É hora de se discutir a USP, por Luis Nassif

Na coluna de ontem, mencionei a necessidade da USP (Universidade de São Paulo) ser regida por um Conselho Administrativo. Leitores supuseram que eu me referia ao Conselho Superior, que existe. Seria algo acima do Conselho Superior, formado por membros da sociedade civil, produtiva, órgãos de fomento, indústria, governo que pudessem definir claramente a missão da universidade.

O mesmo problema do excesso de concentração de encargos burocrático acomete as universidades federais, tornando quase impossível a função do reitor. Este tem que ser um super-homem, entender de área administrativa, acadêmica, prestar contas para o governo, enfrentar a lei de responsabilidade fiscal. Não foi treinado para isso, porque escolhido exclusivamente entre professores.

As universidades americanas têm o CEO, o presidente. Debaixo dele, as áreas administrativa e acadêmica. E o Conselho Administrativo definindo a missão e os indicadores de desempenho.

Com essa polarização maluca que tomou conta do país, com CEOs sem visão sistêmica de país, e muitos departamentos sem visão de eficácia, há que se ter muito cuidado para impedir interferências indevidas na missão da Universidade. O que só seria possível com governos legitimados pelo voto e uma ampla discussão sobre a governança.

Outro fator decorrente dos problemas estruturais da USP é a incapacidade de pagar salários competitivos aos professores em tempo integral. Nos últimos anos, perdeu diversos professores para as federais – antes que Temer e Maria Helena Guimarães iniciassem o trabalho de demolição – e para as universidades privadas de ponta.

Por trás dessa crise, uma redução da receita em decorrência da queda da atividade. Mas também a falta do modelo administrativo eficiente.

Tome-se o caso do campus de São Carlos. Tem Institutos de Física, Química, Arquitetura, Engenharia, Matemática, Computação e a prefeitura do campus. São 6 unidades.

É um campus essencialmente de exatas. Cada unidade tem uma estrutura administrativa independente, com diretor, vice-diretor, chefes de departamento, vice-chefes, RH, transporte e motoristas. Tudo isso para um campus com 5 mil alunos de graduação e 3 mil de pós.

Em todo caso, São Carlos é um centro de excelência (e seria melhor ainda com objetividade gerencial e com os professores libertados das malhas burocráticas da administração). No caso da USP Leste, o quadro é mais confuso, porque a universidade não definiu sua vocação.  O único critério a justificar sua criação é o da localização. 

Se a USP ainda é a melhor universidade do país, deveria estar participando das grandes discussões, dos grandes problemas nacionais. Por que não está? A PUC-SP faz mais eventos, discute mais o Brasil do que a USP.

O MIT (Massachusetts Institute of Technology) é uma unidade, que tem departamentos.

Quando se fragmenta a gestão, dificilmente se conseguem projetos multidisciplinares, que deveriam ser afetos apenas à área acadêmica. Dependem de cada instituto, de cada departamento envolvido. Torna-se um paquiderme burocrático.

Há muitos modelos internacionais que funcionam. Se não souber como fazer, que se copie o modelo de uma universidade padrão internacional.

