Falatório em torno de PIB baixo perde para desemprego menor que o da Alemanha, por Janio de Freitas

Da Folha de S. Paulo
 
A campanha da moda
Por Janio de Freitas
 
Todo o falatório em torno de PIB de 1% ou de 2% nada significa diante da queda do desemprego a apenas 4,6%
 
Quem não discute gosto anda na moda, que é um modo de não ter gosto (próprio, ao menos). Até por solidariedade aos raros que não se entregam à moda eleitoreira de dizer que 2013 foi um horror brasileiro e 2014 será ainda pior, proponho uns poucos dados para variar.
 
Com franqueza, mais do que a solidariedade, que tem motivo recente, é uma velha convicção o que vê importância em tais dados. Um exemplo ligeiro: todo o falatório em torno de PIB de 1% ou de 2% nada significa diante da queda do desemprego a apenas 4,6%. Menor que o da admirada Alemanha. Em referência ao mesmo novembro (últimos dados disponíveis a respeito), vimos as manchetes consagradoras “EUA têm o menor desemprego em 5 anos: cai de 7,3% para 7%”. O índice brasileiro, o menor já registrado aqui, excelência no mundo, não mereceu manchetes, ficou só em uns títulos e textos mixurucas.
 
Mas o índice não pode ser positivo: “O índice caiu porque mais pessoas deixaram de procurar emprego”. Se mais desempregados conseguiam emprego, como provava o índice antes rondando entre 5,6% e 5,2%, restariam, forçosamente, menos ou mais desempregados procurando emprego? PIB horrível, falta de ajuste fiscal, baixa taxa de investimentos, poucas privatizações, coitado do país. E, no entanto, além do emprego, aumento da média salarial, a ponto de criar este retrato do empresariado de São Paulo: a média salarial no Rio ultrapassou a dos paulistas.
 

A propósito: com as alterações do Bolsa Família pelo Brasil sem Miséria, retiraram-se 22 milhões de pessoas da faixa dita de pobreza extrema. Com o Minha Casa, Minha Vida, já passam de 1 milhão as moradias entregues, e mais umas 400 mil avançam para a conclusão neste ano. A cinco pessoas por família, são 7 milhões de beneficiados com um teto decente, água e saneamento.
 
Sobre dados assim e 2014, escreve o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sérgio Vale: “Infelizmente, veremos mais promessas de ampliação do Bolsa Família e do salário mínimo, que, no frigir dos ovos, é o que tende a reeleger a presidente”. Da qual, aliás, acha que em 2014 “deverá se apequenar ainda mais”. Da mesma linhagem de economistas –a que domina nos meios de comunicação–, Alexandre Schwartsman dá à política que produziu aqueles resultados o qualificativo de “aposta fracassada”, porque só deu em “piora fiscal, descaso com a inflação e intervenção indiscriminada, predominando a ideologia onde deveria governar o pragmatismo”.
 
“Infelizmente” e “aposta fracassada” para quem? Para os 22 milhões que saíram da pobreza extrema, os 7 milhões que receberam ou receberão um teto em futuro próximo, os milhões que obtiveram emprego, os milhões ainda mais numerosos que tiveram melhoria salarial?
 
E, claro, ideologia existe só no que se volta para os problemas e possíveis soluções sociais. Quem se põe de costas para o que não interesse à elite financeira e ao poder econômico, não o faz por ideologia, não. Por esporte, talvez.
 
Foi a esse esporte, quando praticado orquestradamente nos meios de comunicação, que Dilma Rousseff se referiu como uma “guerra psicológica”, e gerou equívocos críticos. Não se trata de “expressão antidemocrática”, nem própria dos tempos da ditadura. É a denominação, técnica ou científica, como queiram, de métodos de hostilidade não militares, diferentes das campanhas por não serem declarados em sua motivação e seus fins, e buscando enfraquecer o adversário por variados tipos de desgaste.
 
