O BC perdendo para o mercado

Semanas atrás escrevi que o Banco Central adotara uma política incorreta para combater a especulação cambial. Vende contratos de swap. Em um primeiro momento, segura o salto do dólar, saciando a necessidade de dólares do mercado. No momento seguinte, todo mundo que comprou contrato de swap passa a especular contra o dólar, porque quanto maior a cotação, maior o seu ganho.

Hoje o Estadão entra no tema, mostrando a sova que o BC está levando do mercado.

Do Estadão

Moeda mais instável do mundo, o real desorganiza a economia

Nos últimos três meses, a diferença entre a cotação mínima e máxima da moeda brasileira superou os 40%

Leandro Modé

Desde que a crise global se aprofundou, em meados de setembro, os preços dos ativos financeiros comportam-se como os carros de corrida na versão ultramoderna dos irmãos Wachowski para o clássico Speed Racer: movem-se para cima e para baixo em uma velocidade tão alucinante que mal podem ser vistos pelo espectador. O Brasil não foge à regra, especialmente no mercado de câmbio.

Levantamento feito para o Estado pela B&T Corretora de Câmbio revela que o real tem sido a moeda mais instável do mundo do fim de agosto para cá. Esse vaivém tem reflexos importantes sobre a economia real, especialmente no comércio exterior e nos investimentos.

(…) Comparando-se as cotações máxima e mínima do período, a oscilação supera os 40%. O won da Coréia, que ficou em segundo lugar no levantamento da B&T Associados, variou 36%. (…)

(…)`”Essa diretoria do BC nunca enfrentou uma crise e não está sabendo administrar a situação”, afirmou um ex-diretor da instituição que pediu para não ser identificado. “O mercado ganha diariamente quedas-de-braço contra o BC”, relatou outro especialista.

Para eles, o BC deveria ter como foco principal o combate à volatilidade. “Não se trata de definir o valor do dólar, que é o próprio mercado quem faz, mas de impedir um vaivém tão forte”, observou o diretor de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Giannetti da Fonseca.

Na avaliação dele, isso implica mudança de atitude da instituição. “O BC não pode dizer, de antemão, quanto vai vender no mercado a cada dia, como faz hoje. Deve intervir sem revelar sua munição, um número, aliás, que só deve ser conhecido pelo diretor da área e pelo próprio presidente (Henrique Meirelles).” (continua)

Luis Nassif

14 Comentários

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  1. Eles além de ruins, estão
    Eles além de ruins, estão comprometidos com o mercado financeiro. quando saírem do BC ficarão ricos pelos serviços prestados atualmente ao sistema financeiro. A começar por manter os juros na estratosfera, ao contrário dos outros banco centrais. O BC é independente do país e dependente dos banqueiros. Mas isso algum dia terá um fim. É preciso restringir diretores do BC vindos diretamente do mercado financeiro. Não dá para colocar as raposas tomando conta do galinheiro. É ISSO.

  2. Faz tempo,muito tempo,que
    Faz tempo,muito tempo,que relutei em escrever o que digo agora:

    O BC está na contramão do mundo(isto é publico e notório)

    Mas algo me inquieta.Lá não tem imbecis.

    Essa não baixa dos juros favorece alguns.E esses alguns(com certeza) serão os financiadores de campanha política de uns,e o pé de meia de outros.

    É simples assim.

    Sem chifre em cabeça de cavalo,please.

  3. jOSE Abrantes:
    jOSE Abrantes:

    Resumo da ópera.

    Eu escrevi que ”alguns” se beneficiam.

    E entre estes ”alguns”,está o própio Lula( que faz um papel pro público e outro pro BC)

    Afinal,depois da queda de DD,dos mensaleiros e mensalões,quem irá financiar a campanha da DILMA?

    os mesmos de sempre.Com roupagem nova.

    OS beneficiários dos juros.Quem mais?

    LULA É O MAIOR ATOR DO MUNDO.GANHA DE AL PACINO DE 100 A ZERO.

  4. O Banco Central não perde
    O Banco Central não perde para o mercado, pois ele simplesmente representa o mercado. O Presidente Lula disse que o seu patrimônio(aumento) vem da apliacação no mercado financeiro, logo, faz “pressão” sobre o Meireles(pela diminuição dos juros) e finge que ficou indignado quando o juros aumenta. Não existe política econômica do BC a política é do Lula.