Luis Nassif

27 Comentários

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  1. Custa-me crer…

    Sou admirador incondicional de seu trabalho, de sua escrita e de sua forma de fazer jornalismo. Mas, custa-me crer que você acha que a estrutura departamental é de fato um empecilho para o desenvolvimento de atividades interdisciplinares. Ledo engano de sua parte. De fato, há alguma burocracia que precisa ser superada, como a aprovação de projetos em diferentes departamentos, o que, via de regra, ocorre sem maiores problemas. O problema maior costuma ser de cobertor curto, uma vez que é preciso estar muito claro onde cada departamento vai gastar seus parcos recursos. O maior entrave para projetos multidisciplinares e propostasa curriculares multidisciplinares tem dois nascedouros: 1) no nosso próprio mercado de trabalho, que adora pagar de moderno mas é absurdamente conservador. Basta ver como são os processos de “seleção” para muitas empresas, onde o “QI” ainda é aliado muito maior do que a gama de problemas que você conhece e é capaz de resolver. 2) Como vamos falar de interdisciplinaridade se desde a mais tenra escola nossos estudantes vivem perguntando “pra que estudo isso?”, “pra que estudo aquilo?”, num ranço que se perpetua até o ensino superior? Não temos gosto por aprender, essa é a verdade. Queremos aprender a apertar parafusos, ou mais provavelmente, queremos aprender a mandar alguém apertar parafusos, porque isso é importante para o desempenho da função que nos remunera. Simples assim… Além disso, fica parecendo que apenas projetos multidisciplinares prestam e são o futuro da humanidade. Menos gente… menos. São muito bonitos, muito legais, mas muitos levam anos para serem executados. É necessário que todas as partes envolvidas falem minimamente um código em comum, mas nos dão tempo para isso? Não né? Porque para seguirmos vivos em nossas carreiras somos obrigados a seguir produzindo artigos, dissertações, teses, muitas vezes sem pensar, sem de fato fazer Ciência. Apenas cumprindo prazos e metas impostos por quem não sabe somar frações com o mesmo denominador e não sabe sequer entender que diferentes áreas possuem diferentes dinâmicas. E convém lembrar que isso não ocorre apenas por aqui… hoje estima-se que mais de um terço das pessoas que ingressam na carreira acadêmica/de pesquisa a abandonam. Será por que?  

  2. ” com os professores
    ” com os professores libertados das malhas burocráticas da administração”.

    Tem muitos e muitos professores que querem é permanecer libertados das salas de aula! Nao são raros os casos em que estão há mais de dez anos só metidos com politica Universitária, licenças, etc.

  3. USP

    Como você falou que não sabe o motivo de existir a USP Leste, mostra justamente que você não conhece a região (mais especificamente o Jd.  Keralux)  e nunca se preocupou de conhecer de forma mais séria a proposta da EACH-USP. Não te culpo, porque mesmo na USP muitos não sabem e não querem entender a concepção da unidade.
    Somos a segunda unidade da USP em número de alunos (quase  6000 alunos entre graduação, pós e extensão) com quase 300 professores pesquisadores e 110 técnicos administrativos (uns heróis) sem um único Departamento !!! Com Ciclo básico com todas áreas do conhecimento!!! Com 11 novos cursos de graduação e 10 de pós graduação, em áreas novas.  em apenas 13 anos ( que na ciência não é nada…). Realmente deve ser muito pouco, sem contar com desprezo que fomos  tratados na mídia no geral e pelo MP (mais uma para conta deles, que já é grande…), combatendo  justamente a inovação.
      Eu como gestor, posso te falar, que lá estamos tentando implantar uma forma nova de gestão onde a grande questão é o poder  ( basicamente orçamento para executar) realmente ser compartilhado e não concentrado em poucas mãos, dos iluminados que tem soluções para tudo. Já temos muitos CEOs (os assistentes dos diretores,  e assessores diretos das direções), com muito mais poder que qualquer professor (inclusive que o diretor), inventando regras para não executar o orçamento aprovado! Uns dos problemas que não querem ser responsabilizados em ” ato de ofício”, que é compreensível  na situação atual do nosso judiciário.
    O dia que quiser conhecer de verdade a propçossta está convidado, espero que possa entender de verdade a  USP Leste (EACH-USP).
    Mauricio de Campos Araújo
     

    1. Se um professor uspiano não

      Se um professor uspiano não consegue justificar ”seu poder”(?) em relação a um CEO administrador, então este professor está no patamar errado, na profissão errada.
      Complementando, parece que esse negócio de ”viência” tem se espalhado por todos os departamentos acadêmicos…

      Éum tal de ”você nunca pisou no laboratório”, ou ”quem está criticando nunca foi lá”, etc tanto nos debates sobre verbas ou sobre o regresso dos bolsistas brasileiros que querem mudar as regras do  jogo ficando no exterior porque não querem ficar ”em casa vendo netflix” (dicotomia ”academia X netflix”, pobre país…)

  4. Boa ideia

    Experiências internacionais? Humm… boa. Parece que as universidades em Cuba funcionam muito bem. Pelo menos a Medicina que se ensina por lá, quando o critério é saúde, é reconhecida como eficiente no mundo todo, notadamente por se descolar da indústria da doença, a farmacêutica.

