A China não é aqui

Empresas do Polo Industrial de Manaus estão sob o fogo cruzado de organizarem o trabalho nos moldes das práticas de organizações chinesas com a apresentação de situação que envolve uma empresa, de capital chinês, como se fosse a regra do ambiente organizacional nas indústrias incentivadas de Manaus.

É possível que em alguns casos existam problemas a ser solucionados e, para isto, existe o Ministério do Trabalho e Emprego com poderes para fiscalizar e punir os infratores da legislação trabalhista brasileira, coisa que não se vê na China, daí os preços tão baixos praticados pelas organizações chinesas, já que não têm a carga de tributos e encargos trabalhistas pagos no Brasil.

É oportuno considerar que, conforme dados divulgados nos Indicadores do Polo Industrial de Manaus, publicado pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), referente a dezembro de 2011, os encargos, salários e benefícios sociais pagos no PIM atingiu a média mensal de US$ 215,20 milhões, para um contingente de 110.120 colaboradores, o que leva a um desembolso per capita de US$ 1.954,16.

É importante, ainda, que registre a expansão dos desembolsos que cobrem salários, encargos e benefícios sociais (SEBS) nos últimos seis anos, que passaram de 5,56% de participação no faturamento das indústrias incentivadas em 2006, para 6,29% no exercício de 2011. Em valores absolutos, embora nominais, as empresas, que pagaram US$ 612 milhões sob essa rubrica em 2006, no ano passado tiveram que desembolsar US$ 1,22 bilhão para cobrir esse tipo de custo

Em 2010, os gastos com SEBS, de acordo com a Suframa, atingiram US$ 922 milhões e, no ano passado, atingiram US$ 1,22 bilhão, apresentando expansão da ordem de 32,82%, quase o dobro da expansão experimentada no faturamento nos mesmos períodos, de 16,60%.

É evidente que o funcionário do polo de Manaus não tem a melhor renda do mundo, de vez que sua remuneração está situada, em média, no valor de US$ 576,08, no entanto, a tal valor são agregados os benefícios e encargos sociais que, se de um lado oneram o caixa da indústria, de outro lado garantem alimentação ao operário em seu local de trabalho e benefícios previdenciários, FGTS e, em alguns casos, creche para os filhos.

É necessário melhorar a remuneração, com certeza, mas o PIM não é a China.

Luis Nassif

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