Gloster Meteor, o primeiro jato de caça em operação no Brasil

Enviado por jns

Do Blogpaedia

Gloster Meteor, o avião que foi trocado por algodão!

Na sua qualidade de pioneiro a usar a tecnologia do jato, ele era simples e chegou a ser usado no apagar das luzes da II Guerra Mundial na busca e interceptação das famosas bombas alemãs V1.

As compras de avião pela FAB têm uma longa tradição de mistérios e fatos inusitados e não foi diferente com os Gloster Meteor, que dizem ter sido trocados por toneladas de algodão com a Inglaterra, que estava quebrada ao término da guerra.

A opção primeira teria sido os jatos americanos F-86 Sabres, que nos foram negados pelos EUA, no exercício da sua costumeira paranóia geopolítica. Tempos depois e arrependidos, os americanos tentaram nos enfiar goela a baixo os F-86 por um preço exorbitante.

 

Adquiridos em 1953, os primeiros Gloster Meteor equiparam o 1º Grupo de Caça em Santa Cruz em substituição aos P-40. Na Coréia ele foi usado pela Austrália, com resultados terríveis frente ao poderio dos MIG 15 russos e dos F-86, mas, segundo o piloto Paulo Pinto, que foi um dos pioneiros a voá-lo no Brasil, por aqui ele ainda era o rei do pedaço em 1962.

O Gloster era equipado com dois motores Rolls Royce Derwent V com 3.500 libras de empuxo. Nem para a época isto era considerado muita potência. Mesmo assim, a motorização o tornava superior aos F-80 que foram trazidos pela FAB em 1957.

A superioridade do Gloster se impunha, tanto em ganho de altitude, quanto em baixa altura. Ele podia desengajar a hora que quisesse de um combate com o F-80.

Usando a superioridade, o piloto do Gloster usava a tática sequencial, sempre impondo a vantagem da altura, obrigando o piloto do F-80 a “quebrar o pescoço”.

Uma das peculiaridades do Gloster era o freio a ar. No motor esquerdo havia um compressor que alimentava o sistema pneumático, que alimentava simultaneamente os freios e o engatilhamento inicial dos canhões.

Numa época pré-aviação a jato, a aviação comercial brasileira era operada por Constellations, DC-7, DC-6, Convair e outros aviões antigos – naqueles tempos os voos em altitude era uma prerrogativa da aviação de caça. O espaço aéreo controlado chegava até os 3.900 metros, a partir do qual começava o reinado dos únicos que conseguiam atingir 13.000 metros.

Considerado pelos pilotos como o avião perfeito para o próprio piloto, até o taxiamento dava prazer, realizado de capota aberta, apitando a cada acionamento do freio a ar. Paulo Pinto nos fala da aeronave confortável e bem climatizada, dos motores confiáveis e da ausência de nariz; tudo era motivo de satisfação.

Ele ainda lembra do vozerio dos quatro canhões atirando juntos! Mesmo que, para os padrões modernos, não seja muito poder de fogo, os tiros espaçados, quase podendo ser contados, infundiam no piloto uma imensa sensação de poder!

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O Gloster Meteor F.8 foi um dos primeiros aviões a jato a ser utilizado pela

Real Força Aérea Australiana após a Segunda Guerra Mundial.

Redação

18 Comentários

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  1. A história do Meteor no

    A história do Meteor no Brasil é antes de tudo um exemplo de longevidade, aliais uma longevidade muito maior do que a aceitável, existem fotos deles alinhados com outros jatos mais modernos ainda nos anos 70, com a unica mudança relevante sendo a troca da vistosa pintura prateada e “ovo estrelado” por uma moderna camuflagem.

    Quanto a aquisição, o Brasil queria o melhor disponível nos anos 50, o F-86 Sabre, mas ao mesmo tempo queria tratamento de aliado misserável, em outras palavras queria os aviões, mas através de uma quase doação usando algum programa de ajuda americana a paises necessitados, ou o pagamento através de café ou algodão, uma proposta quase vexatória. Mesmo assim os americanos tentaram nos vender, mas a preço de mercado, já que a linha de produção do Sabre estava tomada com pedidos dos aliados, nessa tentativa haveria a venda dos produtos oferecidos e com o dinheiro arrecadado a compra dos aviões, mas o dinheiro não era suficiente para a quantidade pretendida, então continuamos com os obsoletos Meteor.