Não é o caso da pregação tão óbvia no seu propósito de prejudicar eleitoralmente Dilma Rousseff. E prática tão evidente que, já no início de artigo na Folha, o empresário Pedro Luiz Passos definiu-a como “o negativismo que permeia as análises sobre a economia brasileira, em contraste com a percepção de bem-estar especialmente da base da pirâmide de renda”. Ou seja, há um negativismo, intenção de concentrar-se no negativo, real ou manipulado, e a desconsideração do que deu à “base da pirâmide” social alguma percepção de bem-estar.
 
O elemento essencial na existência de uma nação é o povo. Não é o território, não é o Estado, ambos inexistentes em várias formas de nação ao longo da história e ainda no presente (os curdos, diversos povos nômades, povos indígenas). O PIB e os ajustes feitos ou reivindicados nunca fizeram nada pelos brasileiros que são chamados de povo. A cliente do PIB, dos gastos governamentais baixos e dos juros bem altos são os que compõem a mínima minoria dos que só precisam, para manter o país, do povo.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/146413-a-campanha-da-moda.shtml

Redação

34 Comentários

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  1. O discurso do PIB se tornou

    O discurso do PIB se tornou hegemônico.

    Esquerda e direita repetem a ladainha.

    A lavagem cerebral do neoliberalismo funcionou.

    Não é mais importante o bem estar…

    sobre ele precede o crescimento.

    O desenvolvimentismo foi assassinado.

     

  2. Eu  sempre me perguntei:

    Eu  sempre me perguntei: crescimento para que? Se não é para beneficiar o povo  não serve pra nada.

    O mesmo se dá com educação : dessa educação individualista e predatória não precisamos mais; só melhoraremos como país com uma educação para a solidariedade e para a inclusão.

    Toda a midia só trata do crescimento. Carta Capital fez uma revista inteira tratando do assunto. Já li um bocado e até agora pouco vi sobre o que se pode esperar da economia em 2014 que possa realmente beneficiar a população. 

    1. Toda a midia só trata do

      Toda a midia só trata do crescimento. Carta Capital fez uma revista inteira tratando do assunto. Já li um bocado e até agora pouco vi sobre o que se pode esperar da economia em 2014 que possa realmente beneficiar a população. 

      Senhora para que haja distribuição de riqueza do país para o povo, é preciso que haja crescimento econômico, caso contrário é impossível a transferência de riquezas.  Um programa excepcional de distribuição de riquezas é o programa Minha casa, minha vida que tem como meta entregar para a população, inclusive a de baixa renda (as mais beneficiadas) milhões de moradias até dezembro desse ano.   http://www.minhacasaminhavida.com.br/

  3. Desemprego

    É óbvio que o índice de desemprego é um dado importante. Mas o texto faz crer que temos menos desempregados do que na Alemanha. Penso que não é bem assim. Até porque determinados empregos aqui, com os salários que pagam, nem são considerados empregos na Alemanha.

    Vejo por aqui uma visão otimista demais. Também não é assim. A coisa melhorou, é certo, mas também não vamos exagerar…

    1. Acho curiosa essa posição do

      Acho curiosa essa posição do “dá pra fazer mais”.  Durante séculos, uma pequena parcela da população mandou e desmandou, usufruiu do Estado em benefício próprio, escravizou, oprimiu, explorou o povo, desenvolveu “ações caritativas” para receber graças divinas e nem tão divinas assim, lutou bravamente pela manutenção do satus quo, deixando a imensa maioria da população à margem de qualquer direito ou mesmo expectativa de direitos, e sempre fez menos, muito menos do que deveria em relação à educação, saúde, saneamento, inclusão social, informação, direitos humanos…

      Sempre vivemos aos “soluços” de crescimento, desenvolvimento, muitas vezes sob ditaduras ou censura ou tudo junto.