  5. “Moeda mais instável do
    “Moeda mais instável do mundo, o real desorganiza a economia”

    Nao estaria acontecendo se o Brasil nao fosse um dos campeoes mundiais em exportacao de dinheiro.

    Mas eh. E o bc sabe isso muito bem.

  6. “Para eles, o BC deveria ter
    “Para eles, o BC deveria ter como foco principal o combate à volatilidade”

    O bc adora volatividade. Quando teve a chance?

    No governo fhc.

  7. IVAN MORAES:

    E o
    IVAN MORAES:

    E o que vc acrescenta com esse comentário?

    FHC errou?

    E dá habeas-corpus pra Lula errar tbm?

    Ah…é por aí…?

    Então vamos falar de PERO VAZ DE CAMINHA(quando pediu um emprego pro seu primo)

    estamos aqui(penso eu) pra tentar consertar erros.

    E não pra designar os autores deles.

    Isso é inútil.

    Não acha,não?

  8. Creio que apesar do erro
    Creio que apesar do erro atuação do BACEN ao vender swap ambial, a volatididade tem mais a ver com as incertezas sobre as contas externas do que com a atuação.

    Enquanto não ficar claro os efeitos da crise de liquidez internacional sobre a Balalnça de Pagamentos o mercado não irá consegui definir uma taxa de equilíbrio.

    Da mesma forma que foi errado vender swap cambial reverso, está sendo errado vender swap cambial agora, sem ter claro a situação das contas externas.

    O que está provocando a volatilidade é o fato de haver grande quantidade de capital de curto prazo no Brasil, situação provocada pela manutenção dos juros elevados da selic, memo num ambiente de altíssima liquidez internacional e o elevado déficit em conta corrente.

  9. A situação das contas
    A situação das contas correntes deve ficar mais clara a partir do final de janeiro de 2009. O que ajudará a estabilizar o câmbio.

    O fato de que pela primeira vez uma correção cambial não estar provocando uma pressão para aumentar a dívida pública levou os agentes econômicos a se posicionarem na ponta de compra nos primeiros momentos da elevação do dólar no Brasil.

    Conforme vai ficando mais claro que não haverá pressão sobre as contas públicas e que o passivo externo diminui com saída de dólares e com a correção cambial, o câmbio tende a se estabilizar.

    Creio que a atual volatilidade cambial é conseqüência do erro na condução da Política Monetária que provocou uma forte queda do dólar no Brasil e atraiu muito capital de curto prazo, no período anterior a quebra de uma importante instituição financeira americana.

    Esta pressão do mercado para que o BACEN venda os dólares no mercado à vista para derrubar as cotações visa basicamente diminuir os prejuízos com a correção cambial, aliás conduta que foi bastante comum por parte do BACEN nas crises cambiais anteriores.

    Creio que o BACEN só deveria atuar pesadamente apenas quando ficar claro a situação das contas correntes, caso o atual patamar do câmbio seja suficiente para permitir o equilíbrio das contas correntes precisarem passar a defender o atual patamar, reduzindo mais intensamente juros da Selic e comprando dólares se for necessário.

  10. Creio que parte do mercado
    Creio que parte do mercado que estava vendido em dólares até ainda está indignado com o fato de o Governo do Presidente Lula não ter vendido dólares das reservas cambiais à R$ 1,70 ou a R$1,90.

    Na medida que vai ficando claro a redução da dívida pública, a queda dos preços internacionais e a queda da atividade econômica, indicando a necessidade de reduzir rapidamente os juros da Selic, parte do mercado vai ficando desesperado.

    Creio que as reservas cambiais devem ser usadas para garantir o financiamento da Balança de Pagamentos e garantir uma recuperação gradual do equilíbrio das contas correntes.

    O fato é que teve muita gente que vendeu dólares que tinham e que não tinham, e agora estão tentando recuperar o prejuízo no grito.