    É importante notar que vários de nossos vizinhos na mesma época do alegado boicote americano fizeram a compra dos F-86 Sabre negados ao Brasil, Venezuela e Argentina mais notavelmente, mas eles deviam pagar em dinheiro. Reparar também que nesse mesmo período o Brasil recorreu aos programas de ajuda militar americanos e recebeu os igualmente obsoletos F-80, que duraram muito pouco no inventário da FAB por conta de fadiga durante as operações.

    Mas o dinheiro que faltava para os caças sobrava para aviões de transporte, o Brasil sempre se orgulhou de possuir uma das melhores frotas de aviões de transporte do continente, talvez por ter muita autoridade “precisando” se deslocar por ai.

    1. Longevidade ?

        Os problemas começaram em 1965 ( longarinas) , a frota operacional começou a ser “groundeada” já em 1966 (01/10/66), o ultimo voo de um TF-7 no logbook FAB foi no dia 07/10/1971, o “4309” que já estava desativado desde 1968, atualmente em exposição no MUSAL, junto com um F-8 que chegou ainda na década de 70 ser utilizado em Santa Cruz como “rebocador de alvos”, mas em 22/04/74 tb. foi para os Afonsos e MUSAL.

         Longevidade é dos F-5 E, o 1o de toda a produção, é de 1971 ( USAF 71 – 1417 ), ainda esta operacional na FAB, foi até modernizado, é o atual F-5 EM ” 4856 “.

      1. A retirada precoce

        Foi devida ao tipo de operação utilizada pela FAB. Embora desenvolvido como avião de caça interceptor, devido as doutrinas trazidas da Italia na 2º guerra mundial, foi utilizado como avião de ataque e mergulho, tipica operação do 1º esquadrão de caça com os P47. As longarinas das asas não suportaram tantos g e as fissuras provocaram a sua retirada de serviço antes do planejado. Em consequência disto, a FAB adquiriu jatos T33 americanos em substituto até a chegada dos Embraer Xavantes.

        1. Isso mesmo

             A doutrina operacional nunca foi compativel com a aeronave, alguns ex-pilotos, ainda vivos, comentam que o Nero Moura insistia nesta doutrina de ataque ao solo, apoio aproximado com os foguetes ( HVAR 127mm , que descompensava o Meteor , ” caia de cauda na recuperação ” e nem tinha colimador para tiro terrestre, era na “louca” ), porque tentava pressionar o governo a estender sua rede de alarme/radares visando uma doutrina de “defesa aerea”, o que só foi possivel anos depois, quando da aquisição dos F-103 ( Mirage III EBR ) e seus sistemas de apoio ( Cindacta 1 ).

              Voar uma “garça brava” , um “tanque”, como o P-47 é uma doutrina, já voar um interceptador dedicado como o Meteor, sem um GCI era algo completamente diferente.

      2. Cap. João Bosco de Oliveira

        Querido amigo caiu em Belford Roxo trazendo uma das primeireas unidades do F5 (vários da esquadrilha tiveram problemas e ficaram pelo caminho).

        Detalhe: podendo se ejetar levou o avião até o solo. Em uma área densamente povoada, foi a única vítima.

  2. Acho que foi um pessimo

    Acho que foi um pessimo negocio e uma falta de visão dos comandantes da FAB e dos lideres no Brasil daquela época. Todos os países da Europa estavam praticamente quebrados ao final da Segunda Guerra, os lideres militares e políticos daquela época podiam ter usado de influencia e mais inteligência para obter tecnologia e mão de obra qualificada em áreas de tecnologia avançada para poderem promoverem o desenvolvimento tecnologico do Brasil. 

  3. Compra e Estados Unidos.

        O “algodão” , não é mistério é real, os 70 Meteors foram trocados por 15.000 Toneladas de algodão, operação muito semelhante a que a Inglaterra fez na mesma época ( final dos anos 40, inicio do 50 ), com a Argentina ( 100 Meteors em 1947 + uma frota de Bombardeiros Lancaster e Lincoln ), referente a divida existente entre a Inglaterra e Argentina, por fornecimento, notadamente de carne, durante a 2a GM.

