A crítica da economia neoclássica

Enviado por: Elwood

O uso da matemática não é um problema, tendo claros os objetivos e limites.

O equivoco é dar a entender que existe só uma economia, a neoclássica. E que essa economia é cientifica porque altamente formalizada.

Isaac Newton que foi também superintendente da casa da moeda e que estabeleceu um preço entre ouro e argento, que per ser mais tarde diferente do preço do mercado levou ao desaparecimento do argento e ao padrão ouro a Inglaterra, teria dito: “posso medir o moto dos corpos não a humana folia.”

Nada seria mais útil que construir modelos estilizados dos fatos reais e tentar de compreender a realidade.

Mas os objetivos da economia neoclássica são ideológicos e impedir a compreensão da realidade. Quer criar um pensamento único e distorto e indivíduos incapazes de pensar. (Assim os países pobres ficam pobres na eternidade). Já nos primeiros cursos de economia fica completamente no ar o sentido do símbolo K do capital: como ele é medido, qual o seu preço qual a sua dependência do juro? Os professores não sabem e os alunos não perguntam. Fica uma parábola sem sentido e inútil.

A economia neoclássica inventa um homem oeconomicus, (abstração per tirar qualquer referencia com a realidade concreta) e modela de forma de chegar às conclusões predefinidas. As conclusões predefinidas são que o consumidor é soberano (todos são iguais e todos recebem na base da idealista produtividade marginal), que o sistema vai ao equilíbrio, que a moeda não tem alguma importância, que não interfere nas decisões, só serve per definir o nível dos preços. Que o sistema é técnico, matemático, neutro e não político. (O oposto da realidade). Esconde o fato q o sistema econômico atual é o capitalismo, dinâmico e não estático.

A fantasia das expectativas racionais mostra o abuso da matemática dos neoclássicos, que procuram definir o modelo em função das conclusões.

O tempo utilizado é sempre o tempo lógico, nunca o real. Isso sem contar: os problemas de definir as variáveis dependentes e independentes, (em matemática a variável independente não muda ao mudar da dependente e uma pedra não tem vontade própria de mudar o moto como os homens), o fato que os parâmetros mudam ao mesmo tempo, e os problemas de não ergodicidade (no uso das series históricas por exemplos).

Os astrólogos sabem mais de economia dos economistas neoclássicos.

Seria necessário mudar drasticamente o ensino da economia: considerar sempre o tempo real, histórico, entender que o mundo pode ser aquele descrito per o Maquiavel, e depois modelizar, usar fatos estilizados, mas com o objetivo de compreender e descrever a realidade.

Na finança o uso da matemática é muito extenso e avançado: tem engenheiros chineses q trabalhavam com bomba atômica e q agora trabalham per os maiores bancos em NY. Mas nesse setor (onde todos sabem q a economia neoclássica é pura ideologia) o que conta é o dinheiro e fazer dinheiro (exatamente o q é irrelevante na economia neoclássica).

Físicos engenheiros e matemáticos, sem nenhuma formação econômica, trabalham para modelizar os preços do risco e dos contratos derivativos. (E arbitragem). Sofisticados modelos probabilísticos estocásticos são utilizados. Um fato divertido é que calculam tb preços míticos, no sentido de ativos que não são comercializados. O q possa acontecer no futuro numa situação de estresse ninguém sabe. (Mas é fácil imaginar).

O famoso J. M. Scholes quebrou fácil: foi suficiente que a Rússia parasse de pagar que com a mudança do quadro do risco o modelo especulador baseado em series históricas entrou em crise.

Luis Nassif

21 Comentários

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  1. Nassif,
    Só completando,
    Nassif,
    Só completando, nesses livros que recomendei há a definição CORRETA do que é a economia neoclássica, quais são as hipóteses que usa e seus principais modelos.
    Esse Elwood não sabe o que está falando ao se arriscar em frases como “…o tempo usado é sempre o lógico nunca o real…” (leia Newton da Costa e um pouco de Topologia e Análise, por favor) ou “…a variável independente não muda ao mudar a dependente…” (sugiro que procure por sistemas dinâmicos). Aliás, quanto ao que ele chama de tempo histórico sugiro que ele procure na economia não neoclássica a idéia de histórico-dependência.
    Quanto à conversa de chineses fazedores de bombas atômicas que trabalham em WS, sugiro que procure “rocket scientists”.
    O resto da tristeza de ler.
    Polemizar com esse tipo de coisa está valendo? Então tchau!

