Dilma tem que arejar o governo

Coluna Econômica

Ao longo dos últimos anos, à frente da Casa Civil, a gestora Dilma Rousseff comandou alguns avanços significativos na gestão pública brasileira.

Na condição de Ministra das Minas e Energia, fez um trabalho eficiente para reformar o desastre ocorrido com o modelo elétrico do governo anterior.

Depois, na condição de gestora do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), aprimorou os sistemas de gestão públicos.

  1. Criou círculos de avaliação, para acompanhamento das obras.

  2. Definiu formas avançadas de gestão federativa, através de modelos em que se abria espaço para a atuação compartilhada de Estados e Municípios.

  3. Desmontou a cultura montada a partir do governo Sarney para barrar toda forma de gasto público e mantida até a gestão Antônio Palocci na Fazenda.

Por tudo isso, falta à Presidente Dilma Rousseff recuperar a visão de gestão da ex-Ministra Chefe da Casa Civil e providenciar mudanças no modelo de gestão do seu governo.

O primeiro passo é livrar-se da síndrome de Erenice Guerra – principal assessora de Dilma, na Casa Civil, fuzilada na campanha eleitoral de 2010. O episódio gerou uma insegurança ampla em Dilma, que passou a tentar controlar os menores detalhes de uma infinidade de processos existentes no governo.

Seu senso de detalhe, seu perfeccionismo faz com que passe a opinar sobre assuntos dos mais diversos, de políticas de inclusão a temas de tecnologia. E projetos relevantes ficam parados aguardando a última palavra.

Não dá. Ninguém domina toda essa infinidade de temas. Mesmo dominando, ninguém consegue dar conta do recado de governar uma máquina complexa, como o Brasil, tentando controlar todos os pontos e iniciativas.

É humanamente impossível.

Compromete a energia que deveria ser canalizada para missões maiores: a de definir estratégias e princípios de ação.

Mais que isso, exaure emocionalmente a pessoa, mesmo quem já passou por todos os desafios da vida, como Dilma. É tanto assunto, tanto problema, que o dirigente se arrepia com qualquer assessor ou Ministro que venha lhe trazer qualquer pepino. Essa impaciência abre espaço para os que só dizem sim – justamente o pior tipo de executivo com quem um presidente pode contar. Mata qualquer feedback do gestor.

Dentre todos os feitos do PAC, o mais expressivo foi o de ter preparado um plano inicial de ação, incompleto, e mandado pau na máquina, para fazer os acertos durante o voo. Foi essa gesto de coragem que rompeu com a inércia do investimento público no Brasil. Depois, no dia a dia os inúmeros problemas que surgiam iam sendo enfrentados.

Já escrevi aqui: o novo já nasceu: apenas não foi apresentado à Nação. Há um sem-número de possibilidades de gestão pública em todas as áreas, graças ao desenvolvimento do país nas últimas décadas, às novas formas de gestão e de tecnologia e de recursos humanos.

A Presidente já definiu claramente seus objetivos de governo: completar o combate à miséria; trabalhar o desenvolvimento; aprimorar a transparência da gestão pública.

Solte seus Ministros, mesmo que possam ocorrer problemas futuros. Ocorrendo, corrijam-se. Não tendo bom desempenho, demitam-se os Ministros.

Mas libere o Ministério para criar.

Luis Nassif

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