Comércio varejista perde vigor no longo prazo

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Apesar do crescimento em setembro de 2023, dados agregados mostram que nem mesmo supermercados sustentou segmento

Foto de Eduardo Soares na Unsplash

Os dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira mostram que apenas o consumo dos supermercados e hipermercados tem ajudado o setor a ficar no positivo.

Os dados elaborados pelo jornal GGN revelam que, quando comparamos os dados de setembro dos últimos três anos, o destaque fica com o acumulado em 12 meses entre 2022 e 2023, onde se vê um salto de 0,2% para 1,8% – muito por conta da retomada mais consistente das atividades após a pandemia de covid-19.

Fonte: Jornal GGN

Na avaliação por segmentos, os cálculos mostram que quatro setores perderam força, enquanto três avançaram – perda de fôlego ante os dados de 2022 e 2021, e pouco melhor ante os cinco setores que perderam força em setembro de 2019.

Fonte: Jornal GGN

Supermercados puxam desempenho

Os segmentos que ganharam força no mês em relação a agosto foram móveis e eletrodomésticos (2,1%), hipermercados e supermercados (1,8%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,6%).

Segundo o IBGE, foi justamente o setor de hiper e supermercados que ajudou o varejo a sair do patamar de estabilidade visto anteriormente – tendo em vista que as famílias destinam parte expressiva de seu orçamento para a compra de alimentação, e acaba não sobrando para gastar em outros setores da economia.

Quanto ao avanço em móveis e eletrodomésticos, vale lembrar que muitos estão recuperando o acesso ao crédito por meio da renegociação de dívidas, e o avanço do Bolsa Família também pode ser um fator de influência por viabilizar o acesso a bens de consumo mais durável.

Fonte: Jornal GGN

Entretanto, quando fazemos um comparativo dos dados de setembro de 2023 com anos anteriores, a perda de vigor do varejo fica mais evidente.

Em setembro de 2022, por exemplo, é possível verificar que nem mesmo os supermercados, hipermercados e itens alimentícios ficaram livres da perda de dinamismo do varejo.

Na ocasião, o crescimento de hipermercados e supermercados chegou a 6,4% (1,8% em 2023), ao passo que o segmento agregado a produtos alimentícios, bebidas e fumo avançou (1,6% neste ano).

O setor de tecidos, vestuário e calçados (-3,2% em 2022, -1,1% em 2023) reduziu o volume de perdas, assim como o segmento de livros, jornais, revistas e papelaria (-15,9% em 2022, -1,1% em 2023).

Fonte: Jornal GGN

A perda de fôlego do varejo fica ainda mais clara quando a análise chega aos dados de 2013 – na ocasião, o segmento de hipermercados e supermercados chegou a avançar 12,2%, e o setor de hipermercados ligado a alimentos, bebidas e fumo cresceu 8,9%.

O setor de tecidos, vestuário e calçados perdeu 30,9% em 2013. Neste caso, podemos dizer que um dos pontos de impacto envolve a troca da produção doméstica pela importação de itens, em especial aqueles produzidos pela China, com menor custo.

Fonte: Jornal GGN

Ao longo dos últimos 10 anos, podemos ver que o varejo tem oscilado desde 2015, com especial destaque para a retração vista em 2017 – no cenário pós-impeachment de Dilma e posse de Michel Temer.

A queda brusca apurada em março de 2020 está ligada à restrição da circulação de pessoas e o fechamento das empresas por conta da pandemia de covid-19 – vale lembrar que os supermercados foram considerados estabelecimentos de primeira necessidade.

Fonte: Jornal GGN
Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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