  2. Nassif,
    Isso é besteira!
    Nassif,
    Isso é besteira!
    Não há nada de neoclássico nos trabalhos do Stiglitz, Phelps, Schelling, entre outros.
    Todos trabalhando com uma matemática de altíssimo nível (não simplesmente cálculo diferencial e integral e álgebra linear).
    Podem dar uma olhadinha também nos trabalhos de fundamentação em monetária do Randall Wright, Ricardo cavalcanti, Kocherlakota, Wallace,etc.
    Ou então nos trabalhos dos também não neoclássicos Brandenburger, Dekel, Aumann, etc. em fundamentação.
    Sugiro aos navegantes que leiam ” Lectures on Macroeconomics, Blanchard and Fischer” ou “Recursive Macroeconomic Theory, Thomas Sargent and Lars Ljungqvist” ou, ainda, “Advanced Macroeconomics, David Romer”.
    Nenhum desses livros é neoclássico e todos contém muito keynesianismo para todos os gostos, nas versões mais atualizadas.

  3. Sabe, esse pessoal que odeia
    Sabe, esse pessoal que odeia matemática me parece aquela propaganda de ração de gato: blá-blá-blá, Whiskas sachê…. blá-blá-blá, Whiskas sachê…. blá-blá-blá, Whiskas sachê…. blá-blá-blá, Whiskas sachê…. blá-blá-blá, Whiskas sachê…. blá-blá-blá, Whiskas sachê….
    Um lenga lenga sem tamanho, só para justificar a preguiça e a falta de cérebro para estudar matemática….

  4. Nassif,
    Sei de sua
    Nassif,
    Sei de sua implicância com quem critica os erros de português, ou a forma, em detrimento do conteúdo. Mas, às vezes, a forma é tão ruim que impede a compreensão do conteúdo.
    Veja este caos (queria escrever caso, saiu caos, e resolvi deixar assim mesmo, pois é isso que me parece: um caos gramático-intelectual): não entendi nada! humana folia, pensamento distorto, ergodicidade, fatos estilizados, modelos estocásticos, preços míticos.
    Vem cá, Nassif, você tem certeza que esse sujeito não é o Mangabeira?

  5. A matemática, cf. disse um
    A matemática, cf. disse um epistemólogo, é o “esperanto da razão”. Portanto, é uma linguagem. Mas numa coisa o tal de Elwood tem razão: a economia neoclássica não é a única economia e ela é ideológica sim. Mas isso não tem nada a ver com o uso da matemática em si.

  6. O culpa é do Nassif!
    Ele se
    O culpa é do Nassif!
    Ele se dá ao trabalho de comentar certos economistas e fica todo munda achando que aquilo é o referencial de neo-clássico.
    Mais engraçado dessa história é esse apego a rótulos que nem fazem mais sentido.

    Aos que acham a matemática um instrumento de erística, sugiro que olhem os sites pessoais do professores de economia da New School (Semmler, Foley, Neftci, etc) todos conhecedores de marxismo, pós-keynesianismo e ainda assim virtuosos no uso da matemática…
    http://www.newschool.edu/gf/econ/faculty-profiles.htm

  7. Creio só haver possibilidade
    Creio só haver possibilidade de troca de idéias com o Daniel Coelho e o “outro economista”. Não tenho nada a ver com o Nassif, mas este texto é extremamente oportuno.
    As matemáticas nascem como instrumento de mensuração dos fenômenos tangíveis; depois das grandes navegações esse instrumento se tornou um ícone, e passou a mitificar os discursos amparados por ela, mesmo que não fossem para mensurar… e sim para prever… O problema dos estudos estatísticos de previsibilidade é que incorrem em variáveis de cunho subjetivo (onde entra a intenção política) de agentes nem sempre éticos para com a sociedade.
    E para quem acha que essa crítica do Sr. Elwood às matemáticas está fora de foco, veja a história de Abrahan Lincolm: a bala que lhe tombou vinha dos mesmos usuários destas matemáticas de “alto nível”…
    Saudações, inclusive para Tia Sacha e companhia ilimitada… rsrs…

