A trégua da inflação

Desde o inicio do ano previa-se aqui esse movimento a partir de maio ou junho, meramente pelo efeito estatístico. Mas mercado e mídia jogaram no terrorismo, tentando puxar os juros para cima antes que o efeito estatístico se materializasse

Da Folha

Inflação dará trégua ao BC nas próximas divulgações

Mas economistas ainda preveem altas nos juros

MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

Começa hoje, com a divulgação da inflação oficial do mês de maio, a temporada de trégua para o Banco Central no que diz respeito à escalada de preços. De maio a julho, segundo economistas, a inflação mês a mês ficará mais baixa. Eles alertam, no entanto, que isso não indica que o problema foi superado.

As apostas para a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que serve de referência para o governo, giram em torno de 0,40%, abaixo da alta de abril (0,77%). O recuo se deve à queda de preços de combustíveis e alimentos.

Estimativa divulgada ontem por economistas do Itaú indica que a queda das cotações de matérias-primas no exterior também ajudam a reduzir os preços no Brasil.

Para o banco, já em maio, será possível notar o recuo nos preços de alimentos e bebidas que têm mais relação com cotações internacionais.

O Itaú avalia que esses efeitos serão mais perceptíveis nos próximos trimestres.

Esse é um dos motivos que explicam a redução das expectativas de inflação para o ano. Na pesquisa semanal Focus divulgada ontem pelo BC, economistas baixaram sua previsão para a inflação do ano pela quinta vez seguida, para 6,22%.

O valor está abaixo do limite da meta oficial do governo (6,5%), mas acima da previsão do BC (5,9%).

JUROS

Por isso as estimativas também são que o BC decidirá por um novo aumento na taxa básica de juros da economia, a Selic, na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) que acontece amanhã e na quarta-feira.

Espera-se uma alta de 0,25 ponto percentual, o que elevaria a taxa a 12,25% ao ano.

Segundo o economista Fábio Ramos, da Quest Investimentos, a queda no preço das commodities “estancou a alta da inflação em 2012”, mas as apostas não estão totalmente controladas.

“Estamos esperando dados que confirmem a desaceleração da economia”, diz. O desaquecimento desestimula remarcações de preços.

Ramos alerta que a inflação, neste momento em baixa, vai alimentar a pressão política para que o BC faça só uma elevação na Selic.

Mas, na sua avaliação, o BC não deveria parar por aí. “São necessárias duas ou mais altas para consolidar [o recuo] das expectativas”, diz.

“Levar a inflação [em 12 meses] de 7% em agosto para 4,5% no ano que vem será difícil. O BC deve manter o discurso duro”, concorda Elson Telles, da corretora Máxima. 

Luis Nassif

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