O BC se arma

Nota à Imprensa do Banco Central

Brasília – O Banco Central do Brasil editou hoje três circulares que alteram normas e procedimentos relativos à exposição a risco cambial, atualizando a norma prudencial ao quadro de contínuo aumento das exposições cambiais do Sistema Financeiro Nacional (SFN).

Alteração do limite de exposição cambial e do requerimento de capital

O BC, considerando as condições de mercado e as regras de prudência que norteiam suas ações normatizadoras, por meio da Circular 3.352 retornou o limite de exposição cambial a 30% do patrimônio de referência. A Circular 3.353 definiu a elevação do requerimento de capital (fator F”) incidente sobre a exposição cambial para 100%, a partir de 2 de julho de 2007. O limite anterior de exposição cambial era de 60% do patrimônio de referência. O requerimento de capital incidente sobre a exposição cambial atualmente é de 50%.

Alteração na metodologia de apuração da exposição cambial

A circular 3.351 estabelece que, a partir de 2 de julho de 2007, as exposições compensadas entre instituições de um mesmo conglomerado, no país e no exterior, receberão tratamento específico. Atualmente, exposições contrárias (compradas e vendidas) realizadas no país e no exterior por instituições integrantes de um mesmo conglomerado compensam-se entre si, não resultando em exposição cambial sujeita ao limite e ao requerimento acima mencionados. Com a nova circular, o valor compensado internacionalmente pelo conglomerado será adicionado a exposição cambial líquida do conglomerado. Embora a compensação entre posições no país e no exterior seja apropriada para apuração do risco consolidado do grupo, eventualmente podem existir riscos e desequilíbrios intragrupo que deixam de ser capturados pela metodologia vigente.

Comentário (com acéscimos)

Gradativamente o Banco Central começa a se livrar da fase extraordinariamente apática e emburrecedora dos cabeções, na gestão desastrosas de Afonso Bevilaqua e seus cabeções -boys de segunda linha.

Essa medida bate diretamente na oferta de dólares pelos bancos, um movimento óbvio para combater desequilíbrios e ataques especulativos.

Sempre que ocorrem movimentos especulativos intensos, os bancos se “alavancam” (se endividam) para aproveitar o momento. A maneira do BC regular é definir limites de alavancagem, em relação ao seu capital. Esse foi o objetivo das medidas. Com isso, reduz-se a oferta de dólares que entram através dos bancos.

Se será suficiente, não sei? Atua sobre uma das pontas, mas deixa de fora os “hedge funds”, os fundos especulativos, que não precisam se submeter a essas normas do BC.

Nesse sábado, não tenho condições de levantar quanto essas operações representam sobre a oferta global de dólares. Provavelmente chegou tarde para inverter a apreciação cambial.

Os próximos passos serão acabar com a isenção de imposto de renda para aplicações externas em títulso públicos. E, se não der certo, limitações maiores à entrada de capital especulativo.

A partir de segunda-feira haverá mais condições de avaliar o impacto das medidas.

Luis Nassif

16 Comentários

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  1. Claro. A questão é se não
    Claro. A questão é se não acordou tarde demais e se terá coragem de bloquear essa maluquice do livre fluxo de capitais.

  2. Ingenuidade ou má-fé,
    Ingenuidade ou má-fé, Nassif?

    E como é que o Lulla encara o presidente do Banco Central quando este o levou no bico por mais de 4 anos?

    Os cabeções saíram mas o Meirelles continua.

  3. Nassif, mudaram as diretrizes
    Nassif, mudaram as diretrizes do Banco Central. A Economia da Produção dará respaldo a mudanças significativas na Política Monetária. Os mercados já sabem que as coisas estão em processo de mudança com segurança e previsibilidade. Até o final do ano, penso que você irá fazer uma análise elogiosa à direção do BC. Espero estar certo nessa minha previsão.

  4. Ora! Ora! Empresário é
    Ora! Ora! Empresário é alérgico a pagamento de imposto. Apenas repassa para a Receita, quando repassa
    Banqueiro então, sai de perto!
    O caminho inicial é por aí. Acho que se acaberem com todas as isenções de impostos, incluindo-se CPMF, começa-se a acompanhar. Não a controlar porque, como dizem, são incontroláveis.
    São incontroláveis mas diante de impostos o capital especulativo ouriça.

  5. É uma medida importante, além
    É uma medida importante, além de diminuir a pressão pela queda do dolar, da maior segurança aos Bancos e seus cliente num eventual estouro da manada.

    O importante é o Banco Central abrir a maleta e usar todos os instrumentos da Política Monetária para controlar a inflação, e não apenas usar a política de juros.