  8. O problema muitas vezes nesta
    O problema muitas vezes nesta discussão entre escolas e métodos em economia é que na maioria das vezes quem critica só que quer assumir o lugar de “mainstream” , ignorando a importância das contribuições das escolas “concorrentes”. Nesta discussão tanto o “economista” quanto o “Elwood” estão simplificando a questão:
    1 ° – O modelo teórico da Física não é o único a ser utilizado na economia, havendo na Biologia evolucionária uma analogia mais interessante para compreender a transformação dos sistemas econômicos;
    2 ° – A contribuição dos neoclássicos é muito importante para a existência da própria ciência econômica, e seus modelos são bastante úteis para compreender situações em que os parâmetros estão estáveis.
    O “economista” tem razão ao chamar atenção que a existem muitos heterodoxos usando matemática complexa para modelar suas teorias, mas existem contribuições verbais recentes muito significativas como a do Douglass North, e o “Elwood” têm razão na crítica a excessiva abstração e simplificação do comportamento humano, mas existe bastante matemática em modelos “agentes-baseados” que buscam formalizar comportamentos alternativos.
    Sobre a crítica da ciência econômica ser ideológica não significa muito. Todas as ciências são, estamos todos impregnados por nossos valores, e como já dizia o Marx, a classe dominante usa suas idéias para manter o controle, o “stalinismo” é o melhor exemplo disto. Em síntese, precisamos de mais pluralismo, e começarmos pelas perguntas em vez de pelas respostas. O ensino e a pesquisa em economia precisam tanto de mais conteúdo histórico, quanto do uso de matemáticas complexas, mas também de mais preocupação com os fundamentos cognitivos do comportamento humano.
    Roberto Rocha

  9. Nassif,

    Ja vi que os
    Nassif,

    Ja vi que os economistas(financistas?) se ofendem quando falamos mau da economia neoclassica. Nao entendem que a importancia da matematica ‘e sim reconhecida entre os economistas heterodoxos. A diferenca ‘e que reconhecemos, tambem, a importancia da historia, da politica, da filosofia, da sociologia, da economia politica, etc.. e esses ramos, vitais para a compreensao das condicoes materiais de vida do povo, contem variaveis que nao sao passiveis de serem medidas em modelos puramente matematicos que servem para enfeitar as lousas de Harvard e os manuais de economia, mas nao bastam para apontar alternativas para o mundo subdesenvolvido. Em um texto brilhante sobre a CEPAL, o professor francisco ferdinando da Unicamp diz que a economia neoclassica nao faz distincoes entre a Inglaterra e a Colombia, por exemplo. Precisamos discutir a necessidade de a CEPAL se renovar, precisamos retomar as discussoes acerca de um pensamento economico tipicamente latino-americano, que seja capaz de compreeender as condicoes especificas de nossa realidade. Nossos economistas vao estudar fora do Brasil, aprendem modelos e voltam para ca achando que trarao as solucoes para todos os problemas do nosso pais. Nao entendem que o Brasil nao ‘e a Holanda ou a Suica. A economia precisa lembrar que ‘e uma ciencia social, o economista precisa voltar a ser um intelectual.

  10. Caro Nassif, o que tanto
    Caro Nassif, o que tanto encantou você nesse comentário do colega Elwood?
    A matemática é um verdadeiro sem realidade e é aí que começa o problema. Ela só trata das leis, nada tem a dizer sobre as causas, sobre o que é realmente o fenômeno. Usa-se a matemática apenas para prever, uma vez que ciência nos moldes da física clássica, como é o caso da economi, só serve para prever e jamis para explicar.
    O problema com o tal do Sholes é que ele, como costuma acontecer com os iniciantes, acreditou que o modelo explica a realidade. Dito de outra forma, que a realidade se comporta como o modelo. Sim, é essa tolice mesmo. Quando indagado porque, apesar de todas as evidências, ele não havia mudado de estratégia, o Sholes respondeu que o modelo previa que as pessoas se comportariam de uma certa maneira e ele ecreditou no modelo até “quebrar”. Isso é prova de idiotia e não de sapiência. Não se responsabilize a matemática, responsabilize-se os que pensam como Sholes e o idolatram.
    Abraços,
    Paulo de Tarso

  11. Sugiro que o Elwood lei
    Sugiro que o Elwood lei “Lectures on Macroeconomics” de Blanchard e Fischer para saber como o novo-keynesianismo se apoia inteiramente em matematica de alto nivel. Nassif, nao caia nesse debate bobo de que “matematica aplicada a economia eh coisa de economista liberal de direita”.

