O modelo paranaense de estímulo à inovação

Coluna Econômica

Uma boa política pública demanda alicerces bem montados e, depois, o desafio da construção bem feita e da continuidade assegurada.

Pelo menos no primeiro quesito, o estado do Paraná está com uma experiência estimulante na área de estímulo à inovação e ao empreendedorismo.

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Trata-se do programa Parque Virtual Tecnológico, tocado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e pela Tecpar, empresa pública criada em 1940, mistura (guardadas as proporções) de um Instituto Butantã, Adolfo Lutz e IPT. A ideia é estimular a inovação nas pequenas e micro empresas.

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Consiste em montar uma estrutura estadual virtual, tendo como âncoras sete universidades estaduais instaladas em polos regionais relevantes. As cidades-sede são Maringá, Londrina, Cascavel, Guarapuava, Jacarezinho, Ponta Grossa e Curitiba.

O projeto segue o modelo contemporâneo de ser um agente de coordenação de estruturas já existentes. No primeiro círculo, as diversas Secretarias estaduais ligadas ao tema – Ciência e Tecnologia, Trabalho, Desenvolvimento Urbano, Planejamento, Indústria e Comércio, Agência de Fomento e Agência de Desenvolvimento. A ideia é ampliar a sinergia entre elas.

Numa segunda roda, as universidades, institutos de pesquisa e setor produtivo.

No último elo, os grandes programas estratégicos do governo do Estado incorporados ao projeto. Como o Programa Smart Energia, de energia alternativa, e o Programa Bom Negócio, de capacitação  e orientação às pequenas e micro empresas.

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Cada universidade se incumbiu de preparar um estudo sobre sua região, identificando setores em que dispõem de cursos especializados, cujos alunos acabam migrando por falta de emprego.

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Unindo esses sete polos haverá uma plataforma tecnológica, já licitada, e que entrará no ar em maio próximo, bancada por recursos da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e da própria Tecpar.

Desenvolvida em software livre, a plataforma ligará as sete regiões, mapeará as principais pesquisas e pesquisadores das universidades e identificará as demandas dos pequenos e micro empresários paranaenses. Será ao mesmo tempo uma plataforma científica e de negócios.

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Um dos passos prévios do projeto foi a aprovação de uma Lei de Inovação estadual, visando viabilizar a parceria com municípios e empresas. Depois,  uma minuta de lei de inovação municipal, casada com a estadual, para municípios que quiserem aderir ao programa.

Essas leis permitirão repassar recursos (inclusive a fundo perdido) para empresas consideradas inovadoras. O conceito de empresa inovadora será a mesma da lei federal.

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Cada polo terá representantes do poder municipal, das universidades e do setor produtivo – em geral, a associação comercial e industrial das cidades. Conseguiu-se também a adesão da FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná) que, nos últimos anos, decidiu interiorizar mais suas ações. A ideia é garantir uma governança própria que sobreviva às mudanças de governo.

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Foi firmado também um convênio com a Universidade Compiegne, da França, que serviu de modelo para os CEFETs (centros federais de educação tecnológica) brasileiros

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É um bom alicerce. Agora, trata-se de aguardar os resultados para avaliar a eficácia da implementação.

Luis Nassif

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