    Dá para fazer muito com muito menos. O problema da USP não é diferente de todos os outros que nos assolam, nos derrubam, torna-nos lixo: Capitalismo: dinheiro, poder e privilégios em lugar da atividade-fim. Agravado pela aura de elite.

    – “Você quer praticar Medicina?”

    – “Depende. Desde que, através dessa prática, eu me mantenha no topo.”

    Onde não se privilegia o poder, o dinheiro, viceja a atividade-fim. E vice versa. Isso na Medicina, no Jornalismo, na Engenharia, na Arquitetura, na polícia… em qualquer atividade.

  5. A USP se tornou um universo à

    A USP se tornou um universo à parte do próprio país. Bate o pé, faz greves e pressões várias pra sempre ter mais dinheiro, mas não gosta de ninguém lhe cobrando. 

  6. Modelo Nacional

    O governo de SP fecha contratos milionários para fornecer revistinhas para escolas. Porque a Universidade não pode dar conta dessa demanda com muito mais qualidade? Engaja a comunidade e facilita a fiscalização pela própria disseminação do conhecimento.

    1. Taí um assunto
      Taí um assunto interessante.

      Tenho amigos formados em comunicaçao social (jornalistas e publicitarios).

      A conversa sempre esbarra no corpo docente. Foram pro magisterio superior aqueles que nao desenrolavam nada nas redaçoes. Gostam mesmo é de revisao bibliografica. As experiencias de TVs universitarias e outras midias são tao mambembes que nem querem se meter mais com isso (sempre, obviamente, culpando os estudantes e a dalta de dinheiro).

      1. E tanto cientista querendo

        E tanto cientista querendo sair na Science, porque não publicar seu trabalho na Ciência Brasileira e ter sua pesquisa usada em sala de aula, ainda aumenta a leitura e experiência dos alunos em sala. O pessoal da comunicação teria a produção das aulas documentários, e tem as animações…, poderiam ser exibidos além de aulas e internet em festivais afora como no dia da ciência, etc.

         

         

         

  7. Muitos problemas apontados

    Muitos problemas apontados realmente existem, mas…

    a solucao de deixar a administração para quem é da área  é interessante mas tem que lembrar que os tecnicos aqui sao os com a cultura brasileira e nao coma cultura americana do mit ou europeira do cnr… se a escolhas e capacidade dos professores sao problematicas na administração, a dos tecnicos não é muito melhor.. é comum decisoes administrativas que facilitam a vida burocrática em detrimento da academica e por vezes acabam sobrecarregando os docentes ainda mais… copiar o modelo externo pode ser uma boa mas se a cuktura nao mudar nao resolve

  8. Lembremos que eventos

    Lembremos que eventos interdisciplinares numa PUC é mais fácil pela própria estrutura física da Universidade, onde alunos e professores de diferentes cursos se misturam em um mesmo prédio.

    Na USP e o modelo produzido no Campus do Butantã as unidades se separam e ficam distantes umas das outras. 

    Por exemplo, alunos da Economia e Administração estudam em um prédio um tanto distante dos alunos da Escola de Comunicação e Artes distantes os dois prédios da FFLCH – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. E sem contar que as outras disciplinas seguem o mesmo padrão. 