  12. Muito bom o artigo. E uma das
    Muito bom o artigo. E uma das poucas pessoas que usa o termo “neoclassico” (o correto) ao inves de “neoliberal”.

  13. Para um *orelha seca* em
    Para um *orelha seca* em economia, como eu, devo deduzir que *Argento* era o padrão Prata. A Prata não era um padrão monetário milenar no Oriente, em contrapartida do padrão ouro Ocidental?
    Por que [ econômicamente falando], a Inglaterra adotou o padrão ouro neste período em detrimento da Prata?

  14. Nassif,

    uma errata…o nome
    Nassif,

    uma errata…o nome do professor da Unicamp que tem um texto sensacional sobre a CEPAL ‘e ferdinando figueiredo, e nao francisco ferdinando como eu havia dito!!

  15. Paulo Kautscher, quando se
    Paulo Kautscher, quando se opera num sistema bimetálico a paridade de troca entre ouro e prata é fundamental. Se a prata é mais valiosa no mercado paralelo em relação ao ouro a tendência é que a prata suma do mercado e vc acaba na prática com o padrão ouro apenas.

    Quanto ao tema principal, se for para se apegar a rótulos, o rótulo neo-clássico caducou nos anos setenta em meio a chamada “Crítica de Lucas”, Controvérsia de Cambridge e o choque do petróleo. A rigor os rótulos da moda são novos-keynesianos e novo-clássicos.

    É até pedante como o ritual de introdução de uma infinidade de artigos acadêmicos do chamado mainstream da última década começar com alguma coisa do tipo: os pressupostos da economia neo clássicas não são válido; não correspondem a realidade, etc…

  16. Alan Greenspan num discurso
    Alan Greenspan num discurso do 2004 afirma: “…apesar dos extensivo esforcos pra decodificar e quantificar o que percebemos como relacoes macroeconomicas fundamentais, o nosso conhecimento a respeito de muitas importantes conexoes e’ muito longe do ser completo, e provavelmente sempre sera’ assim. Todos os modelos som uma ampla simplificada representacao do mundo que nos esperimentamos…”
    Admitindo que as decisoes da FED nao foram politicas e tomada pelo vantagem de alguem (o que nao e’): surge a pergunta:
    a maioria dos modelos assume uma realidade racional e ordenada, quando a vida e` cheia de desinformacao, erros de avaliacao, desentendimentos, fraudes, tentativas de enganos, ingenuo optimismo, pessimismo, conflitos de poder e interesse, etc. Quantos dos modelos usados tb pela FED incluem essa perspectiva?
    Em segundo lugar se o conhecimento e’ bastante limitado e os riscos elevados, podia a FED controlar mais a especulacao?
    E’ totalmente equivoco e nao responde ao meu pensamento achar que eu seria contra o uso da matematica. Eu auspico, como escrevi o uso da matematica e o uso de mais modelos de fatos estilizados, segundo mais amplas perspectivas para capturar a realidade de forma mais adequada. Sem esquematismos ideologicos.
    A teoria neoclassica, que deveria chamar-se anti-classica tive um grande sucesso pelas conclusoes ideologicas. Quem a promove, a despeito dos adeptos neoclassicos que nem sequer percebem isso, pretende introduzir uma ideia de economia neutral, tecnica, matematica e nao politica e conflitual. Uma ingenua fraude diria Galbraith. Mas essa ideia, que domina nos media e escolas, acaba plasmando a visao da grande maioria e dos politicos, que ficam preso no conceito do TINA, como dizia a Margaret Thatcher. A nao validade na ralidade da lei de Say faz uma grande diferencia na tomada das decisoes politicas.
    Sem clareza dos valores e categorias que se adotam e que informam o pensamento nao se avanca. Um fica colonizado e submisso.
    Fiz uma implicita comparacao entre a matematica e abuso da matematica dos neoclassicos e a matematica usada no setor financeiro.
    O problema no e` a matematica (e achava bastante simples entender isso), mas queria evidenciar como no caso neoclassico o que acaba de contar e` a ideologia, no caso do setor financeiro, absolutamente nao: eles som bem pragmaticos e voltados ao lucro financeiro e a ideologia nao conta nada. Infelizmente prever o futuro e` bastante complicado e os modelos, tb os mais complexos ajudam so` ate um certo ponto. Mas nao e` culpa da matematica. O problema e` a complexa realidade e a especulacao e o risco sistemico que surge, como tb sublineado recentemnte pelo BIS.
    A minha e’ uma critica a ideologia neoclassica. Nada a ver com a matematica. Nem entrei no assunto dos Keynesianos o supostos tais. O fato que usem a matematica e’ irrelevante na economia do meu discurso. A insignificancia da economia neoclassica e` o objecto.

