Dados de agosto indicam aceleração no ritmo da economia

Por Roberto São Paulo-SP 2012

Primeiros dados de agosto indicam aceleração

Vendas de papelão ondulado, consumo de energia e cimento e fluxo de caminhões cresceram no mês passado

MÁRCIA DE CHIARA – O Estado de S.Paulo

Os primeiros dados de agosto das vendas industriais de papelão ondulado, cimento, eletrodomésticos, fluxo de caminhões nas rodovias, confiança da indústria e consumo de energia elétrica pelas fábricas mostram quer a economia está num ritmo atividade mais acelerado do que o captado em julho pelo IBC-Br.

Espécie de indicador antecedente do Produto Interno Bruto (PIB) calculado pelo Banco Central, o IBC-Br cresceu 0,42% em julho ante junho, quando havia aumentado 0,61%. Consultorias privadas projetam crescimento maior, entre 0,5% e 0,9%, para o IBC-Br de agosto.

Um resultado que chama atenção é a venda de papelão ondulado, importante indicador antecedente do ritmo de atividade. Em agosto, as vendas cresceram 6,48% em relação ao mesmo período de 2011 e 8,5% ante julho, descontando os fatores sazonais. No ano, as vendas subiram 2,18%, segundo a Associação Brasileira do Papelão Ondulado.

A Mazurky, fabricante de embalagens de papelão, é uma das empresas que sentiram o aquecimento nos negócios. “Em agosto batemos a meta de vendas”, conta o diretor Marcel Mazurkyewistz. O objetivo era ampliar entre 7% e 8% o volume de negócios ante 2011, mas as vendas cresceram entre 8,5% e 9%.

“Neste mês os negócios estão bem agitados”, conta o empresário. A saída para dar conta dos pedidos, especialmente das lojas de comércio eletrônico, foi iniciar o segundo turno de produção e colocar a fábrica para rodar aos sábados. A empresa produz 220 mil toneladas por mês e vende para o setor de móveis, alimentos, plásticos e cosméticos.

O consumo de energia elétrica das fábricas também surpreendeu em agosto. Aumentou 1,3% na comparação com julho, que tinha registrado queda de 0,9% ante junho, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico. “Esse resultado é bem forte”, diz o economista da Tendências, Rafael Baciotti. De março a julho, o consumo de energia industrial caiu, em média, 0,8%, compara.

Baciotti cita também o movimento de veículos pesados nas rodovias que cobram pedágio. Ele cresceu 4,4% em agosto ante julho, descontada a sazonalidade, diz a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias.

Ajudados pelo corte do IPI, que acaba de ser estendido até dezembro, os fabricantes de fogões, geladeiras e máquinas de lavar apresentam crescimento gradual de vendas. Segundo Lourival Kiçula, presidente da Eletros, o setor encerrou o primeiro semestre com crescimento de 19,3% nas vendas ante 2011, em unidades. Em julho, esse resultado subiu para 22%. “Em agosto está sendo bem melhor”, afirma o executivo.

A reação da indústria também apareceu no Índice de Confiança, apurado pela Fundação Getúlio Vargas, que cresceu 1,4% em agosto ante julho, quando havia recuado 0,5% na comparação com junho. Também as vendas de cimento aumentaram 7,3% em agosto ante o mesmo mês de 2011, segundo o sindicato da indústria do setor (Snic).

Estoques. “A atividade está engrenando”, afirma o economista chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges. Além dos benefícios tributários e da maior oferta de crédito com juro menor, o economista diz que o fator crucial que desencadeou essa reação na indústria foi o ajuste dos estoques.

Diante dessa reação no ritmo de atividade, Borges projeta alta do IBC-Br de 0,9% em agosto na comparação com julho, descontadas as influências sazonais. Com isso, segundo ele, o ritmo de crescimento do PIB do terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre deve atingir 1,5%. Se a projeção se confirmar, a economia estará crescendo num ritmo anualizado de 6% entre julho e setembro, o que é insuficiente para reverter o fraco resultado previsto para o ano.

Luis Nassif

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