Dívida italiana é rebaixada

Por Nilson

De O Globo

Turbulência global

S&P: Agência rebaixa Itália por temor sobre dívida

NOVA YORK, ATENAS e LONDRES – A agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) reduziu na noite dessa segunda-feiraa nota da Itália de “A+” para “A”, com perspectiva negativa, citando a debilidade do crescimento econômico e a fragilidade do governo. Isso, segundo a S&P, pode impedir que a terceira maior economia da Europa reduza sua dívida pública, que deve atingir 120% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país) este ano.

No dia 5 de agosto, a S&P sacudiu o mundo ao rebaixar, pela primeira vez na História, o rating dos Estados Unidos, então “AAA”, para “AA+”. Mas não foi seguida por Moody’s e Fitch – sorte que a Itália pode não ter, já que a classificação do país está sob revisão pela Moody’s.

A crise da dívida na zona do euro já levou ao rebaixamento de Espanha, Irlanda, Grécia, Portugal e Chipre.

“Em nossa opinião, as medidas incluídas e o cronograma de implementação do Plano de Reforma Nacional provavelmente farão pouco para melhorar o desempenho econômico da Itália, particularmente em um cenário de condições financeiras mais restritas e programa de austeridade fiscal do governo”, afirmou em nota a S&P.

Para analistas, a decisão da S&P deve agravar a crise política no país. O premier Silvio Berlusconi enfrenta quatro processos na Justiça. Desde julho, o governo aprovou dois pacotes de austeridade, em um total de 100 bilhões, segundo a Bloomberg News. As medidas serão mais um entrave ao crescimento econômico, que na última década registrou uma média de apenas 0,2% ao ano, contra 1,1% na zona do euro.

Como reflexo do rebaixamento da Itália, a Bolsa de Tóquio fechou em queda de 1,61%, enquanto Hong Kong avançava 0,51% e Seul subia 0,94%. Na Europa, a Bolsa de Paris abriu em baixa de 0,98%, Londres iniciou o pregão em queda de 0,24% e Frankfurt começou a sessão com um recuo de 0,29%.

Roubini defende que Grécia deixe a zona do euro

Na Grécia, o temor de moratória ressurgiu com a reunião de emergência entre o ministro de Finanças do país, Evangelos Venizelos, e os credores internacionais. Estes querem mais reformas e cortes de gastos, afirmando que só a redução do Estado pode evitar um calote. As discussões prosseguem hoje. Já em artigo publicado no jornal britânico “Financial Times”, o economista Nouriel Roubini defendeu que a Grécia decrete moratória e abandone o euro.

Na reunião, o representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) na Grécia, Bob Traa, afirmou que o governo tem de acelerar as reformas e enfrentar o “tabu” de demitir servidores públicos.

Em uma tentativa de melhorar a arrecadação, Atenas ordenou ontem o recolhimento de informações sobre todas as pessoas físicas ou jurídicas que fizeram saques bancários superiores a 100 mil desde 2009. O objetivo é saber se essas operações foram declaradas ou se constituem evasão fiscal.

Este mês, depois de vir a público que havia um déficit de mais de 2 bilhões no Orçamento, os credores decidiram suspender a liberação da sexta parcela, de 8 bilhões, do pacote de 110 bilhões acertado em maio de 2010. Sem essa parcela, a Grécia pode decretar moratória em meados de outubro.

E é exatamente o que Roubini defendeu em seu artigo. Ele argumentou que se a Grécia deixasse o euro, retomando a dracma e promovendo uma drástica desvalorização, restauraria a competitividade e o crescimento, “como ocorreu na Argentina”. “É claro que esse processo será traumático”, afirmou, ressaltando, porém, que outras economias periféricas poderiam, então, decidir se seguiriam a Grécia ou ficariam no euro. Roubini aponta Portugal como um exemplo provável a sair do euro.

“Separação e divórcio são dolorosos e caros (…). Uma saída ordenada do euro será difícil. Mas assistir à lenta e caótica implosão da economia e da sociedade gregas será muito pior”, concluiu Roubini.

Grécia pode fazer referendo sobre o euro, diz jornal

Investidores que negociam credit default swaps (papéis de proteção para moratória) já colocam em 99,99% as chances de a Grécia decretar um calote. Para a Itália, as apostas são de 33%.

A Grécia pode realizar um referendo sobre sua presença na zona do euro, como uma forma de fortalecer o governo na crise ou abandonar a moeda única, afirmou em seu site o jornal local “Kathimerini”, atribuindo a informação a fontes.

Luis Nassif

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