Imbra: como o GP passou o mico e deixou os clientes na mão

Clientes da Imbra ficam nas mãos de fundo ”abutre” – economia – Estadao.com.br

Grupo Arbeit, que assumiu gestão em junho, decretou falência da empresa de implantes

Fernando Scheller e Roberta Scrivano – O Estado de S.Paulo

Clientes, fornecedores e funcionários das 26 clínicas da empresa de implantes dentários Imbra, que teve a falência decretada esta semana, estão nas mãos do que o mercado chama de “fundo abutre”: grupos que assumem negócios em dificuldades com a meta de organizar a gestão e transformá-los em empresas lucrativas. No caso da Imbra, porém, a aposta do novo sócio em uma recuperação durou menos de quatro meses.

O Grupo Arbeit, que assumiu a empresa que pertencia à administradora de recursos GP no fim de junho, pelo valor simbólico de US$ 1, decretou a autofalência da Imbra na quarta-feira – a medida impede a companhia de entrar em recuperação judicial, por exemplo. Todas as unidades foram fechadas e os funcionários ficaram sem pagamento. A dívida total da empresa supera os R$ 220 milhões.

O Arbeit justificou a medida alegando que a GP não pagou parte do aporte de R$ 40 milhões previsto no contrato de venda. Segundo o Estado apurou, a GP teria destinado R$ 30 milhões ao fundo nos últimos três meses. O pagamento teria sido interrompido após o fechamento temporário das clínicas, em setembro. O Arbeit não vem se pronunciando sobre o caso.

Além disso, o contrato de venda da Imbra para a Arbeit isentaria a GP de obrigações judiciais referentes ao negócio. O fundo teria sido escolhido justamente porque, graças a negócios imobiliários, de energia e de bebidas, tem um patrimônio de R$ 300 milhões. Entretanto, há quem defenda que a GP possa ser acionada por clientes e ex-funcionários. “O contrato entre as partes diz respeito a elas, e não a terceiros. Mas o acordo pode estabelecer que o comprador terá de arcar com as ações contra a GP”, diz um advogado de um grande escritório de São Paulo.

Ladeira abaixo. O “sinal amarelo” da Imbra acendeu bem antes da saída da GP do negócio. As queixas de consumidores vêm aumentando desde 2007, tendo atingindo 150 reclamações em 2009. Clientes ouvidos pela reportagem perceberam a piora do atendimento nos últimos 12 meses: a empresa deixou de validar tíquetes de estacionamento, cortou o café e passou a adiar tratamentos. Mesmo pagando “a perder de vista”, os consumidores só conseguiam os implantes depois de quitarem toda a dívida.

Entre os pacientes prejudicados está a estudante Jacqueline Felip, 27 anos, que entrou com ação judicial contra a empresa em 2008. Ela faria um tratamento de canal e a troca de um pivô. “O atendimento era ruim e cancelei o contrato. A empresa ficou de me reembolsar em 60 dias, mas pagou depois de um ano.” A estudante diz ter presenciado o caso de um homem que havia feito oito implantes e, uma semana depois, todos tinham caído.

Clientes relatam que a empresa oferecia tratamentos desnecessários, “empurrando” implantes para quem precisava de uma obturação, por exemplo. Segundo ex-funcionários, as consultas eram marcadas por atendentes de telemarketing – a ordem, uma vez na clínica, era que o cliente contratasse o maior número de tratamentos possível.

A “mercantilização” da profissão motivou o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CRO-SP) a advertir publicamente, no Diário Oficial da União, dentistas que atuavam para a empresa.

Por Fabio

Esses fundos de privat equity são tão paparicados , têm uma imagem de investidores sofisticados , mas esse caso da IMBRA parece que uma escorregada daquelas desde o início.

Vejam o que já vinha ocorrendo há três meses :

Fundadores da Imbra vão processar o fundo GP

Agência Estado

21/07/2010 |

São Paulo – Fundadores e donos de 22% da Imbra, os médicos Fernando Soares e Rodrigo Martins vão processar seu antigo sócio, o fundo de investimentos GP, por descumprimento do acordo de acionistas e suposta má gestão na empresa de implantes dentários. Ontem, pela segunda vez, eles convocaram uma assembleia de acionistas para a próxima semana para deliberar sobre o assunto. O edital foi publicado no Diário Oficial da União, como exige a Lei das S/A. Caso os novos controladores – o Grupo Arbeit – não apoiem a decisão, Soares e Martins vão à Justiça sozinhos.

No mês passado, apenas 20 meses depois de ter assumido o controle da Imbra, a GP vendeu 78% da empresa pelo valor simbólico de US$ 1 para o grupo Arbeit. Os fundadores dizem que foram duplamente surpreendidos pela notícia. “Só soubemos da venda pelos jornais. Eles descumpriram regras básicas do acordo de acionistas. Nós devíamos ser avisados antes. Além disso, tínhamos direito de preferência na compra dessas ações”, afirma Soares, de 30 anos, que criou a Imbra com um ex-colega da turma de Medicina da USP.A outra surpresa foi o valor do negócio. Em outubro de 2008, a GP pagou US$ 140 milhões pelo controle da Imbra. “Como a empresa perdeu tanto valor em tão pouco tempo?”, questiona Soares. “Nós entregamos uma empresa com caixa e eles venderam a empresa endividada.” Na ocasião da venda, fontes ligadas ao negócio disseram que a GP tentou adotar sua fórmula de gestão, baseada em meritocracia e corte de custos, mas teria tido dificuldades em enfrentar um mercado pulverizado e, muitas vezes, informal. Mais: o momento da aquisição, às vésperas da crise financeira mundial, foi ruim. Em nota, o GP informou que “as acusações não procedem, que a companhia sempre foi administrada de forma regular e diligente e reitera que cumpre rigorosamente suas obrigações em todos os seus negócios”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. 

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Luis Nassif

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