O porto de Gaza por trás do genocídio palestino, por Luís Nassif

Israelenses querem controle de região banhada pelo Mar Mediterrâneo desde os tempos iniciais do sionismo de David Ben-Gurion

David Ben-Gurion, ex-primeiro-ministro de Israel. Foto: Wikipedia

Israel planeja tomar Gaza desde os tempos iniciais do sionismo de David Ben-Gurion.

Ben-Gurion foi um dos fundadores do Estado de Israel e o seu primeiro primeiro-ministro. 

No início da década de 1950, Ben-Gurion começou a considerar a construção de um porto em Gaza. Ele acreditava que o porto poderia ajudar a promover o comércio entre Israel e Gaza. Mas temia que pudesse ser usado para o contrabando de armas e mercadorias para o Egito.

O Egito era um inimigo de Israel na época, e Ben Gurion acreditava que o porto poderia ser usado pelo Egito para apoiar grupos terroristas palestinos. No final, Ben-Gurion decidiu construir o porto, mas com fortes medidas de segurança.

O porto foi inaugurado em 1957 e foi administrado por uma empresa israelense. As mercadorias que entravam e saíam do porto eram sujeitas a rigorosos controles de segurança.

O controle de Israel sobre o porto sempre impediu o desenvolvimento de Gaza e a melhoria de vida dos palestinos.

Um relatório do FMI, de maio de 1998, já identificava esses problemas. Dizia o relatório:

“De 1967 até ao início de 1994 – um período essencialmente de ocupação militar – a Cisjordânia e a Faixa de Gaza estiveram numa união aduaneira com Israel, e o padrão comercial da Cisjordânia e da Faixa de Gaza tornou-se altamente orientado para Israel. O Protocolo de Relações Económicas de Abril de 1994 entre a OLP e Israel produziu um quadro para o regime comercial da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, proporcionando à Autoridade Palestiniana algumas opções para modificar a união aduaneira prevalecente. Contudo, este regime comercial previsto não se tornou realidade; os obstáculos ao comércio intensificaram-se, principalmente devido aos procedimentos de segurança israelitas. Estes procedimentos resultaram em pesadas barreiras comerciais administrativas e logísticas e em tentativas da Autoridade Palestiniana de ultrapassar algumas destas barreiras através de políticas que podem, elas próprias, ter consequências adversas na alocação de recursos para a economia palestiniana”.

Israel poderia definir o que entraria, se apropriar de toda a receita aduaneira, e praticamente impedia políticas comerciais autônomas da Cisjordância e Faixa de Gaza com outros países.

Mais:

“A maior influência nos padrões e volumes comerciais da Cisjordânia e da Faixa de Gaza foram as restrições impostas pelos Israelitas em relação a considerações de segurança, que aumentaram os custos e abrandaram substancialmente o fluxo de mercadorias, minando assim consideravelmente a competitividade da Palestina. economia. Estas restrições tiveram impacto não só no comércio entre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza e Israel, entre a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, e por vezes até entre cidades palestinianas na Cisjordânia, mas também o acesso da Faixa de Gaza a países terceiros porque, sob a Acordo Provisório Israel está autorizado a controlar todas as passagens internacionais”.

O mapa de Bibi

Em 1997, o então primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu apresentou um mapa à Organização das Nações Unidas (ONU) que propunha um plano para o futuro de Israel e da Palestina.

O mapa, conhecido como o “Mapa de Bibi”, incluía uma série de propostas controversas:

– A manutenção de todas as colônias israelenses na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.

– A criação de um estado palestino com fronteiras reduzidas.

– A ligação entre Israel e a Cisjordânia através de um corredor de terra.

O mapa foi rejeitado pela comunidade internacional e pela Autoridade Nacional Palestina (ANP).

Em relação ao Porto de Gaza, o mapa de Bibi propunha que fosse controlado por Israel e que as mercadorias importadas e exportadas através do porto fossem sujeitas a inspeção israelense.

Esta proposta foi criticada pela ANP, que argumentou que seria uma violação da soberania palestina.

O mapa de Bibi nunca foi implementado, mas continua a ser um ponto de referência nas negociações de paz entre Israel e a Palestina.