    Não se faz naturalmente amizades entre alunos de Psicologia, Economia, Direito, Biologia, Geologia, Arquitetura, Veterinária,  Filosfia, Física, Matemática, etc. quando se estuda lá, se há é porque moram perto e já estudavam juntos antes e eram amigos, pode acontecer de o motivo ser porque pegam a mesma condução e, alguns poucos fatores mais. 

    Qual foi a motivação deste processo de separação dos institutos/faculdades/departamentos quando se resolveu criar a Cidade Universitária no Butantã? 

    1. Não tem jeito.

      Alexandre,

      Mas não teria como fisicamente colocar mais perto tanta gente… Já há um fluxo grande na graduação. Aqui no meu Insituto tem gente da Medicina, da Física, da Biologia, da Farmácia, da Engenharia. No bandeijão encontramos o pessoal da FFLCH…

      Quanto as amizades entre os alunos de diversos cursos, isso não é muito diferente em outras universidades. As panelas prevalecem. No passado, a USP era bem mais aberta e o fluxo entre alunos era maior, graças às festas – agora proibidas – e eventos esportivos – agora minguados. Nos anos 80 e 90, a piscina do CEPE era uma festa na sexta-feira a tarde…

      A pergunta é: qual a motivação do processo de fechamento da USP e exclusão da comunidade externa iniciado em 1995/6? Ea  proibição da comunidade interna em utilizar o espaço da USP, em fazer festas, comercializar bebida alcólica no campus, etc?

      1. Guilherme!

        Ótimas as suas ponderações.

        Este processo de fechamento do campus, de fechamento para o mundo exterior é um tanto, penso comigo, o próprio modelo de sociedade que São Paulo se acostumou a produzir nos ininterruptos anos de neoliberalismo e o elitismo das classes dominantes e de busca de pouca socialização entre os estudantes e entre a universidade e a sociedade.

        A USP que eu estudei nos anos 90 – em 2 graduações – me pareceu um tanto separada. Institutos, faculdades separados pela distância e pode ter sido proposital esta configuração do Campus do Butantã, ação realizada como uma forma de não socialização entre estudantes de cursos diferentes. 

        Precisaria estudar a História da USP e a formação do Campus para afirmar o que digo. E concordando com você, há um certo fechamento entre alunos do mesmo curso, mas, por exemplo, Geografia e História há uma chance maior de as pessoas se misturarem pelo fato de ocuparem um mesmo prédio. Eu fiz Geografia e tinha amizades na História.

        Certamente que não dá para se colocar tanta gente em um espaço menor, mas, não vejo necessidade da distância que existe.

        Abraço,

        Alexandre! 

        1. Perfeito.

          Desculpa a demora, mas tens razão quanto ao processo de fechamento da universidade espelhar o socio-econômico. Pelo menos neste aspecto a USP não se descolou do resto da sociedade! :-/

  9. Que eu saiba a USP paga
    Que eu saiba a USP paga salários mais altos que as federais para docentes.
    Usar as universidades americanas como modelo foi um mal começo.

  10. Não é só a questão administrativa…

    Concordo que o direito administrativo brasileiro, nos moldes atuais, é um dos mecanismos de emperramento da administração e, especialmente, das Universidades, que precisam de maior flexibilidade e menos burocracia para facilitar a gestão. Além do cabedal legislativo e de controle, que assusta o gestor, há essa enorme superposição de funções ou mesmo excesso de cargos de direção, em certos locais, e carência em outros. Acaba ocorrendo um problema alocativo, sem dúvidas, aliado à ausência de preparo dos professores para a carreira estritamente administrativa.

    No entanto, a questão é também de recursos, sim. Em uma discussão recente com um grupo de direitistas que criticavam a falta de funcionalidade das universidades brasileiras, quanto a novas linhas de pesquisas afinadas com temas mais “modernos”, eu argumentei, entre outros motivos, que muito já é feito diante da escassez de recursos, uma vez que a maior parte dos orçamentos acaba se esvaindo com gastos de pessoal e manutenção básica das universidades. Pouco sobra efetivamente para linhas de pesquisa novas. Muitos criticaram, dizendo que nossas universidades são “caras”, utilizando os valores globais de alguns orçamentos. Daí fui comparar com o orçamento de universidades de ponta no exterior, como Oxford.

