do PT, em 2015 e 2016.
 
“Primeiro, há um grande esforço de envolver o Lula e de mostrar que a família dele participa, que ele é corrupto. Eles apresentam [a informação como uma reportagem razoavelmente neutra. Só que essa reportagem neutra, na verdade, é simplesmente uma edição do conteúdo dos documentos da PF e do Ministério Público Federal. Então, na verdade, eles replicam, de maneira condensada, todas as acusações que a PF e o MPF fazem contra o Lula, sem, em momento algum, fazer o trabalho jornalístico de checar se aquilo lá é de fato condizente, se tem base material”.
 
Por fim, no bloco de música, Nassif recebe o percussionista e compositor, Caito Marcondes, integrante da Orquestra Popular de Cordas. Seu primeiro disco solo, Porta do Templo, foi considerado um dos 150 melhores lançamentos de 1998, na Europa, pelo World Music Charts Europe. 
 
Seu último trabalho – Caito Marcondes Trio -, mistura violino, contrabaixo e percussão, contando com a participação de convidados, todos grandes artistas, entre eles Lea Freire, Arismar do Espírito Santo, Shen Ribeiro, Tracy Silverman, Paul Hanson e Henrique Eisenmann.
 
O Trio é formado pela filha e genro de Caito e surge na comemoração dos 45 anos de carreira de Caito Marcondes, que ganhou seu primeiro cachê no dia 20 de julho de 1969, aos 15 anos de idade, exatamente no dia em que o homem chegou à Lua. 
 
 
 
 
Redação

5 Comentários

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  1. Gostaria de saber se algo que ouvi hoje é verdade, acho que nao

    Marisa tinha um emprego no Congresso e ganhava mais de 60.000,00 e Lula terá pensao dela? Imagino que isso seja mais uma do tipo “o filho do Lula é dono do Friboi” ou é dono de uma mansao imensa (com imagem de uma instituiçao pública…). Mas gostaria de poder negar com conhecimento de causa, alguém sabe algo a esse respeito?

     

  2. sala….

    Acabou a ditadura. Isto foi lá nos anos de 1980, eu creio. Continuamos com escolas mediocres, as mesmas familias dominando o transporte público de ônibus neste meio século em qualquer cidade pequena, média ou grande, saúde pública pior que a fornecida a animais de alguns países, preços extorsivos, Estado sendo doado ao interesse estrangeiro, segurança que enfeita números para 100.000 assassinatos parecerem “somente” 70.000, empregos braçais e de pouca escolaridade em país que fornece mercado para as maiores filiais das maiores empresas mundiais e nada disto muda. E continuamos com nossa politica e imprensa dando espaço para grupelhos bem organizados politicamente discutirem pichações, tratamento para gatos e cachorros, que agora são “pets” e outras coisas tão importantes quanto as citadas. O Brasil se explica. 

  3. Parabéns! E como fiquei

    Parabéns! E como fiquei curioso, mesmo correndo o risco de levar um “a curiosidade matou o gato” n’oreia, deixo uma sugestão: quem sabe, se não atrapalhar o formato do programa nem, como diz Walter Benjamin, o “hic et nunc” das obras, inserir fotos dos graffitis (1a. entrevista) ou das intervenções de que fala a Tata do Amaral, enquanto se fala deles? Não precisa ser daqueles cortes na ilha mas quem sabe se os próprios entrevistados tivessem levado umas fotos e as pusessem em cima da mesa? Num papo a gente, quando cabe, leva uma fotos…

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