  11. Caros amigos Anarquista e
    Caros amigos Anarquista e Ivan Moraes.
    Vocês estão querendo vender a ideia,de que assim como ocorreu com os “nobres”da equipe economica do governo FHC,que após passarem pela administração daquele tambem sábio sociólogo,sairam do governo,direto para o mercado financeiro,para onde levaram a experiencia adquirida na adm.pública,para ganhar(e repartir com seus sócios)milhões.
    Vocês não estariam sendo severos demais,não? Ao que sabemos,alguns ex-diretores do B.C,da 1ª gestão Lula,foram substituídos,e assumiram o compromisso com o atual Presidente da República,de se manterem em quarentena,e achar que os atuais diretores daquele banco,bem como o seu Presidente,e o próprio Presidente da República,sairão da adm pública,com os bolsos cheios,fruto de desvios ou má administração dos recursos públicos,é ser profeta do mal.
    Foi falado que a variação dos bens do atual Presidente da República,refleteria sua pouca ou nenhuma vontade de “mudar”os rumos da adm. economica,no que concerne aos juros ora praticados,o que chega a ser uma acusação séria demais,pois está no site da Receita,para quem quiser consultar a pouca,ou quase nenhuma variação na renda do Sr.Luis Inácio Lula da Silva,que continua possuindo somente o que possuia,antes de chegar à Presidencia. E podem ter certeza,após passar a faixa ao seu sucessor em 2011,ele voltará a residir em S.B.do Campo,e nem pensa em fundar Ongs nem Institutos,para “arrancar”dinheiro público,como fazem alguns !

  12. Roberto São Paulo,
    Nos
    Roberto São Paulo,
    Nos últimos tempos você vem sendo crítico do BC. Não sou admirador do BC. Sou crítico, mas não sou crítico do BC de Henrique Meirelles, que para mim não é quem manda. Sou crítico do BC de Lula, pois esse é quem manda. Tenho que reconhecer, entretanto, que Lula não pode tudo. Uma coisa que ele realmente não pode é destruir a herança maldita do governo FHC. Lei de Responsabilidade Fiscal que serve para o Distrito de Colúmbia, a Comuna Campione D’Italia na Suiça, a Cidade do Vaticano, o Condado de Exeter, o Grão-Ducado de Luxemburgo, o Principado de Mônaco, ou o de Andorra ou o de Liechtenstein, a República de San Marino e ou a de Malta, mas jamais para um país de dimensões continentais como o Brasil, submetendo o Prefeito de São Paulo às mesmas normas a que se submete o Prefeito de Pedra Azul, MG, submetendo o governador do Rio de Janeiro às mesmas normas a que se submete o governador de Minas Gerais. Regime de Metas de Inflação que só foi adotada por países sem importância, salvo a Inglaterra que precisava fazer um contraponto ao Euro. Câmbio Flutuante que só pode ser adotado por países de moeda forte. Todos esses instrumentos para serem destruídos precisariam de um executivo extremamente forte, coisa que só existe em ditaduras.
    Se é para conviver com esses instrumentos, melhor usá-los a nosso favor, pensa quem é considerado pelos críticos incompetente. O juro está alto? Culpa do Henrique Meirelles. A inflação está baixa? Culpa do Lula (Em vez de usar o argumento não comprovado da academia de que a inflação é o mais injusto dos impostos, Lula diz que não vai deixar voltar “A desgraça da inflação” e não se tem o contra-argumento, nem junto ao povo nem na academia). Os deputados querem aumentar os gastos? A Lei de Responsabilidade não deixa.
    Há os que reclamam do juro alto, mas esquecem de propósito, que o juro alto alimenta a dívida pública e isso irriga a economia com mais dinheiro. Não, não, reclamam os ou o “Economista”, dívida pública é estoque e não fluxo e, portanto, não entra na economia.
    Falta dinheiro no mercado e o BC adota políticas que geram perdas para o BC e ganhos para o mercado e todos reclamam novamente.
    Como FHC com fundamentos no texto dele “A originalidade da cópia”, todos querem que o Brasil, apresentando no 3º trimestre de 2008 um crescimento dos quatro últimos trimestres comparativamente aos quatros trimestres imediatamente anteriores superior a 6,0%, adote os mesmos mecanismos que os adotados na Europa e nos Estados Unidos, que praticamente não tiveram crescimento no terceiro trimestre e que não tiveram desvalorização na moeda deles.
    Vejo, entretanto, que seus últimos comentários parecem ter percebido que o BC, pelo simples fato de ser presidido por um presidente para inglês ver, não é esse poço de incompetência ou de interesseiros que a maioria tenta transparecer.
    Clever Mendes de Oliveira
    BH, 29/12/2008

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