Coluna Econômica
Ao longo dos últimos anos, à frente da Casa Civil, a gestora Dilma Rousseff comandou alguns avanços significativos na gestão pública brasileira.
Na condição de Ministra das Minas e Energia, fez um trabalho eficiente para reformar o desastre ocorrido com o modelo elétrico do governo anterior.
Depois, na condição de gestora do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), aprimorou os sistemas de gestão públicos.
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Criou círculos de avaliação, para acompanhamento das obras.
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Definiu formas avançadas de gestão federativa, através de modelos em que se abria espaço para a atuação compartilhada de Estados e Municípios.
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Desmontou a cultura montada a partir do governo Sarney para barrar toda forma de gasto público e mantida até a gestão Antônio Palocci na Fazenda.
Por tudo isso, falta à Presidente Dilma Rousseff recuperar a visão de gestão da ex-Ministra Chefe da Casa Civil e providenciar mudanças no modelo de gestão do seu governo.
O primeiro passo é livrar-se da síndrome de Erenice Guerra – principal assessora de Dilma, na Casa Civil, fuzilada na campanha eleitoral de 2010. O episódio gerou uma insegurança ampla em Dilma, que passou a tentar controlar os menores detalhes de uma infinidade de processos existentes no governo.
Seu senso de detalhe, seu perfeccionismo faz com que passe a opinar sobre assuntos dos mais diversos, de políticas de inclusão a temas de tecnologia. E projetos relevantes ficam parados aguardando a última palavra.
Não dá. Ninguém domina toda essa infinidade de temas. Mesmo dominando, ninguém consegue dar conta do recado de governar uma máquina complexa, como o Brasil, tentando controlar todos os pontos e iniciativas.
É humanamente impossível.
Compromete a energia que deveria ser canalizada para missões maiores: a de definir estratégias e princípios de ação.
Mais que isso, exaure emocionalmente a pessoa, mesmo quem já passou por todos os desafios da vida, como Dilma. É tanto assunto, tanto problema, que o dirigente se arrepia com qualquer assessor ou Ministro que venha lhe trazer qualquer pepino. Essa impaciência abre espaço para os que só dizem sim – justamente o pior tipo de executivo com quem um presidente pode contar. Mata qualquer feedback do gestor.
Dentre todos os feitos do PAC, o mais expressivo foi o de ter preparado um plano inicial de ação, incompleto, e mandado pau na máquina, para fazer os acertos durante o voo. Foi essa gesto de coragem que rompeu com a inércia do investimento público no Brasil. Depois, no dia a dia os inúmeros problemas que surgiam iam sendo enfrentados.
Já escrevi aqui: o novo já nasceu: apenas não foi apresentado à Nação. Há um sem-número de possibilidades de gestão pública em todas as áreas, graças ao desenvolvimento do país nas últimas décadas, às novas formas de gestão e de tecnologia e de recursos humanos.
A Presidente já definiu claramente seus objetivos de governo: completar o combate à miséria; trabalhar o desenvolvimento; aprimorar a transparência da gestão pública.
Solte seus Ministros, mesmo que possam ocorrer problemas futuros. Ocorrendo, corrijam-se. Não tendo bom desempenho, demitam-se os Ministros.
Mas libere o Ministério para criar.
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