      E nós estamos usando óculos cor de rosa? Acho que ninguém, em sã consciência, pode dizer que estamos no paraíso e tudo está resolvido. Empregos que, na Alemanha, nem são considerados como tal, aqui são extremamente necessários – ainda. Mas mesmo isso está sofrendo mudanças. Empregadas domésticas estão virando manicures, que estão virando recepcionistas, e por aí vai. Para quem sempre esteve à margem, um emprego formal traz uma série de direitos, inclusive o de pertencer.

      Então, é melhor compararmos o Brasil com o brazil, ao invé de vivermos atrás de referências externas.

    2. O pior é comemorar índices

      O pior é comemorar índices comparando com a Alemanha. Chega a ser ridulo ou de má fé mesmo.

      Caro Janio

      Compare a renda per capita

      Os serviços públicos

      O que é considerado emprego aqui e lá

      A produtividade Alemã – A Alemanha produz mais com 50 M de pessoas o que o Brasil faz com 200 M de pessoas, por aí se ve a distancia entre as economias.

      Uma coisa que já li muito aqui no blog e concordo, somente o crescimento economico dá condições de sustentabilidade para aumento de renda e redução da pobreza. Somente a divisão de renda não é suficiente para melhorar a vida dos brasileiros. É só analisar a situação economica, a valorização do salário minimo sem aumento de produtividade trouxe inflação e explosão das importações, até quando o governo irá conseguir segurar???

      1. Inflação, combate ao terrorismo midiático

        INFLAÇÃO, COMBATE AO TERRORISMO MIDIÁTICO – A inflação no Brasil está ampla, geral e irrestritamente sob controle, e está há 10 anos consecutivos dentro das metas estipuladas pelo Banco Central. E não é só isso, vejamos:

        -Nos 08 anos de FHC-PSDB, a inflação oficial (IPCA) fechou em 100,6%. Média de 9,1% ao ano;

        -Nos 08 anos de Lula-PT, a inflação oficial (IPCA) fechou em 56,6%. Média de 5,7% ao ano;

        -Nos 03 primeiros anos de Dilma-PT, a inflação oficial (IPCA) fechou em 19,1%. Média de 6,0% ao ano;

        -Nos 11 anos de Lula-Dilma-PT, a inflação oficial (IPCA) fechou em 86,67%. Média de 5,8% ao ano;

        -Nos 03 primeiros anos de Lula-PT, a inflação oficial (IPCA) fechou em 24,29%. Média de 7,5% ao ano.

        E não é só isso:

        -2011, inflação oficial (IPCA): 6,50%;

        -2012, inflação oficial (IPCA): 5,84%;

        -2013, inflação oficial (IPCA): 5,73% (segundo a última projeção).

        Todos os dados apresentados apenas corroboram que ao contrário do que a imprensa terrorista afirma, o PT tem infinita competência para cuidar da inflação, coisa que os incompetentes tucanos nunca tiveram. A inflação dos 11 anos dos governos do PT é menor do que a inflação acumulada nos 08 anos de desgovernos do PSDB!

        A inflação no governo Dilma, repetindo, está ampla, geral e irrestritamente controlada e, melhor ainda, a sua trajetória é DESCENDENTE. Os 03 primeiros anos de Dilma Rousseff são, inclusive, melhores do que os 03 primeiros anos de Lula nesta matéria. 

        Mais do que isto, fecharemos em 2014 os primeiros 12 anos de governos federais capitaneados pelo Partido dos Trabalhadores. Pasmem, a inflação acumulada nestes 12 anos do PT será menor do que a inflação acumulada em apenas 08 anos do PSDB. 

        É ou não é terrorismo o que a ‘grande mídia’ diz hoje a respeito da inflação? Evidente que é! É terrorismo econômico de sofismadores e/ou desinformados, desesperados que estão com a iminente quarta derrota consecutiva no pleito eleitoral que se avizinha.

    3. O IBGE adotou em 2002

      final do governo fhc, a metodologia de contagem do desemprego definida pela OIT (Organização Interacional do Trabalho) da ONU. Esta metodologia é usada desde os anos ’50, e até hoje pela República Federal Alemã.

