Era uma vez um país chamado Brasil, por Eduardo Ramos

Há vergonhas, humilhações, que se as instituições deixam passar por covardia pusilânime, causam esse efeito. Vou além: Bolsonaro é consequência direta daquele dia. Cegos não enxergam isso!

Era uma vez um país chamado Brasil

por Eduardo Ramos

Alguns eventos são emblemáticos, representam um desafio às autoridades, às instituições e à própria nação como um todo.  Determinam o tempo presente e o tempo futuro de um país, tamanha a sua dimensão.

Cito os dois mais graves no Brasil na última década: o primeiro, quando Moro soltou a gravação da conversa entre Dilma e Lula para a Globo, que a parcela enferma e fanatizada da sociedade comemorou com júbilo.

Não atinaram que um crime dessa magnitude deveria ensejar na cassação imediata da Globo e na prisão de Moro. Não atinaram que ali, enterrava-se não Lula, Dilma e o PT, enterrava-se um país!

Quando o Supremo nada fez, assinou o atestado de óbito de um país chamado Brasil. Há vergonhas, humilhações, que se as instituições deixam passar por covardia pusilânime, causam esse efeito. Vou além: Bolsonaro é consequência direta daquele dia. Cegos não enxergam isso!

O segundo evento ocorreu ontem no Rio. Em uma rebelião clara, em um desafio gritante à uma determinação do STF, de que batidas policiais desse porte fossem banidas durante a pandemia, o governador Cláudio Castro autorizou a invasão da favela do Jacarezinho por um verdadeiro exército de policiais civis, e os relatos dão conta de uma chacina, um massacre hediondo. E não há como colocarem armas ou drogas nas mãos dos vinte e cinco mortos. É evidente – e fala-se aqui dos primeiros pronunciamentos dos moradores – que trabalhadores inocentes foram chacinados entre alguns criminosos. Casas foram invadidas. Execuções cometidas. Um evento dantesco, que revela toda a miséria civilizatória que atingimos, mais uma vez, num retrocesso perverso, que humilha e degrada ainda mais (como se fosse possível…) a nossa imagem aos olhos do mundo civilizado.

Se não houver reação do Supremo, dos políticos, da sociedade, estaremos mais uma vez enterrando o Brasil, destruindo nossa base civilizatória de vez, nos tornando como uma imensa tribo de selvagens desgovernados, como se já não fosse essa a nossa pavorosa realidade.

A conta dos estragos causados pela Lava Jato chegou e tem sido pesada. Alguém tem que dar um basta, antes que viremos de vez “apenas” uma grande milícia nas mãos dos Moros, dos Bolsonaros e Claúdios Castros da vida.

. (eduardo ramos)

Este artigo não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Redação

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