Um terço da população acha que a culpa é da vítima nos casos de estupro

Jornal GGN – Pesquisa encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública ao Datafolha revela que um terço da população acha que a culpa é da vítima nos casos de estupro. 42% dos homens acreditam que a estes casos de violência acontecem porque a mulher utiliza roupas consideradas provocativas ou porque ela “não se dá ao respeito”. Para o Fórum, é alarmante que 32% também concordem com esta afirmação.

“Essa cadeia de pensamento precisa ser rigorosamente combatida na nossa sociedade. E preparar melhor policiais e agentes da Justiça para apurar esses crimes têm que ser agenda prioritária”, ressalta Renato Sérgio de Lima, vice-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

A pesquisa “A polícia precisa falar sobre estupro: Percepção sobre violência sexual e atendimento a mulheres vítimas nas instituições policiais”  entrevistou 3.625 pessoas em 217 cidades de todas as regiões do país, entre os dias 1° e 5 de agosto de 2016. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

O Brasil tem quase 50 mil casos de estupro por ano e o levantamento mostra que 65% da população teme ser vítima de violência sexual, sendo que este percentual aumenta para 85% no caso das mulheres.

Para o FBSP, um dos dados positivos da pesquisa é que apenas 23% dos entrevistados na faixa de idade de 16 a 34 anos culpam as vítimas pelo estupro. Outro ponto promissor para a conscientização sobre o fim da violência contra a mulher é 91% dos brasileiros acham que é preciso ensinar os meninos a não estuprar.

51% dos entrevistados acham que a Polícia Militar não tem um preparo para atender as mulheres vítimas de violência sexual, e 42% acreditam que a Polícia Civil não está preparada. 53% acha que as leis protegem os agressores.

Para Samira Bueno, diretora executiva do Fórum, é necessário qualificar todos os policiais e aprimorar os protocolos de atendimento. “As Delegacias de Defesa da Mulher são estruturas importantes no campo da segurança pública, mas insuficientes para atender a demanda se considerarmos os números de vítimas de violência doméstica e sexual no Brasil”.

Entre hoje e sexta-feira, o FBSP realiza seu encontro anual, no campus Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília. Para saber mais sobre o evento, clique aqui.

A pesquisa completa pode ser lida aqui

Redação

4 Comentários

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  1. Depois há quem discuta a

    Depois há quem discuta a realidade: que temos no Brasil a cultura do estupro. 

    Eu só pergunto uma coisa: de que adianta prender um indivíduo com essa deformação de caráter; não sei se maníaco, que vai pegar uns aninhos de cadeia, sair pela porta da frente para continuar na sua vidinha?

    Não seria o caso de se colocar para esses homens algum tratamento de ordem psíquica? Eles são transtornados, contumazes nos seus crimes, e não será uma prisão que os fará menos mal. O estupro está na consciência deles.

  2. Gostaria de ver as pesquisas

    Gostaria de ver as pesquisas sobre esse assunto incluírem o viés religioso, pois a Bíblia contém inúmeros casos em que a violência contra a mulher é encarada como normal, e mesmo como instrumento legítimo de punição.

    A influência do chamado neopentecostalismo – que na verdade é apenas a exploração, por parte de espertalhões, da ignorância e boa fé das pessoas nos bairros mais pobres (eu mesmo moro num deles e testemunho isso todos os dias) – na população mais pobre ainda vai atingir um nível de tragédia.

  3. Os índices mais altos

    Entre os índices mais altos, aqueles que têm apenas o ensino fundamental e os maiores de 60 anos.

    Mais uma vez, ignorância e conservadorismo se juntam pra levar o país à breca…

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