      Sei que é muito desagradável para a parcela “mais esclarecida” da população que lé veja e assista o “Jornal Nacional”, saber que o Brasil tem hoje um desemprego menor que na admirada Alemanha.

      Então estas pessoas imediatamente condenam o termômetro, no caso o IBGE, que deve ser certamente um antro de comunistas infiltrados ás ordens da usurpadora búlgara, como vanguarda da próxima invasão chavista, ou talvez norte-coreana ou sei mais o que. Se você achar graça e inteligência nisto, sugiro ler o blog do Grande Professor Hariovaldo.

      Se não achar isso sério, então vamos discutir o por que desta queda constante do desemprego numa economia crescendo em ritmo lento (isso e a verdade factual). Isso é a discussão interessante, não criticar o termômetro por que a gente não gosta da temperatura que mostra.

    4. Sugiro ao caro colega, que em

      Sugiro ao caro colega, que em sua próxima viagem ao país europeu, vá visitar alguma comunidade turca de Berlim, Colônia, ou de qualquer outra grande cidade alemã. Depois conversemos sobre “qualidade” de empregos.

  4. Eita… De vez em quando a

    Eita… De vez em quando a gente lava a alma com artigos publicados na grande imprensa. Já com os artigos do Janio de Freitas eu lavo a alma sempre.

  5. A impressão que tenho…

    É que deve haver alguma cláusula no contrato do Jânio de Freitas com a Falha que proíbe a ingerência da direção no texto dele. A multa deve ser muito pesada.

  6. Um dos mais renomados

    Um dos mais renomados jornalista da Folha, afirmar que ela é partidária, negativista, e pratica terrorismo contra o governo é imperdível.

  7. Compare também salário mínimo, analfabetismo, saúde…

            Pelo amor de Deus Luis Inácio Nassif!!! Essa esquerda caviar se supera a cada dia…

    1. É impressão minha ou a turma

      É impressão minha ou a turma da Veja e da Folha tá invadindo esse blog?

      Já tava difícil aturar a militância online, que não consegue aceitar nenhuma crítica ao governo; agora ainda teremos de aturar os papagaios de telejornal?

  8. Uma pergunta idiota a quem

    Uma pergunta idiota a quem interessar (e souber) responder: Brasil, EUA e Alemanha medem o desemprego da mesmíssima maneira? Se sim, tudo bem. Se não, Jânio comparou bananas com laranjas.

  9. Me lembro ao ouvir o

    Me lembro ao ouvir o comentário da Miriam Leitão, ela dizendo que não era coisa pro Mantega dizer, quando ele disse, ao ser perguntado o que o brasileiro deveria esperar da economia pra 2014, que terá mais empregos e com melhor renda, como tem sido em todo o ano. Disse que parecia campanha eleitoral… Ora, ora. Ele então devia se ater ao “numeros ruins” que só interessam aos economistas-finacistas?

    Como disse sei lá quem na época da ditadura: “A economia vai bem. Mas o povo vai mal”. Segundo os economistas reinantes da grande mídia, hoje em dia dá pra dizer “A economia vai mal. Mas o povo… bem, não importa, ninguém quer saber”.

     

  10. Hoje tem espetáculo

    Jánio está dizendo que o pobre tem emprego e está mais otimisma do que nunca . O resto não interessa. E aí , a galera esclarecida que lê a Folha por tabela bate palma…

  11. Bananas e laranjas.

    Prezados e prezadas,

    Claro que o texto do Janio está errado como proclamam os discípulos dos Civita e Marinho, mas não pelo motivo alegado.

    Desemprego menor que Alemanha não siginfica a boa vida alemã? Óbvio.

    Falta o pessoal da veja e afins (junto com seus acólitos) dizerem que o bem estar por lá, e o mal estar por aqui (leia-se AL, África, e parte da Ásia, Oriente Médio) acontecem como relação de causa-e-efeito, isto é:

    Para um alemão viver com welfare state, ônibus nos horários, estabilidade institucional, tem que exportar a corrupção da Siemens para cá, e drenar nossos recursos, como fizeram portugueses, ingleses, estadunidenses, italianos, e todo e qualquer bwana que colocou os pés por aqui, tudo isto, sabemos, com a associação com a elite local, que prefere uma parte menor da riqueza, porém bem mais concentrada, que um país próspero e mais bem distribuído.

