Todos os caminhos levam à Roma, por Magali Romboli

Paulistanos são romanos tupiniquins incrivelmente adaptados por terem no seu código genético um pouco de tudo que deu ou não certo

Todos os caminhos levam à Roma, por Magali Romboli

Já tem tempo que São Paulo é a cidade com o maior número de filhos e netos de italianos. Se a Embaixada diz que no Brasil vivem 25 milhões de descendentes, só no estado de São Paulo tem uns 13 milhões e na capital, não parei para contar, non ho più pazienza per questo.

Os filhos de Roma são inquietos, conquistadores, odeiam preguiçosos mesmo que depois do almoço de domingo fiquem lentos. Estão sempre a falar, empreender, planejar, projetar, expandir e a comer.

Se admiram dos domínios yankees, só no cinema e sabem que a China não cairá na armadilha de querer como os Césares domínio tudo, por saberem que um Império não cai com a mais valia da mistura étnica, mas porque é difícil demais manter tantos tentáculos. Por isto, me perdoem os doutos da geopolítica, mas Roma foi e é por certo, e, ainda será por muito tempo o Império, que nos influencia.

Assim como é de Dante o mais profundo dos infernos. E de Shakespeare a mais bela história de amor ¨italiano¨.  De Leonardo as grandes invenções e a autoria da pintura mais famosa. É de Michelangelo o mármore que quase fala e até o Deus barbudo, que habita no imaginário ocidental é obra de um florentino.

A gente pode escolher se quer ver estações com Botticelli ou ouvir com Vivaldi. Foi de Marco Polo uma das maiores aventuras ao Oriente e de Colombo o vislumbre de um Novo Mundo. Até um argentino, que já foi bem marrento, virou o Papa mais pop da Igreja Apostólica Romana.

Tem príncipe de Maquiavel, o direito revigorado por Bobbio, a escultura em terracota de Angelo Taccari e tudo que toca a alma pode vir das uvas da Toscana.

Paulistanos são, portanto, romanos tupiniquins incrivelmente adaptados por terem no seu código genético um pouco de tudo que deu ou não certo, um encontro perfeito do velho e do jovem. Ponto de chegada de pessoas do mundo que correm, migram, fogem ou se refugiam, em um lugar do tamanho de Portugal. São Paulo é potência, é força, é Roma revigorada.  

Na maior cidade do Cone Sul é raro conhecer uma união estável e transversal a tudo, feito história de amor, que se materializa naquela tão desejada associação entre conquista, trabalho, estética e poesia. 

Ele é engenheiro, ela de múltiplas graduações. Ele é militante, revolucionário. Ela é educadora e inovadora a partir da tradição.  Ele é visionário, ela é pé no chão. Ele descendente de italiano, ela é de todas as nações.

Deste casal nasceu uma grande família. Bonita, complexa, inquieta, exigente. Afinal, o conhecimento os fez responsáveis pela educação de muita gente, jovens de todas as etnias, credos, gêneros e classes sociais. Se Renato Russo fosse paulista, por certo teria musicado a história de Eduardo e Cristina.

Dizem que jornalistas são colecionadores de histórias e que no inverno, quando ficam melancólicos e estão sozinhos, reviram livros por saberem como Eco que: “a vida seria tranquila sem o amor. Segura, sossegada… e monótona”, mas sou como Pagu, sigo absolutamente submissa ao amor, então São Antônio, cadê meu par.

* Magali Romboli, jornalista e pesquisadora em Educação, signo de escorpião

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Redação

1 Comentário

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  1. Gauchos não se consideram brasileiros, paranaenses e catarinenses também não. Paulistas acham que são italianos…Muitos odeiam o Brasil, queriam morar fora, ter outra cidadania, se acham superiores e desprezam os brasileiros de outras regiões. Muito triste esse viralatismo e muito triste esse texto da jornalista brasileira que se acha itlaliana….

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