O dia de combate ao abuso infantil também deveria ser hoje, por Matê da Luz

O dia de combate ao abuso infantil também deveria ser hoje

por Matê da Luz

Na semana passada, dia 18 de maio, foi o dia do combate à violência infantil. Entendo que esta data seja relevante para esclarecer sobre diversos tipos de crimes cometidos contra à infância, que vão dos maus tratos ao abuso sexual, passando pela exploração de menor e outras barbáries que eu, pessoal e particularmente, não posso deixar de confessar o queixo caído frente à triste realidade: se quando acontece algo desrespeitoso entre um adulto e outro já é difícil de entrar na minha cabeça como “possível”, estas coisas contra crianças me dão um nó na caixola – pra mim, é a comprovação de um mundo onde a existência do mal é permitida, mesmo que (Pollyana, lembra?) para proporcionar o exercício da evolução e do livre arbítrio. Deus foi um cara muito esquisito quando liberou essa por aqui. 
 
Mas como, sim, tudo existe, como diz meu compadre, não dá mais pra ficar calada e aí que de todos os crimes que podem ser cometidos contra uma criança, ao meu ver, está o abuso sexual. Porque criança é criança, né, e quase que ponto final. Quase que, porque por mais que eu tenha escrito e resscrito este parágrafo tentando elencar dúvidas do tipo “como é que um adulto tem atração por criança?”ou “como pode sentir prazer numa relação tão desigual?”, simplesmente não consigo evoluir nesta temática porque é simples e rápido assim: criança é criança e tem que ser livre pra desenvolver a sexualidade naturalmente, e não sob ameaça.
 

Porque é assim, viu, que a arapuca funciona: o adulto vai, bulina, invade, deteriora e, pra se garantir, o covardão chantageia o silêncio. Se a coisa física já dói, a psicologia deste mini-ser já virou bagunça. E virou mesmo, não tô dando palpite onde não fui chamada. Infelizmente, a estatística deste tipo de crime é enorme, chega a ser taxado de “cultura de abuso”, procê entender o tamanho da baixaria. 

Cultura de abuso, de onde é que veio isso? Veio da sua avó que foi abusada e não falou nada, continuo na sua mãe que também foi mexida e nas suas tias e primas e, quem sabe, em você mesmo porque olha, isso acontece. Isso acontece. Um argumento tão imbecil que a gente nunca espera ouvir de alguém que deveria cuidar, não é mesmo, mas hey, olha só tem a cultura do abuso aí pra amenizar e dizer que não é só com você, não é só na sua família, não é só no seu contexto. 

Ouvi dizer que a pedofilia tem uma das maiores e mais articuladas redes do mundo. 

O que eu ainda estou pra ouvir dizer é, de verdade, mais notícias como a que chegou até mim semana passada: uma campanha brilhante, enorme e chocante da Childhood do Brasil em parceria com a Livraria Cultura – http://www.livrariacultura.com.br/hotsites/2016/childhood – que apresenta três livros com os títulos “Vovô sempre me visita quando estou sozinha”, “Titio espera a mamãe dormir pra me dar boa noite” e “Meu professor sempre me dá carona escondido”. 

Direto e reto, aborda o assunto como tem que ser: às claras. O texto da resenha de cada livro fala sobre a triste realidade destes casos e no lugar do botão comprar está o clique para doação. Fundamental, deveria estar o ano inteiro no calendário das campanhas nacionais.

Inclusive dentro de casa, pra que essa tal cultura seja abolida de uma vez por todas.  

Escute as vozes das suas crianças. Escute o silêncio também, observe, acompanhe, esteja por perto – sem neurose, mas com atenção e amorosidade, que são fundamentais e salvam vidas, inclusive aquelas que já foram machucadas. 

 

Mariana A. Nassif

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  1. Ator Elijah Wood denuncia a

    Ator Elijah Wood denuncia a pedofilia em Hollywood

    Tradução: Caminho Alternativo

    (23-05-2016) O conhecido ator de “Senhor dos Anéis” Elijah Woodassegurou que em Hollywood existem executivos que praticam a pedofilia.

    O ator estadunidense Elijah Wood denunciou no meio britânico “The Sunday Times” a abundancia de pedófilos protegidos por altos cargos em Hollywood.

    O reconhecido ator, afirmou que ele não sofreu os abusos quando era criança graças a proteção de sua família. “Minha mãe estava mais preocupada em me criar para ser uma boa pessoa que em facilitar minha carreira”.

    “Ainda continua sendo um problema para Hollywood”, assinalou Wood, quem está convencido de que estes abusos continuam acontecendo. “Esta industria apresenta muitos caminhos à tentação. Existem muitas víboras, gente que só se importa com seus próprios interesses” acrescentou.

    Na opinião do reconhecido ator, o mais triste é que “as vítimas não possam falar tão alto como a gente que ostenta o poder. Podem ser silenciados, mas suas vidas já foram prejudicadas de forma irreparável”.

    Fonte: telesurtv.net

     

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