    Também Janio não disse que a Europa recebeu 147 bilhões de dólares (U$ 15 bi na época) do Plano Marshall (a perder de vista) nos pós-guerra, só para manter o pessoal de lá sossegado e longe da ameaça soviética, enquanto nós ganhamos uma siderúrgica a dívidas, e depois, uma ditadura sangrenta que só drenou mais e mais recuros para os patrões.

    Logo depois da injeção de grana, a Europa pós guerra recuperou rapidamente os índices do pré 39.

    São estes dados que nos levam a refletir um pouco além doas achismos, ou das comparações exdrúxuals e limitadas pelos chavões.

    Claro que Janio não quis dizer que a Alemanha está (no todo) pior que o Brasil, nunca poderia, dadas as diferenças que já mencionamos.

    Mas simplesmente que com todas as diferenças, todos os atrasos (causados pela exploração secular), começamos a exibir números significativos de melhoria, e ainda assim, a mídia tradicional diz que estamos a beira do abismo.

    Nunca seremos a Alemanha, porque matamos nossos indesejáveis (os negros) aos poucos, anualmente, e sob uma camuflagem ideológica confortável (guerra ao tráfico de drogas), enquanto eles revelaram ao mundo uma disciplina incomum para a matança.

    Mas quem sabe não esteja em tempo da gente provocar algum conflito de escala global?

  12. Comparação picareta…

    Toda vez que alguém brande um número qualquer alardeando: “Olha! Estamos melhor que a Alemanha! (ou Suiça, EUA, Dinamarca, etc.)”, dá uma vergonha danada.

    Ficamos assim: na Alemanha existem mais:

    – “homens-placa” (aqueles que seguram placas de empreendimentos imobiliários em Sampa);

    – gente doida para lavar o para-brisas dos carros parados em semáforos;

    – gente morando em cabaninhas de plásticos pretos nos grotões do país;

    – gente nas filas de espera das infinitas repartições públicas de todos os tipos (sem falar daquelas que nem fazemos idéia para que servem ou porque existem);

    – etc., etc.

    do que no Brasil.

    Mensch! Wie geil!

    1. Emprego precário explica ‘milagre alemão’

      Vagas de período parcial, sem direito aos benefícios sociais, estão por trás do aumento dos postos de trabalho

      Mudança tem relação com a transição da indústria para o setor de serviços, com pequenas empresas

      CAROLINA VILA-NOVA
      DE SÃO PAULO

      fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/31984-emprego-precario-explica-milagre-alemao.shtml

      Um boom de vagas de trabalho em tempo parcial, muitas das quais mal pagas e sem direitos a benefícios sociais, é o responsável pelo chamado “jobwunder” -ou o “milagre do emprego”- na Alemanha. Mesmo em tempos de crise europeia, o país registra o nível mais baixo de desemprego em 20 anos (6,7%).

      Destinadas inicialmente à inclusão de mulheres casadas e com filhos no mercado de trabalho e ao combate ao desemprego, as vagas de tempo parcial têm se expandido.

      Estudo do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica mostra que, nos últimos dez anos, houve ganho de 40% nessas vagas, contra queda de 700 mil postos de tempo integral.

      “A última década de aumento do emprego foi exclusivamente o resultado de uma expansão significativa de vagas de tempo parcial”, diz o estudo.

      O aumento foi maior entre os homens -quase o dobro nesse período, e relacionado à falta de vagas de tempo integral, enquanto a participação feminina se manteve estável e ainda responde pela maioria das vagas parciais.