  6. Nao creio que tais medidas
    Nao creio que tais medidas tenham sido tomados para repercutir no cambio — pois afetam apenas os bancos, e o carry-trade eh principalmente feito por nao-bancos. A razao para essas medidas parece-me ser prudencial. O BC tem um mandato de controlar os riscos no sistema bancario, e com a possibilidade de uma queda do dolar iminente, quer reduzir a exposicao das entidades sob sua regulacao.

  7. Boa tarde, Luis Nassif. Em
    Boa tarde, Luis Nassif. Em primeiro plano, parece que teu Blog aborda, com maior freqüência e objetividade, temas cruciais para desvendar as razões dos bloqueios que impedem a adoção de políticas econômicos pro-ativas, do que os meios de comunicação convencionais e até os órgãos técnicos do Governo, tais como o IPEA( pesquisa aplicada ) e BNDES( políticas de financiamento e disponibilização de recursos para investimentos).
    Tanto a ” teoria da jabuticada”, quanto este texto são provas contundentes da minha minha convicção.
    Em relação ao Banco Central do Brasil, a impressão que se tem é de que ele é uma entidade não-integrada ao Governo brasileiro, é uma espécie de enclave externo no território de Brasília, cujos dirigentes são escolhidos a dedo por um consórcio de atores internacionais e externos: FMI; grandes bancos internacionais e reprentantes de credores externos e, também, grandes banqueiros do Brasil.
    Foi o BACEN que deu garantia, de continuidade de aplicação de medidas preceituadas no ” Consenso de Washington”, ao primeiro governo de Luiz Inácio e continua a fazê-lo agora.
    Portanto, a ênfase na âncora cambial, associada a juros generosos e tratamento diferenciado a investidores estrangeiros corresponde a subordinação aos interesses não- brasileiros.
    Creio que o BACEN continuará ser “o dono da verdade” e manterá a política de “metas de inflação”.
    Não se trata de aventar a existência de uma teoria conspiratória. Um olhar sobre o desempenho dos demais países emergentes e as políticas deliberadas que eles praticam em relação a aspectos monetários, cambiais, industriais e comerciais, revelam que só nos estamos marchando com passo errado.

  8. BC querendo fazer cócegas no
    BC querendo fazer cócegas no mercado? Entra bilhão de dólar por dia, e fica-se de brincadeira… BC parece ainda não ter compreendido a ordem de grandeza envolvida…

    Ruben

  9. 1) Todas vezes que o Bacen
    1) Todas vezes que o Bacen edita medidas que objetivam a segurança das instituições bancárias, principalmente reduzindo os limites das exposições às JOGATINAS (TODO TIPO DE APOSTAS) é bom para a economia como um todo. Se os bancos perdem o prejuízo é repassado para os clientes (que na maioria dos casos não sabem que os bancos apostam, jogam e correm riscos, no fim com o seu dinheiro), quando quebram, ou para os contribuintes quando refugiam-se no tal de risco sitêmico (que muitas das vezes é real). As medidas foram boas (pena que demorararam). Já absorvemos muito prejuízo (mais do que arrecadamos com a famigerada CPMF).
    2) O efeito sobre o câmbio veremos nos próximos dias. Se o Real desvalorizar consistentemente a jogatina era feita pelos bancos. Se não desvalorizar a jogatina era bancada por clientes (no Brasil e fora do Brasil). A maioria acredita que são os bancos que jogaram e incentivaram seus clientes a jogar (para ganhar mais). E o Bacen bancou mesmo sabendo que iria perder (a turma é competente, sabe das coisas e é muito bem informada, melhor que a maioria).

  10. Pelo visto o Banco Central
    Pelo visto o Banco Central calibrou as normas próximos do limites praticados pelos Bancos.

    Limitando as prováveis ações futuras dos Bancos se mantinda as normas anteriores.

  11. Pergunar não ofende::::
    Pergunar não ofende::::
    Afinal quando darão o Cartao Vermelho ao
    u r a n i s t a
    serviçal da banca
    internacional ??????!!!!

  12. Nassif: Estou surpreso com o
    Nassif: Estou surpreso com o comentario do Sr. MArco Aurelio Garcia, sobre quem está ganhando com esta especulaçao cambial. Ora, nosso problema nao é saber quem ganhou, senao terminar com estes ganhos absurdos.

    Baixem os juros no Brasiol para 6% ao ano, e pouco me importa se quem ganhava eram os bancos ou seus clientes! Ai voces vao ver a turma sair correndo.

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