Jornal GGN – Estudo do economista Philip Vermeulen, publicado no site do Banco Central Europeu, mostra que a concentração de renda é maior do que se pensava. Vermeulen defende que a parte mais rica da população tende a omitir os dados reais sobre sua renda. O economista combinou dados de inquéritos do BCE com o ranking dos mais ricos do Mundo publicado pela revista Forbes. Como exemplo, ele diz que nos EUA, os 1% mais ricos do país detém de 35% a 37% da riqueza total, ao contrário dos 34% afirmados anteriormente.
Enviado por Gilberto
Do Público.pt
SÉRGIO ANÍBAL
Estudo de economista do BCE mostra que o peso da fortuna dos mais ricos ainda é maior do que se julgava
Afinal, o peso da fortuna dos mais ricos ainda é maior do que se julgava, conclui um estudo publicado esta semana no site do Banco Central Europeu. No caso português, um quarto da riqueza está nas mãos de 1% da população.
Philip Vermeulen, um economista da autoridade monetária europeia, decidiu verificar se os dados da distribuição da riqueza publicados nos Estados Unidos e em diversos países da zona euro com base na realização de inquéritos às famílias nos davam uma imagem próxima da realidade. Em particular, o autor quis tentar perceber se os resultados apresentados eram afectados pelo fenómeno, já verificado em outras ocasiões, de não resposta ou resposta subavaliada por parte dos inquiridos com maiores rendimentos. E concluiu que sim.
Na resposta a inquéritos sobre a fortuna e os activos acumulados, as famílias pertencentes aos escalões mais elevados de rendimento, tendem a omitir de forma mais significativa os dados reais. E, por isso, a conclusão é simples: o peso da fortuna dos 1% e dos 5% da população mais ricos é afinal mais elevada do que se suponha.
Como explica o autor, isto acontece porque, para estes escalões de rendimento, a informação sobre a sua riqueza se torna mais sensível, com a motivação para a representar erradamente em inquéritos a acentuar-se. A análise de Philip Vermeulen parte dos dados publicados nos Estados Unidos nos inquéritos ao rendimento das famílias e produzidos para nove países da zona euro (incluindo Portugal) a partir de um inquérito do Banco Central Europeu que apenas pode ser consultado por investigadores.
Com base nos dados destes inquéritos, os 1% mais ricos nos EUA detinham 34% da riqueza total das famílias. Um valor que é o mais alto entre as economias mais desenvolvidas. No entanto, conclui Philip Vermeulen, ainda deveria ser maior, situado num intervalo entre 35% e 37%. O economista chega a esta conclusão combinando a informação dada pelos inquéritos com os dados presentes no ranking dos mais ricos do Mundo publicado pela revista Forbes.
Nos países da zona euro, embora a concentração da riqueza seja menor, a verdade é que a subavaliação registada nos inquéritos ainda é maior. Na Alemanha, os dados do inquérito apontam para uma concentração de 24% da riqueza global nas mãos dos 1% mais ricos, mas o estudo de Vermeulen sugere que esse valor pode chegar aos 33%. Outros países com diferenças substanciais entre os dados dos inquéritos e a análise do estudo são a Itália, que passa de 14% para 21% e a Holanda, que sobe de 9% para 17%.
Em Portugal, para o qual o Instituto Nacional de Estatística não publica o peso dos rendimentos e da riqueza dos 1% mais ricos, é interessante verificar que o inquérito realizado pelo BCE calcula que esta parte da população detém 21% da riqueza total. O estudo agora publicado que o número mais próximo da realidade poderá estar situado entre 25% e 26%. No que diz respeito aos 5% mais ricos – que nos EUA detém perto de 60% da riqueza – Portugal regista nos inquéritos 41%, que sobe na análise de Philip Vermeulen para um valor entre 44% e 45%.
Entre os nove países da zona euro analisados, Portugal é o terceiro país com uma maior concentração da riqueza, apenas atrás das Áustria e da Alemanha.
O debate em torno das questões da distribuição do rendimento e da riqueza passou a ocupar lugar de destaque a nível internacional nos últimos meses, especialmente após a publicação nos Estados Unidos, do livro “Capital no Século XXI” de Thomas Piketty. Nessa obra, o economista francês defende, com base em dados retirados das administrações fiscais de vários países do Mundo, que se tem vindo a registar desde o início dos anos 80 um agravamento acentuado na desigualdade da distribuição dos rendimentos e da riqueza. A tendência é particularmente forte nos EUA, mas também se verifica na Europa. Piketty diz que este é um fenómeno que resulta do facto de a rentabilidade obtida pelo factor capital crescer a um ritmo superior à economia e que tende a prolongar-se caso não sejam tomadas medidas correctivas, como o agravamento dos impostos sobre os mais ricos.
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rsrsrsrsrsrsrsr
Só agora estão descobrindo isso?
Tenho insistentemente provocado aqui no blog, afirmando:
O mundo grita chega de crescer.
Crescer na base da concentração em uma ponta, exclusão na outra.
Parece que agora os próprios economistas que defendiam o crescimento via aumento do PIB caíram na real.
Finalmente terão que repartir o bolo.
Será que os patrões dos governos e dos economistas permitirão?
Esquece.
