terça, 07 de maio de 2024

INSS corta benefícios de 22 crianças com microcefalia em Pernambuco

Desde 2015, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) é concedido para aproximadamente 450 famílias que têm criança com microcefalia no estado. O valor de um salário mínimo (R$ 998) termina sendo a única renda.

Inês Campelo – Marco Zero Conteúdo

do Marco Zero Conteúdo

INSS corta benefícios de 22 crianças com microcefalia em Pernambuco

por Mariama Correia

Em Pernambuco, 22 crianças com microcefalia tiveram os seus benefícios cortados pelo INSS neste mês. A denúncia vem da União de Mães de Anjos – UMA, entidade que presta assistência aos bebês nascidos com a condição neurológica causada pela epidemia do Zika Vírus. Um protesto das famílias acontece nesta quinta-feira (18), a partir das 9h, na frente do INSS, na Avenida Mário Melo, centro do Recife.

Até agora o INSS não justificou a suspensão dos benefícios. “Disseram apenas que precisamos aguardar de 30 a 35 dias. E viver do que até lá? Comer o quê? Já está atrasado há 15 dias”, questionou Germana Soares, presidente da UMA.

Desde 2015, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) é concedido para aproximadamente 450 famílias que têm criança com microcefalia no estado. O valor de um salário mínimo (R$ 998) termina sendo a única renda. Acontece que o benefício é concedido para uma faixa de renda de um quarto do salário mínimo (R$ 249,50). Ou seja,  se arrumar um emprego, a mãe perde o benefício. Trabalhar também não é uma opção para muitos dos responsáveis por essas crianças, na esmagadora maioria das vezes as mães, que precisam abandonar a carreira para se dedicarem totalmente aos filhos, porque eles demandam cuidados diários.

Germana Soares, presidente da UMA e mãe de Guilherme de 3 anos de meio, que nasceu com microcefalia, também teve o BPC cortado. Atualmente, o benefício é a única fonte de renda da família, porque ela é mãe solteira e deixou o emprego para cuidar do menino. “É o dinheiro que uso para remédios, para comida”, contou. Desde janeiro, o município de Jaboatão dos Guararapes, onde mora, não fornece o suplemento alimentar essencial para crianças como Guilherme. “Além disso a Farmácia do Estado também vive sucateada, sem remédios. É um total descaso”, denunciou a mãe.

Marco Zero Conteúdo procurou a Assessoria de Imprensa do INSS, mas não recebeu respostas até o momento de publicação desta matéria. Em maio deste ano, o Ministério da Cidadania informou que o Governo Federal estudava transformar o BPC para pessoas com microcefalia por conta do Zika em uma pensão permanente. Assim, as mães poderiam trabalhar sem perder o benefício. Mas o projeto ainda não saiu do papel.

No anúncio, o governo reconheceu que as crianças nascidas com esta condição foram vítimas de falhas do Estado, que não conseguiu conter a epidemia. “Falta de saneamento, de abastecimento de água. O Estado foi incapaz de prevenir esta situação e está sendo incapaz de garantir qualidade de vida para essas crianças. Lutamos todos os dias para conseguir tratamento, remédios, assistência.  A vida dos nossos filhos não vale nada para o poder público”, desabafou Germana.

Enquanto avança no Senado Federal um Projeto de Lei para ampliar o alcance do BPC, no último dia 12, o INSS informou que começou um pente-fino nos benefícios, entre eles o BPC. Ao todo, serão analisados três milhões de benefícios em todo o país que, segundo o instituto, têm indícios de irregularidades. O INSS não informou se essa operação está relacionada com os cortes dos benefícios das crianças com microcefalia.

Redação

8 Comentários

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    1. Miriam Lopes, o Haiti é aqui:

      “E na TV se você vir um deputado em pânico
      Mal dissimulado
      Diante de qualquer, mas qualquer mesmo
      Qualquer qualquer
      Plano de educação
      Que pareça fácil
      Que pareça fácil e rápido
      E vá representar uma ameaça de democratização do ensino de primeiro grau
      E se esse mesmo deputado defender a adoção da pena capital
      E o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no feto
      E nenhum no marginal
      E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual
      Notar um homem mijando na esquina da rua sobre um saco brilhante de lixo do Leblon
      E quando ouvir o silêncio sorridente de São Paulo diante da chacina

      111 presos indefesos
      Mas presos são quase todos pretos
      Ou quase pretos
      Ou quase brancos quase pretos de tão pobres
      E pobres são como podres
      E todos sabem como se tratam os pretos
      E quando você for dar uma volta no Caribe
      E quando for trepar sem camisinha
      E apresentar sua participação inteligente no bloqueio a Cuba
      Pense no Haiti
      Reze pelo Haiti

      O Haiti é aqui
      O Haiti não é aqui”

      Precisei ter mais de 18 anos para acessar a letra dessa música. Que cruzada moralista mais hipócrita é essa que toma conta do Bananistão?

  1. Gentem, não nos esqueçamos de que o governo está pagando um extra aos servidores para cortarem benefícios.
    “Entre eles e eu, primeiro o meu” podem pensar alguns servidores.

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