    Algumas notas finais:

    tia Shasa deve ser a professora do MIT ou Caltech: pode ficar tranquila eu nao critico a matematica. E pode ate ser que ela nao seja a unica a conhecer um pouco de matematica. O homen (e a tia) e’ o estilo: acho um pouco racista no minimo chamar de privo de cerebro todos aqueles que nao estudaram ou nao conhecem a matematica. Mas sempre se pode fazer uma republica dos eleitos. Afinal Platao queria a republica dos filosofos.

    A reacao do Economista e’ descabida e infantil. Todo mundo, ate eu, poderia citar um cem o duzentos livros e autores. Nao acho esse o lugar apropriado. Acho que esse privilegiado espaco de discussao q Nassif nos oferece deveria ser usado pra argumentar com proprias ideias.
    A macedonia feita pelo Economista e’ muito grande, so faltou citar o Papa e o efeito borboleta: obviamente nao posso entrar no assunto. Mas repito: nao critiquei a matematica e nao falei dos keynesianos, post keinesianos, marxista etc. Me limitei a ideologia neoclassica.
    Se depois a geometria nao euclidea ou a matematica dos sistema non lineares e dinamicos e caoticos e` mais importante, uma razao a mais pra mudar o ensino, sem insistir per muitos anos em fantasiosas curvas de indiferencias, estatica, optimizacoes etc.
    E

  17. “O problema com o tal do
    “O problema com o tal do Sholes é que ele, como costuma acontecer com os iniciantes, acreditou que o modelo explica a realidade. ”

    Essa foi a frase mais empafilhosamente engracada que eu li em meses…

    Amiguinho, o Pele perdia penalti de vez em quando.

    Nao sei se o Scholes esta aposentado ou ativo, mas duvido que ele saia de casa ou da academia por menos de varios milhoes de dolares por ano.

  18. Nassif,
    Seu blog é um show de
    Nassif,
    Seu blog é um show de diversidade. Com conteúdo.

    Acho muito correto o que escreve o Elwood.
    Se a grande mídia fosse tão plural quanto seu blog, não estaríamos presos a esta ditadura do pensamento único, que já dura mais de 12 anos.

