Jornal GGN – Empréstimos para consumidor pessoa física, empresas e infraestrutura, considerados de maior risco, já representam 30% do crédito total da Caixa Econômica Federal, de acordo com estimativa da agência de riscos Moody’s.
Até 2008, quando o governo começou a usar os bancos públicos para combater a crise econômica, esses financiamentos ficavam pouco acima de 20%.
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Da Folha de S. Paulo
Caixa aumenta participação em empréstimos de maior risco
Por Raquel Landim e Toni Sciarretta
A política do governo federal de usar os bancos públicos para combater a crise começa a provocar estragos na Caixa Econômica Federal.
Empréstimos considerados de maior risco –consumidor pessoa física, empresas e infraestrutura– já representam quase 30% do crédito total, segundo estimativa da Moody’s com base nos dados da própria Caixa. Até 2008, antes dessa política, esses financiamentos estavam pouco acima de 20%.
Diante da recessão prolongada, a expectativa é que a inadimplência cresça e que a Caixa tenha de recolher cada vez mais provisões para cobrir eventuais calotes. As consequências serão lucros menores nos próximos trimestres e uma folga decrescente para fazer novos empréstimos. Isso porque o banco não contará com novas injeções de recursos do governo e depende de lucros retidos para reforçar o capital.
A inadimplência geral do banco está em 3,3%, a maior desde 2009, mas a análise por segmento mostra dados piores. O calote dos empréstimos para pessoas físicas subiu de 5% no fim de 2013 para 7%. Nos empréstimos para empresas, a inadimplência, que variava de 1% a 2% até 2013, agora está em 5,4%.
“Com a crise, vai piorar a capacidade de pagamento das pessoas e subir a inadimplência da Caixa em 2016, particularmente nos segmentos com menos garantias como cartão de crédito e veículos”, diz a Moody’s em relatório.
Procurada, a Caixa não quis comentar.
CRISE
A recessão, o aumento dos juros e a inflação têm elevado a inadimplência em todos os bancos. A situação da Caixa, no entanto, preocupa, apesar de os créditos imobiliário e consignado –segmentos de menor risco de calote– ocuparem 65% da carteira.
Nos últimos anos, a presidente Dilma Rousseff utilizou os bancos públicos, com destaque para a Caixa, para reduzir os juros e estimular a economia. Isso foi feito apesar de os consumidores já estarem muito endividados e dos sinais de que a chamada política anticíclica (de estímulo à economia) tinha atingido seu efeito máximo.
Com tradição no setor imobiliário, a Caixa entrou no financiamento de veículos, cartão de crédito, pequena e médias empresas e infraestrutura. O banco financiou até grandes companhias, como a Petrobras, e a compra de eletrodomésticos pelo programa Minha Casa Melhor. O programa foi suspenso em fevereiro devido à inadimplência, que chegou a 30%.
“O que está acontecendo não é surpresa para quem acompanhava a Caixa. Naquela época já sabíamos que o problema viria à tona se não houvesse crescimento econômico. E foi o que ocorreu”, diz João Augusto Salles, analista da consultoria Lopes Filho.
Entre 2008 e 2014, o avanço anual de empréstimos da Caixa passou de 30%. O banco colocou o pé no freio neste ano e reduziu o ritmo para 15,5% de janeiro a setembro –acima da média de 8,2% do mercado.
Para o analista Miguel Santacreu, da Austin Rating, a Caixa precisa acelerar a venda de créditos podres e reduzir ainda mais o ritmo de concessão de crédito para aliviar a situação. “Acredito que o banco tem condições de resolver os problemas que ainda estão em linha com o mercado. Até porque acabou o tempo de repasses do Tesouro para os bancos públicos em razão das contas públicas em frangalhos”, disse.
O crédito imobiliário é considerado um dos mais seguros, mas até nesse segmento a inadimplência da Caixa subiu, de 1,7% para 2%.
Dos 56,4% do total de financiamentos alocados em imóveis, 16% se referem ao programa federal Minha Casa, Minha Vida. Os analistas dizem que esse setor ainda pode enfrentar problemas à medida que a crise se agrave em 2016, particularmente nas classes mais baixas atendidas a pedido do governo.
Leia também: ‘Dinheiro de pobre’, a inclusão social no sistema financeiro
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Nem todos estão fazendo a sua parte
Enquanto a Caixa trabalha em prol do País, o BB finge-se de morto, e concentra o crédito no risco A e um pouquinho no B.
BB, sociedade de economia mista
Fernando J., acredito que o BB finge-se de morto porque tem participação acionária privada, ao contrário da Caixa que é uma instituição 100% pública.
Esperava uma análise
Crítica dessa matéria aqui neste espaço.
Ela foi reproduzida integralmente como saiu no portal Uol.
Eu anotei uma safadeza da matéria quando diz que é esperado uma inadimplência maior em consequência da recessão prolongada, e que o lucro da Caixa pode diminuir.
Ora, se o banco tem uma função social, porque a preocupação do Uol com um menor lucro neste momento?
Ademais, eles são pródigos em anunciar catastrofes futuras.
Tentam superar Nostradamus.
portabilidade
Todos os fucionario publico paulista estão correndo do BB e aderindo a Caixa , isso é fato. Só nao o fez quem nao percebeu isso ainda.