Será que os patrões dos governos e dos economistas permitirão? E o apoio inquestionável dos jornalistas, também deles? Esquece. A próxima etapa e provar que os pobres é que são os culpados e que a concentração ainda é pequena. O pig está ai para isso.
E no Brasil, qual economista
E no Brasil, qual economista vai adaptar esse estudo? O Armínio Fraga, o José Serra – sem currículo – ou o Pedro Malan?
Eurozona sem saída
Nassif,
A manchete cita Portugal, com 25% da $$$ total na mão dos 1%, quando 1% dos USA tem mais de 34% da $$$ total.
Se a irritação da banca com o livro de T. Piketty já era enorme, vem agora um do BCE, a partir de dados de inquéritos do próprio banco, mostrar que T. Piketty parece ter sido bonzinho.
O BCE, depois de fixar taxa negativa para depósitos, deve ter seus motivos para divulgar um estudo como este. A depender da vontade da banca cada vez mais voraz, a zona da eurozona não tem saída – banca de um lado, classe política inteiramente submissa à banca de outra, e as populações no meio, espremidas como laranja.
Lá se vão uns cinco anos de incontáveis reuniões, diversas delas em finais de semana, e o resultado prático de todos aqueles desejos da boca prá fora é nenhum. Em comum ao longo do tempo, apenas a forte presença do mandachuva, o Bilderberg.
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Pois é!
Vão desqualificar este estudo também, como estão tentando fazer com o trabalho do Pikkety?
Bolsa Muito Ricos
A bolsa familia é sempre questionada, mas a bolsa Muito Ricos é de longa tradição e de um sucesso retumbante. É o grande trunfos do capitalismo, agora liberalismo. Estes artigos e o Capital do Piketti só mostram um pouquinho do crime.
Enquanto os “comunistas”, também chamados santinhos do pau oco, nós inclusive, tentam levar uma empresa tipo “apoio a jovens engravidadas” os capitalistas gloriosos tocam um “bordel”. Quem vocês acham que faz mais “sucesso”? Sempre fará? Quem, por exemplo, mora no coração da revistinha do esgoto?
o piketty defende que seja
o piketty defende que seja cobrada uma taxa das grandes fortunas e certamente essa elite do capitalismo denunciará que essa cobrança não faz parte das teses da economia clássica e, portanto, é contra o regime capitalista…
marx já provou, adotando as teses clássicas, que o capitalismo resultou nisso aí – quanto mais tem, mais o cara quer, usufruindo da tal mais valia enquanto nós defendemos o ambiente e os direitos humanos e eles riem de nós porque a maioria não questiona a essencia do problema – valor, condições de trabalho m renda do trabalhador, etc e tal…
concentração de renda
Esse fato reportado relativo a economia de Portugal tem semelhança com o que esta acontecendo no Brasil.
Apesar do esforço de distribuir renda que o giverno federal vem desenvolvendo, pesquisa da FGV mostra que a renda esta se concentrando.
O xis do problema é que o governo federal distribui cerca de 12 bi por ano a titulo de transferencias socias atendendo cerca de 12 milhoes de pessoas. Mas distribui cerca de 8 bi a titulo de fortalecimento de multinacionais brasileiras atraves taxas reduzidas de emprestimos, usando linhas de credito do BNDES ( JBS, Marfrig, Eike Batista e outros ) atendendo cerca de 20 empresas.
ou seja, 12 bi dividido por 12 milhoes da uma alavancagem social financeira de 12.000 per capita, enquanto que 8 bi dividido por 20 da uma alavancagem financeira empresarial de 600 Mi per capita.
Essa diferença gerada pela politica economica do governo federal alimenta a concentração de renda e desfaz tudo o que o bolsa famlia faz.
Cabo eleitoral de Aécio!
Pela maneira que você defendeu Aécio em outros posts, dá pra ver sua isenção…
A concentração exagerada de
A concentração exagerada de riqueza não é uma doença social. Prova disto é que o fenômeno não ocorria em nenhuma sociedade tribal que existia no Brasil. Os índios compartilhavam as mesmas habitações, dividiam o que plantavam, caçavam e produziam tendo para si apenas a pintura dos seus corpos e alguns adereços que faziam para se distinguir dos demais. As crianças e os velhos indígenas não eram abandonados à privação, pois suas parentelas cuidavam deles mesmos que seus pais e filhos tivessem morrido. A concentração de riqueza é um sintoma social da doença mental que algumas pessoas desenvolvem quando se transformam em máquinas de ganhar dinheiro. Quando alguém se torna incapaz de reconhecer a humanidade dos demais, se dedica à super exploração dos que estão fragilizados e se recusa a dividir um pouco do que conquistou (inclusive mediante impostos, que se esforça para sonegar) e se transforma numa máquina de contar e acumular dinheiro não há dúvida de que a doença já o dominou. O problema é que ao invés de receber tratamento, o doente é aplaudido por outros doentes iguais à ele que dominam a cena jornalística e o resultado é que o mundo segue naufragando na barbárie não porque há pouco mas paradoxalmente porque há muito para todos e pouco para alguns que querem ter tudo e algo mais. Quando a sociedade começar a tratar estes doentes e a dividir o que deve ser dividido, a civilização voltará ao seu curso natural (que é aquele que havia entre os indígenas).