      “Na última década na Alemanha houve um aumento de vagas de cerca de 1,6 milhão, mas, apesar de mais gente no mercado de trabalho, não houve um aumento no volume de trabalho. A média de horas trabalhadas hoje é a mesma registrada no ano 2000. Por isso é correto dizer que, sim, o ‘jobwunder’ alemão é superestimado”, disse à Folha Karl Brenke, autor do estudo.

      “Hoje, cada vez mais gente trabalha em períodos cada vez mais curtos”, afirma ele, e isso é uma “mudança estrutural robusta no mercado de trabalho” alemão.

      A mudança, explica Brenke, tem a ver com a transição de setores da indústria para o setor de serviços, onde a presença de muitas empresas pequenas permitiu que as vagas de empregos fossem “divididas”.

      Uma das facetas em maior expansão do trabalho em tempo parcial são os chamados “minijobs”, ou empregos marginais. Nessas vagas, o funcionário recebe no máximo € 400 (cerca de R$ 945) por mês, sobre os quais não incidem impostos. Mas o trabalhador não tem direito a seguro-desemprego, seguro de saúde ou aposentadoria.

      Segundo estatísticas da Fundação Hans Böckler, 7,4 milhões de pessoas tinham “minijobs” na Alemanha em dezembro de 2011, em um universo de quase 40 milhões no mercado de trabalho.

      13 HORAS

      Ainda segundo a fundação, os “minijobbers” trabalham em média o máximo de 13 horas semanais. Cerca de 80% deles recebem menos de dois terços da média paga por hora a funcionários de período integral na mesma função. Dentre os que recebem algum tipo de subsídio estatal, os salários são ainda menores.

      “Esse tipo de vaga é interessante para as empresas porque lhes dá flexibilidade no que diz respeito ao volume de trabalho. É muito mais fácil empregar e demitir um ‘minijobber’ em comparação a um trabalhador normal”, explica Ronnie Schöb, da Universidade Livre de Berlim.

      Por outro lado, lembra Schöb, como há possibilidade de combinação com uma vaga de período integral -como é o caso de 2,8 milhões de “minijobbers”-, essa modalidade também se tornou atrativa para alguns.

      Porém, do total de “minijobbers”, 4,9 milhões dependem apenas do trabalho em tempo parcial para sobreviver. Caso seus parceiros não tenham emprego fixo, estão fora do sistema de bem-estar social e ficam, em alguns casos, em situação de pobreza.

      “É uma situação boa que a performance do mercado de trabalho tenha melhorado, saindo de uma condição de desemprego em massa de anos atrás”, avalia Alexander Herzog-Stein, especialista em trabalho em período parcial da Böckler.

      “Mas ainda há coisas não satisfatórias. É preocupante que haja pessoas involuntariamente num trabalho parcial ou num ‘minijob’, recebendo salários baixos. Essas pessoas não estão adquirindo nenhum direito em pagamentos de aposentadorias.”

    2. Picaretagem é …

       

      Transformar boas noticias em más com o uso intensivo de conjunções adversativas, especialidade de nossa mídia desde de o ano de 2002 quando os tucanos foram derrotados pela “excelente condição” que o seu choque de gestão deixou o país, quem viveu naqueles “bons tempos” sabe muito bem o que realmente significa um país no fundo do poço, e põe fundo nisso, um fundo monetário internacional.

       

       

  13. Jornalistas responsáveis S.A.

    Jânio de Freitas é o cara que disse no programa Roda Viva que o brasil é um país primário. E é mesmo. Não é para menos, me lembro da socióloga Daniele Mitterrand, viúva do ex premier francês, em discurso no Rio, dizendo que o Brasil é um país de uma elite que enriqueceu rápido e esqueceu dos pobres. Que vergonha eu passei nesse dia! Aqui ninguém se ruboriza com isso, muito pelo contrário, qualquer política para minimizar o desastre social que existe no brasil é taxado de populista. Que elitezinha tacanha! Agora vemos a constatação de um comitê de articulistas especializados em entrar em fóruns e grupos de discussão com o objetivo de postar comentários anti governistas ou golpistas. Além de tudo é falta do que fazer. Esse comitê também atua aqui. O Estadão detectou esse movimento e baniu as páginas com comentários de leitores. Descisão sábia.