    Oxford, para um universo de cerca de 24 mil alunos, possui um orçamento de quase 7 bilhões de reais (dados de 2016/2017, com libra cotada a 4.96). A USP, com mais de 80 mil alunos atualmente matriculados, teve um orçamento aprovado de 5,1 bilhões de reais para 2018. Além da discrepância na relação proporcional de recurso per capita/aluno, há também o fato de que a USP, certamente, possui uma carência estrutural muito maior do que a prestigiada instituição britânica, o que demandaria ainda mais recursos para investimentos do que Oxford precisa, em tese. O destrinchamento desses números pode evidenciar ainda mais a carência de recursos para determinadas áreas fim das universidades brasileiras.

  11. universidade empresa é modelo falido no mundo todo.

    Completmente equivocado,  certamente é artigo de alguém preocupado mas que desconhece a realidade das universidades no mundo afora os indicadores de excelencia. Por exmeplo, como alguém comentou aqui a estrutura departamental, que não é spo da USP, não impede o trabalho interdisciplinar há vários nucleos interdisciplinares funcionando na universidade e a interdisplinariedade faz parte dos curriculos dos cursos universitários. A estrutra departamental é organizacional não é academica.

    O modelo internacional proposto está falindo as universidades americanas. FAlindo em termos do que elas deveriam oferecer: boa formação- para a vida em sociedade, relevancia para as questões da sociedade. O modelo de eficniencia empresaerial de gestão por exemplo, tem fechado vários cursos de humanidades nas universidades européias. A universaide não e, ou nãoi deveria ser uma empresa, os critérios de eficiencia não podem ser os mesmos de uma empresa mercantil.Recomendo que se veja o documentário”Torre de Marfim” sobre as universidade americana e depois pensem se é esse o modelo que queremos no Brasil.

    1. Perfeito!

      Sugiro o livro “Beyond the University: Why Liberal Education Matters”, do historiador e reitor Michael S. Roth (Yale Press). Nesta msm linha defende, no estilo liberal, que universidades não sejam empresas, mas fábricas de caráter.

  12. Discutir é sempre bom,

    mas sem falar besteira.

     

    Sigo as palavras do Edson Dias abaixo. Como leitor assíduo a admirador do teu blog, Nassif, fico a vontade de criticá-lo.

    Sou docente da USP há 8 anos e frequento os campi há uns 25… Então, vamos aos fatos:

    – Como disse o André Oliveira, os salários das estudais (USP) são superiores aos das federais, exceto no topo de carreira (cargo Prof. Titular), quando a diferença é relativamente bem pequena.

    – Não conheço um único caso de docente ativo que tenha deixado a USP e ido para uma federal, quiçá para uma “particular de ponta” (aliás, existe isso no Brasil?!). As federais pagam menos, e tem condições de pesquisa e ensino muito piores. Talvez vc confundiu com o caso de docentes aposentados na USP que para acumular um segundo vencimento, foram para as federais depois de se aposentar aqui.

    – Teu exemplo do campus de São Carlos foi mal escolhido. Visito este campus regularmente para bancas, etc. A administração das unidades ali é bastante enxuta e eficiente. Não há redundância. Seria inviável fundí-las, porque não conseguiriam realizar o trabalho necessário.

    – Comparar a PUC-SP com a USP-SP é uma brincadeira de mal gosto, talvez motivada porque teu Brasilianas foi pra lá? Excluindo as áreas de extas/biológicas/saude, quase inexistentes na PUC-SP, há ainda em humanas uma infinidade de eventos e discussões sobre o Brasil aqui na USP-SP. Não haveria espaço em 10 PUCs para acomodar… Oq acontece: os eventos na USP não são tão divulgados (por falha nossa, certamente, mas tbem por haverem tantos!); como disse o Alexandre Tambelli, a USP é distante e a PUC-SP esta localizada no centro em SP (ai do ladinho de Higienópolis :-), concentrando todos seus eventos em um único quarteirão (ou teatro!).