O porto de Gaza

O maior projeto de Israel para a região é o Gaza MEZ, que prevê a construção do porto marítimo e uma rodovia na região costeira de Gaza. O porto seria usado para exportar mercadorias produzidas em Gaza, e a rodovia seria usada para transportar mercadorias entre Gaza e Israel.

Não por coincidência, as cidades mais atingidas pelo bombardeio israelense são aquelas localizadas na região costeira de Gaza, as cidades de Gaza, Khan Younis, Rafah e Jabalia. 

Gaza é a capital do enclave de Gaza e a maior cidade da região. Khan Younis é a segunda maior cidade de Gaza e está localizada a cerca de 20 quilômetros ao sul de Gaza. Rafah é a cidade mais ao sul de Gaza e faz fronteira com o Egito.

Jabalia é uma cidade no norte de Gaza e está localizada a cerca de 10 quilômetros da fronteira com Israel. Essas cidades estão localizadas ao longo da costa do Mar Mediterrâneo, que banha a Faixa de Gaza.

A nova Nabka

A afirmação do Ministro do Likud, Avi Dichter, de que “estamos lançando a Nabka 2023” é a comprovação clara de que o genocídio palestino obedece a uma lógica geopolítica.

Quando questionado novamente se esta era a “Gaza Nakba ”, Dichter – membro do gabinete de segurança e ex-diretor do Shin Bet – disse “Gaza Nakba 2023. É assim que vai acabar”.

Mais tarde, quando lhe perguntaram se isso significaria que os residentes da Cidade de Gaza não seriam autorizados a regressar, ele respondeu: “Não sei como é que isso vai acabar por acontecer, uma vez que a Cidade de Gaza é um terço da Faixa – metade da população do país, mas um terço do território.”

A Nakba é o termo usado pelos palestinos para se referir ao êxodo de cerca de 700 mil palestinos de suas terras na Palestina histórica, durante e após a guerra árabe-israelense de 1948. O termo significa “catástrofe” ou “desastre” em árabe.

A Nakba foi um evento traumático na história do povo palestino. Ela resultou na perda de suas terras, casas e propriedades, e no deslocamento de uma grande parte da população. Os palestinos que foram expulsos de suas terras tornaram-se refugiados, e muitos deles vivem em campos de refugiados até hoje.

A Nakba é um evento fundamental para entender o conflito israelo-palestino. Ela é a base da reivindicação palestina de um Estado independente, e é um lembrete constante da tragédia que aconteceu ao povo palestino.

Aqui estão alguns dos eventos que levaram à Nakba:

– Em 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou o Plano de Partilha da Palestina, que dividia o território da Palestina em dois Estados, um judeu e um árabe. Os árabes rejeitaram o plano, e a guerra estourou.

– Durante a guerra, as forças israelenses tomaram controle da maior parte da Palestina histórica. Os palestinos que ficaram sob controle israelense foram expulsos ou forçados a fugir.

– No final da guerra, cerca de 700 mil palestinos haviam sido expulsos de suas terras. Eles se tornaram refugiados, e muitos deles ainda vivem em campos de refugiados até hoje.

Luis Nassif

3 Comentários

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  1. Parece que é tudo mais do mesmo, ou seja: DINHEIRO E PODER. Neste caso específico Aquele que deveria ser o Deus único e ter Seus Mandamentos e Ensinamentos seguidos rigorosamente, certamente não deve Estar gostando da insubordinação e dos acenos que fazem a Mamon.

  2. NO BRASIL HAVERÁ UM PORTO SEGURO DE DESENVOLVIMENTO DE FAZER INVEJA AO ITAIM BIBI QUANDO HOUVER INÚMEROS BANCOS ESTATAIS OFERECENDO APPS DE CRÉDITO (AGÊNCIAS FÍSICAS TB) MAIS SEM GGN EQUIPE OBG !!!

  3. Foi feita uma descoberta de grandes jazidas de gás e petróleo no Mediterrâneo, ao norte de Gaza. Daí o interesse geoeconômico do dragão de duas cabeças (Israel e EUA): implementar gasodutos e oleodutos para abastecer o mercado europeu, após a “perda” da fonte russa.
    Dica: veja o mapa exposto por Netanyahu na assembleia da ONU em setembro passado, sem a Palestina.
    Os planos de expulsão/extermínio dos palestinos são cada vez mais explícitos.

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