  14. O sagrado índice de desemprego

    Os governos e as oposições adoram números. Em um ano eleitoral, números negativos ou positivos fazem parte da guerra nojenta pelo poder. Um dos índices favoritos de quem está e de quem quer chegar ao poder é a taxa de desemprego. O que ninguém se pergunta é o que é, afinal, um emprego. Emprego é trabalhar em troca de renda fixa? É possuir assiduamente a carteira assinada? É ter patrão? É ser operário de uma fábrica? É não receber o amado e odiado bolsa família? Existe emprego informal? Alguém que trabalha em bicos cotidianos e recebe bolsa família como complemento de renda é um desempregado? O patrão, pequeno, médio ou grande burguês, que cuida do seu próprio negócio, é um desempregado? Os associados de uma cooperativa estão desempregados, estão ali por que não conseguiram empregos formais? A costureira que tira suados cinquenta reais por dia precisa de um emprego?

     

    Diante de todas essas dúvidas, o que os números do sagrado índice de desemprego informam, no final das contas?

     

    Muitas famílias pobres no Brasil garantem a “renda” com várias pequenas atividades produtivas, algumas fixas, outras temporárias, recebem bolsa família, pensões e aposentadorias, e conseguem ir “levando a vida do jeito que dá”. Estão distantes da sonhada e suposta vagabundagem que o bolsa família deveria provocar, para a tristeza dos cegos críticos ao Programa do PT nacional. Os críticos, cegos, exigem que caia do céu, de repente, a batida geração de emprego e renda em cada rincão do país. Querem (será que querem mesmo?) a formalidade trabalhista para o povo. Bem, dizem que querem para desprestigiar o atual governo, mas fazem cara feia para as novas leis trabalhistas que procuram proteger a labuta do segmento das empregadas e dos empregados domésticos. Aí já seria formalidade demais para o nosso jeitinho brasileiro de explorar os outros. Lavar a louça dos outros não pode ser considerado um emprego, ora!

     

    Fomentar políticas para gerar empregos e rendas formais é muito difícil em qualquer contexto, mas no Brasil, que até bem pouco gente morria de fome, é mais complicado ainda. Para que uma Fiat, por exemplo, se instale no interior do Ceará e, quem sabe, gere empregos locais, é uma batalha entre governo brasileiro e Fiat. A Fiat, como qualquer grande empresa, não quer se instalar em nome de justiça social ou desenvolvimento local. Ela não quer expor sua planta industrial em um lugar onde não terá certeza absoluta de lucros astronômicos. Então o governo, obcecado por “geração de emprego e renda” e mais votos, oferece incentivos para a Fiat, a “pobrezinha”, por meio de vários descontos e financia com baixos juros o empreendimento. A “coitadinha” também passa a receber isenção de alguns impostos, se ela, enfim, decidir se instalar em zona de semiárido. Mesmo assim a Fiat, ou outra grande empresa, geralmente, não quer, ou bota muito boneco para se instalar. Botar boneco é pôr entraves. Ela põe entraves porque prefere o conforto de outras zonas de instalação. Quer dizer, se uma Fiat da vida precisa tanto do governo, de recursos públicos, para ampliar suas plantas industriais, precisa tanto de “bolsa-empresa”, por que o povão não pode receber um complemento de renda, que é o bolsa família? 

  15. PIB

    A qualidade do emprego da massa brasileira e o nível de salários é muito inferior  à Alemanha, dessa maneira, não faz muito sentido essas comparações entre Brasil e Alemanha. Os alemães estão no mínimo à 20 anos na frente do Brasil em termos de desenvolvimento. Outra coisa que não se fala na mídia é sobre o PNB brasileiro. De tudo que o Brasil produz do chamado PIB, o que realmente sobra para os brasileiros?

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