    Enfim, podemos discutir a estrutura administrativa. Duvido que funcionaria bem “americanizada” como vc propõe. Mas o Edson Dias foi muito claro explicando que este não é nosso problema central. Nem de longe.

    Talvez a questão central da USP é primeiro decidir sua missão: queremos ser uma universidade de classe mundial (tipo MIT, Stanford, etc), ou uma universidade de massa (tipo a UNAM no México, etc). Hoje a USP é um pouco das duas, o que gera análises confusas e dificuldade em gerir o futuro. Outra grande questão é obviamente o financiamento. As universidades citadas tem orçamento per capta centenas de vezes maior doq a USP, com endowments gigantes. Sem orçamento (90% do da USP esta atualmente comprometido com pagto de folha ativa+inativa), fica bem mais difícil!

     

    1. ”Como disse o André

      ”Como disse o André Oliveira, os salários das estudais (USP) são superiores aos das federais, exceto no topo de carreira (cargo Prof. Titular), quando a diferença é relativamente bem pequena.”

      Ou seja, você quer que ele tome como referência a média e não o topo (universidade sem excelência)
      ”Exceto no topo da carreira” em se tratando de ambiente universitário soa como ”apesar de centenas de mortes de praças, o general passa bem”

      ”- Não conheço um único caso de docente ativo que tenha deixado a USP e ido para uma federal, quiçá para uma “particular de ponta” (aliás, existe isso no Brasil?!). As federais pagam menos, e tem condições de pesquisa e ensino muito piores.”

      Casuísmo acadêmico, a nova jabuticaba made in Brazil…

      ”- Comparar a PUC-SP com a USP-SP é uma brincadeira de mal gosto, talvez motivada porque teu Brasilianas foi pra lá? Excluindo as áreas de extas/biológicas/saude, quase inexistentes na PUC-SP, há ainda em humanas uma infinidade de eventos e discussões sobre o Brasil aqui na USP-SP. Não haveria espaço em 10 PUCs para acomodar… Oq acontece: os eventos na USP não são tão divulgados (por falha nossa, certamente, mas tbem por haverem tantos!); ”(sic)

      Apesar do ”mal gosto” e do ”haverem tantos!” e do ressentimento pouco disfarçado contra atores extra muros da sacrossanta academia brasileira, poderia explicar o que é um ”evento não divulgado?” Qual complicadores existem entre o fato da PUC estar em Perdizes e a USP  na ”longínqua” e ”hinóspita” área ”além rio Pinheiros” do Butantã? Ou SP, o Brasil e América Latina se resumem à zona oeste, Vila Madalena, etc?

      ”Talvez a questão central da USP é primeiro decidir sua missão: queremos ser uma universidade de classe mundial (tipo MIT, Stanford, etc), ou uma universidade de massa (tipo a UNAM no México, etc).”

      Porque usar a UNAM como paradigma ”massificado”? Por que ela é de terceiro mundo? Por que não Sorbonne? Você por um acaso é um daqueles existencialistas frustrados que foram para lá e voltaram sartreanamente nauseados pela ”massificação” do ensino gaulês?

       

       

  13. Narciso, caramujo africano e a USP

    Então, Nassif, sou bastante burro nestas coisas administrativas e hierarquias, mas… bom, eu já tinha dito que há o Conselho Universitário, ele tem função deliberativa. Em alguns momentos, sobre o que vc escreveu, pensei assim, em quem consultar e quem delibera. Se deve juntar ou separar as instâncias. Mas, na USP, o Reitor comete (sim, comete) decisões monocráticas, mas tem horas que convém pedir a opinião e decidir no Conselho Universitário apenas para diluir a responsabilidade. Não há um tipo de conselho consultivo (a criação de um conselho que não apita pra nada só agitaria as coisas pra pior). 