         No final de 1945, o Brasil se interessou por “caças a jato”, e ainda no bojo do Lend – Lease Act, foi oferecido ao Brasil a opção para a aquisição do P-80 ( F-80 A Shooting Star ), tanto que em julho de 1947 um grupo de 4 pilotos, todos veteranos da Itália, foram para os Estados Unidos ( Willians AFB – Arizona ), e em novembro já tinham “brevetado” na aeronave,  o contrato para o F-80 A não tinha restrição alguma do governo americano, nesta ocasião o F-84 tinha menos de 1 ano de operação, e o F-86 só ficaria operacional em fev de 1949, sendo ambos apenas “liberados” para exportação ( out NATO e aliados preferenciais ), a partir de 1955, para o Perú e em 1960 para a Argentina.

           Já os TF-33 e F-80 C, encomendados em 1956, nem foram “pagos”, foram enviados, como varios navios da MB no mesmo periodo, como parte do PDAM / TIAR , já em 1968 coma desativação completa dos Metors restantes, foi adquirida perante a USAF , mais unidades de TF-33 para Canoas e Santa Cruz, os anteriores ( F-80C ) eram baseados em Fortaleza.

         

  4. Quase ressuscitou, uma parte

        Nos anos 80 ( 82 a 89 ) uma empresa nacional, a MOTOPEÇAS ( já faliu ), elaborou um veiculo semelhante, aliás uma evolução do M-113 ( Veiculo blindado para transporte de tropas ), excelente e comparavel aos VCIs russos ( Veiculo de combate de infantaria ), que estavam entrando em operação no “Red Army”, foi o ‘CHARRUA” ( hoje 30 anos depois, ainda seria moderno ) mas……, os M113 eram praticamente de “grátis”, e americanos não gostam de concorrencia.

         Pois bem, a época o EB/CFN, desejavam um veiculo para anti-aerea, e a MOTOPEÇAS fez um protótipo calçando na unidade, dois ( gemeos ou “twins” ) canhóes AAe Bofors de 40mm, o veiculo aguentava o “tranco” ( 18 toneladas tem o bicho  ), mas com os Bofors suecos o veiculo ficou caro ( os canhões custavam mais que o veiculo ), e qual foi a solução :

         Quando os Meteors foram descontinuados, seus canhões, cada um tinha 4, Hispanos Mk V ( HS 404 ), foram retirados,nos anos 80 ainda existiam em estoque, operacionais, uns 100, e foi colocado 4 deles em uma torre sobre um Charrua, funcionou, a cadencia era baixa, mas com 4 compensava-se a cadencia individual com volume e angulo, o EB testou, funcionou para as ameaças possiveis no teatro local possivel, mas o EB não adquiriu.

          A Bofors, veio com um “puta” financiamento e vendeu os rebocados 40mm/L70, e os alemães/franceses com o primeiro missil SAM, o Roland ( 4 UTs ).

          O Charrua, em todas as versões, ficou para a história, junto com os HS404 e os Meteors.

    1. Monumento na Praça de Canoas


      Sou de Porto Alegre e fui até Canoas para fazer umas fotos do Gloster Meteor, monumento histórico que lembrava a minha paixão na infância, me deparei com um monumento sem o mínimo de cuidado, sua pintura envelheceu, sua superficie criou limo e ele ficou como uma sucata desbotada… na época contatei a prefeitura, a base aérea e passando por lá outras vezes não notei diferença, continuava abandonado

      . Muito obrigado pelo espaço. Pedro

  5. Suspeito

    Sou suspeito ao falar do Meteor.

    Para mim uma aeronave linda!

    Era o que a FAB tinha para o momento., melhor que o P80 e o Tweety Bird, Só superado pelo f103, mas este era 15 anos mais moderno do que as aeronaves que sucedeu. Este sim recolucionou a FAB, E inaugurou a doutrina em voga na FAB e o Cindacta.

    Particularmente gosto da piintura de ovo estalado!

  6. Gloster e vidros quebrados

    Nos anos 60, na comemoração da aviação de caça, havia exibição de bombardeio a balsas-alvo, em Copacabana. O deslocamento de ar das explosões e o voo à baixa altitude quebravam vidraças da Atlântica.

    O som das turbinas era único.