  19. Nassif,
    1). Quando se fala
    Nassif,
    1). Quando se fala de matemática na economia não se trata do uso de econometria a qual considero uma ferramenta extremamente útil para testar relações teóricas ou empíricas e fazer projeções (parâmetros das relações são estimados e testados). Todas as ciências possuem algum instrumento inferencial e a economia não é uma exceção. Só tenho alguns reparos a fazer sobre a ênfase dada à aplicação dessa ferramenta, mera questão de grau, mas vou deixar para comentar depois (ver [6]).
    2). Defendo a matemática como linguagem das ciências e, em particular, da Ciência Econômica. A partir de postulados básicos, por meio da matemática, conjecturas podem ser derivadas por dedução e submetidas a testes sobre dados reais usando-se a econometria (ver [6]). A história também é uma importante fonte de potenciais questionamentos a uma conjectura. Mas cuidado pois teorias metafísicas, ideologias e misticismos não questionam nada.
    3). Acredito que o mau uso da economia (área de estudo e pesquisa) na disputa por influência política ou na afirmação de interesses particulares não a desacreditam em nenhum aspecto e, ao contrário, somente a tornam mais urgente, pois o entendimento da ação desses agentes de forma a serem impedidos ou desestimulados (ao invés do coro de lamentações morais) passa pelo desenvolvimento e aplicação de mecanismos econômicos.
    4). A Teoria Econômica, em eterna (re)construção, já existe. Não se trata de um apanhado de “analogias ou regularidades” históricas ou empíricas, ou de um conjunto de modelos matemáticos desconexos, ou ainda, de uma coleção de sentenças “se…então…”. Porém, como dizia Popper, as teorias podem ser vistas como livres criações da nossa mente, o resultado de uma intuição quase poética, da tentativa de compreender intuitivamente as leis da natureza. Nesse sentido, não há ‘fontes últimas’ do conhecimento. Toda fonte, todas as sugestões são bem-vindas; e todas as fontes e sugestões estão abertas ao exame crítico.
    5). Para os defensores da “teoria” criada a partir da história:
    5.1). Além de recomendar a leitura do A Miséria do Historicismo do Karl Popper, para aqueles mais céticos cito um trecho da introdução do Um Estudo Crítico da História do professor Helio Jaguaribe “Uma dificuldade especial encontrada em um estudo como este é característica de todos os esforços para uma abordagem sociológica da História, e todas as tentativas de proporcionar uma visão geral do processo histórico. Parte dessa dificuldade se relaciona com a diferença entre as particularidades da abordagem do historiador, preocupado com o caráter específico de cada evento, opondo-se a todas as generalizações — que podem deformar tal especificidade — e a abordagem do sociólogo, caracterizada pela tentativa de encontrar nos eventos sociais seu modelo ideal. Outra dificuldade consiste no custo inerente envolvido nos tratamentos genéricos. Se buscamos uma visão genérica de um processo sócio-histórico, para compreender o seu sentido geral, damos pouca importância à multiplicidade de detalhes que constituem partes salientes dos eventos específicos desse processo, ou simplesmente a ignoramos. Por isso, entre outras razões, os historiadores sempre foram muito críticos das generalizações. Não será exagero afirmar que a rejeição do A Study of History de Toynbee, por parte da maioria dos historiadores, depois da publicação dos três primeiros volumes dessa obra monumental, antecipou a crítica das suas premissas mais contestáveis, que só muito mais tarde foram debatidas; essa rejeição manifestava a atitude natural dos historiadores com relação às generalizações amplas.”
    5.2). A economia deve recorrer a qual das várias escolas de pensamento da história? Isso se agrava do momento em que o passado é reinterpretado frequentemente pelos historiadores. Nessas condições é melhor esquecer qualquer tentativa de se fazer uma “teoria” econômica e se contentar somente com a história, suas várias vertentes e suas freqüentes alterações.
    6). Segundo Popper, para avaliar uma teoria o cientista deve indagar se pode ser criticada, se se expõe a críticas de todos os tipos e, em caso afirmativo, se resiste a essas críticas. Defendia que o demarcador de uma teoria científica era a refutabilidade ou falsificabilidade, ou seja, a existência de pelo menos um falsificador potencial (fato logicamente possível de ser observado mas proibido pela teoria). Discordava da idéia de que a verdade de uma teoria pode ser inferida da sua irrefutabilidade, para ele somente as teorias pseudocientíficas, não científicas ou metafísicas são irrefutáveis pois não proíbem nada, não possuem falsificadores potenciais.
    7). Delfim Netto, no artigo da Carta Capital mencionado pelo Nassif, afirma corretamente que a ciência é somente um mecanismo para reduzir a nossa ignorância. Porém, ao afirmar que “…verdades científicas, antes que sejam efetivamente confirmadas acima de qualquer suspeita.”, o autor se mostra, segundo o que escrevi em [6], defensor de uma economia como teoria metafísica, irrefutável. Marx já proveu o mundo com algo similar ao contemplado pelo Delfim, o resultado é bem conhecido. Quanto ao axioma de Bohr “nada existe até que seja medido”, não posso afirmar terminantemente que essa frase, elevada à categoria de axioma, faça parte das discussões entre Bohr, defendendo os fundamentos da mecânica quântica da qual foi um dos fundadores e a qual foi idealizada livre de experimentos – Popper considerou essa abordagem, presente também na criação da relatividade de Einstein, na sua conceituação de ciência -, e os críticos à quântica, que afirmavam que era possível imaginar uma partícula com determinado momento e posição bem definidos, não a sua postura epistemológica.
    8). O artigo do Babetskii and Campos mencionado pelo Delfim é muito interessante e pode ser obtido em http://ftp.iza.org/dp2638.pdf. Os principais resultados estão no artigo do Delfim na Carta Capital. Eu só estranhei um pouco (pouco mesmo) a tese dos autores de que a não realização das chamadas reformas estruturais se deve à incerteza dos governos quanto à efetividade dos resultados. Os autores comentam que os benefícios da liberalização do comércio exterior e de fluxos de capitais (“…the one aspect of reform packages that seems to receive overwhelming support in our data is the liberalisation of trade and capital flows (that is, external liberalisation).”, página 21) são fortemente confirmados pelos testes feitos. Mas poucos governos defendem essas teses, ainda mais em relação à primeira (liberalização do comércio exterior).

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