    Bom, Nassif, se te entendi direito, vc deseja que se separe o administrativo daquilo que corresponde às atividades docentes, tornando a administração mais específica e profissional. 

    Agora, existem modelos e modelos de universidade, o MIT, Cambridge, New School e por aí vai. São exemplos de universidades de países centrais, que possuem outras circunstâncias históricas, econômicas e sociais que pesam enormemente. Engraçado pensar no modelo de gestão e no modelo de país, sendo que não se tem a menor ideia de onde se está. São propostas, claro, mas a que ponto vale a pena usar modelos de universidade que não servem para nosso contexto? O Marco Antonio Zago fez isso, com base na Universidade de Bologna. A grita foi geral, a tal ponto que se somaram à discussão várias estatísticas, planilhas e pesquisas mostrando que o que o senhor Zago pensava não fazia o menor sentido. A Adusp virou um tipo de especialista nestas planilhas, e com toda a razão, diga-se de passagem. 

    Pensar a USP dentro de um modelo de país, o país que se quer, precisa colocar a Universidade na vanguarda da coisa? Que a USP seja a maior universidade brasileira, ou a segunda no ranking? Quem se importa? O ideal de ego? O umbigo? Não se trata mais de função da Universidade, de pesquisa, de núcleo duro,mas da perda de um certo status dentro de um ranking. É sintomático: não se fala que a Unicamp é a melhor universidade do país; fala-se que a USP perdeu posições. Que situação é esta? 

    Não sei ao certo se a USP, no todo, não pensa o país. E quem sabe e como, também não sei. Deve haver alguma parte que sim. Mas a USP está no Brasil, faz parte dele, não é ponto fora da curva. E, como tal, todos os que ali estão possuem virtudes e vícios, profissionalmente falando, em maior ou menor proporção. 

  14. De João Ramalho a Bradley Dodge, sob a mesma velha gestão

    A racionalidade gerencial é um argumento inócuo, pois todos os modelos se apresentam como racionais e, portanto, se esquivalem. “Racional”, porém, não é algo absoluto. Depende do tempo, do lugar, da história, da cultura, da sociedade e dos indivíduos. 

    A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas é o patinho feio e a ovelha negra da USP, exatamento porque as ciências humanas produzidas na USP e no Brasil, NUNCA foram sequer consideradas pelos gestores públicos brasileiros, Bresser-Pereira e seu séquito à frente.

    Quem quiser entender a história da gestão no Brasil precisa ler a tese de doutaramento na FEA da professora Tania Fischer Diederichs, da UFBA.

    Está tudo lá, timtim por timtim, como os americanos pagaram e impuseram a implantação de todos esses métodos que o senhores de escravos passaram a impingir aos escravos nos últimos 70 anos!

    O que é “racional” para um senhor de escravos, não é para os escravos. Os comportamentos típicos da sociedade brasileira. como observamos nos jornais todos os dias, reproduzem a (i)rracionalidade de ambos até os dias de hoje!

    Bradley Dodge é o João Ramalho gringo!

    MIT, Standord, que ilustram esta página e, principalmente, Michigan e South California, fizeram a cabeça de 10 entre 10 gerentes brasileiros de supermercados (Diniz e Bresser), bancos e estatais.

  15. USP
    Essa pauta atrapalhada já veio atrapalhada da Veja. Gosto deste jornalista, não é golpista, parece defender as instituições democráticas. Mas foi superficial e suas premissas equivocadas ao falar da USP. Acho q errou o enfoque. Estude mais a USP antes de escrever sobre ela! O debate fica pobre quando não há fatos, teses nem argumentos pertinentes. Rubens Russomanno Ricciardi

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