  7. Gloster Meteor

    O primeiro caça a jato operacional da RAF

    Todas as variantes da produção Meteor, totalizaram cerca de 3.800 aeronaves e permaneceram em produção até 1954.

    Gloster Meteor F9/40 (DG202/G)

    Gloster Meteor F9/40 (DG202/G)  [@ RAF Cosford]

    Gloster Meteor F9/40 (DG202/G)

    Gloster Meteor F9/40 (DG202/G)

    Gloster Meteor F9/40 (DG202/G)  [@ RAF Hendon]

    Gloster Meteor F.4 (EE531)

    Gloster Meteor F.4 (EE531)

    Gloster Meteor F.4 (EE531)  [@ Midland Air Museum]

    Gloster Meteor F.4 (EE549)

    Gloster Meteor F.4 (EE549)  [@ RAF Tangmere]

    Gloster Meteor F.4 (EE549)

    Gloster Meteor F.4 (EE549)  [@ RAF Tangmere]

    Gloster Meteor T.7 (VX634)

    Gloster Meteor T.7 (VX634)  [@ Newark Air Museum]

    Gloster Meteor T.7/8 (WA634)

    Gloster Meteor T.7/8 (WA634)  [@ RAF Cosford]

    Gloster Meteor F.8 "Prone Position" (WK935)

    Gloster Meteor F.8 “Prone Position” (WK935)  [@ RAF Cosford]

    Gloster Meteor F.8 (WL168)

    Gloster Meteor F.8 (WL168) [@ York Air Museum]

    Gloster Meteor F.8 (WK654)

    Gloster Meteor F.8 (WK654) [@ City of Norwich Aviation Museum]

    Gloster Meteor F.8 (WH301)

    Gloster Meteor F.8 (WH301)  [@ RAF Hendon]

    Gloster Meteor F.8 (WA829 / WA984)

    Gloster Meteor F.8 (WA829 / WA984)  [@ RAF Tangmere]

    Armstrong Whitworth Meteor F.8 (EG224)

    Armstrong Whitworth Meteor F.8 (EG224)

    Gloster Meteor F.8 (EG224)  [@ Koninklijk Leger Museum, Brussels]

    O Meteor provou ser um avião extremamente adaptável ​​e robusto, não apenas para a RAF, mas também para uma ampla gama de operçóes de desenvolvimento. 

    Embora muitos Meteors sobrevivam em museus e coleções, apenas cinco permanecem navegáveis, sendo quatro no Reino Unido e um F.8 que foi exportado para a Austrália em 2002.

    MAIS INFORMAÇÕES:

    http://plane-crazy.k-hosting.co.uk/Aircraft/Jets/Meteor/gloster_meteor.htm

     

     

     

     

  8. Prepara-te para a guerra, se quer a paz!

    Os Glosters Meteors tiveram papel decisivo na dissuasão brasileira contra a França na “Guerra da Lagosta” entre 1961 e 63, surpreendendo, pela velocidade, os franceses no controle do espaço aéreo de Pernambuco. Goulart não deixou barato e houve mobilização militar dos dois lados; a pátria do Costeau teve a cara de pau de alegar que a lagosta era peixe (e nós que não éramos uma nação séria, de acordo com o De Gaulle na época), por isso não havia impedimento para a sua captura pelos pesqueiros franceses na nossa plataforma, pois ela saltava por sobre a mesma. Também ocorreram  manifestações nacionalistas populares em Santos, pois um amigo de meu pai mudou o nome de sua livraria de Paris para Jangada na calada da noite em plena Rua do Comércio no centro histórico, frustrando nossos patriotas irados que foram protestar por lá na manhã seguinte. Hoje, essa cidade é das mais reacionárias e antinacionais, uma sucursal dos Jardins de Sampa, aonde pessoas de vermelho chegam a ser hostilizadas, mesmo tendo o PT construído o único hospital nos últimos 70 anos e as atuais administrações de direita não manterem funcionando adequadamente o RX no posto de saúde em área nobre, ou equipamento de medida de contagem de leucócitos!

    1. Uau! Vou pesquisar sobre esse

      Uau! Vou pesquisar sobre esse evento dos “Gloster Meteor” com os franceses na década de 1960. Isso é novidade pra mim que amo a nossa aviação brasileira. Obrigado pelo post.

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