Painel internacional

Autoridades do Brasil e EUA estão em desacordo sobre carta do Irã

Glenn Kessler
Talvez devesse ter havido uma nota de acompanhamento. Em 20 de abril, o presidente Obama enviou uma carta de duas página e meia para o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, delineando o acordo que os Estados Unidos tinham perseguido sem sucesso em outubro, na qual o Irã trocaria a maior parte do seu urânio enriquecido como combustível para um reator de pesquisa médica. Na época, o Brasil e a Turquia estavam contemplando os esforços de mediação com o Irã. “Para nós, o consentimento do Irã em transferir 1.200 toneladas de urânio pouco enriquecido (LEU, na sigla em inglês) para fora do país aumentaria a confiança e reduziria as tensões regionais, diminuindo substancialmente o arsenal iraniano de LEU”, escreveu Obama, de acordo com a cópia da carta enviada na quinta-feira para o site PoliticaExterna.com. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, recebeu uma carta semelhante. Aquela carta se tornou uma espécie de talismã para o Brasil, e que dizia-se que Lula e Erdogan a usaram como um guia quando negociaram o acordo com Teerã, em 17 de maio. As autoridades brasileiras se chocaram com os Estados Unidos, por levantarem objeções ao acordo e seus termos, incluindo o fato de que não encerraria a recente decisão do Irã de começar a enriquecer urânio para o nível de 20%. O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, disse que seu governo foi incentivado “para implementar as propostas de outubro sem desvio, e nós o fizemos.” Um oficial sênior disse que a carta foi projetada para lidar com um problema discreto. Na época, turcos e brasileiros pareciam inclinados a aceitar uma proposta iraniana de enviar o urânio para fora de forma fragmentada, ao invés do lote. “Foi uma carta que estava respondendo a alguma coisa que estavam fazendo, em que fomos apontando que o que vocês estão fazendo está muito aquém do que buscávamos anteriormente”, disse.
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Grécia ainda tem que reestruturar suas finanças
Portugal Telecom planeja lançar contra-oferta pela Vivo
Brasil sugere ao FMI que inclua o yuan e o real como moeda de conversão
Acordo militar Brasil-EUA é um passo de bebê

Grécia ainda tem que reestruturar suas finanças

Mesmo que os investidores lidem com o impacto econômico de curto prazo da crise da dívida europeia, uma importante questão no longo prazo permanece nos bastidores – a probabilidade de que a Grécia terá que reestruturar a sua dívida. Analistas e investidores não acham que isso seja provável para breve. Os mercados financeiros estão muito abalados para enfrentar um passo tão dramático, e o resgate por parte da União Europeia (UE) e Fundo Monetário Internacional dá à Grécia uma margem de manobra muito necessária. Embora a reestruturação possa não ter lugar por mais um ano ou dois, é um movimento que a Grécia pode ser incapaz de evitar, muitos dizem, apesar das garantias em contrário dos funcionários da UE e FMI. A reestruturação é essencialmente uma moratória, sob a qual a Grécia renegociaria sua dívida com os credores, seja alongando seus vencimentos ou reduzindo o montante devido, fazendo com que os detentores de obrigações assumam a perda.
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Portugal Telecom planeja lançar contra-oferta pela Vivo

A Portugal Telecom (PT) está negociando com investidores da Ásia e Oriente Médio uma possível contra-oferta pela Vivo, a segunda maior operadora móvel do Brasil, depois de lançada pela Telefónica. “Posso dizer com absoluta certeza que há muitos investidores interessados”, disse José Maria Ricciardi, presidente-executivo do Banco Espírito Santo. As
ações da Portugal Telecom aumentaram 14,6% no mercado acionário nos últimos dois dias, desde que a Telefonica começou a expor aos acionistas portugueses os benefícios de sua proposta sobre a Vivo, e as ameaças caso a oferta fosse rejeitada. A empresa, liderada por César Alierta, oferece 5,7 bilhões de euros pelos 50% não controlados da Brasilcel, a holding que controla a operadora brasileira. Esse preço representa um prêmio de 145% sobre o mercado e equivale a 11 anos de dividendos dos portugueses. Analistas consideram a oferta atraente, mas alguns dizem que teria espaço para melhorá-la. A Telefónica já avisou que não descarta uma oferta hostil para comprar a própria PT se ela rejeitar a oferta pela Vivo. Também ameaçou cortar o fluxo de dividendos da Vivo aos lusos, o que comprometeria os próprios dividendos da PT.
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Brasil sugere ao FMI que inclua o yuan e o real como moeda de conversão

O ministro das Finanças brasileiro, Guido Mantega, sugeriu nesta quarta-feira ao Fundo Monetário Internacional (FMI) que incluísse o yuan da China e o real do Brasil como moedas de conversão para os Direitos Especiais de Saque (SDR, na sigla em inglês) da instituição. Mantega fez a sugestão ao chefe do FMI, Dominique Strauss-Kahn, que estava em visita regular ao país. “Acreditamos que as nossas moedas já se tornaram importantes”, disse Mantega na conferência de imprensa conjunta após o encontro. Mantega disse que a sugestão não foi feita para diminuir a importância do dólar dos EUA, mas aumentar as opções de recursos para o FMI. Ele também destacou a necessidade de acelerar a reforma do FMI, para dar mais poder decisório aos países em desenvolvimento. “Os países emergentes estão sub-representados no Fundo e a instituição reconhece isso”, disse. “Há uma previsão de reforma para 2011, mas estamos tentando trazê-la para 2010. É mais do que justo que os países que adicionam recursos ao FMI tenham maior participação.” Strauss-Kahn disse que o SDR pode ter um papel importante nas reservas internacionais dos países, embora não no curto prazo. Ele acreditava que o dólar continuaria a ser a moeda dominante, devido ao tamanho da economia dos EUA.
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Acordo militar Brasil-EUA é um passo de bebê

No mês passado o ministro da Defesa brasileiro Nelson Jobim e o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, assinaram um acordo de cooperação militar bilateral em Washington. Isso significa promover a colaboração nos domínios da pesquisa e desenvolvimento, apoio logístico, tecnologia de segurança, aquisição de produtos e serviços de defesa e engajamento em treinamento militar e exercícios conjuntos. O acordo surge num momento onde há uma série de disputas entre os dois países. Apesar da expectativa positiva – principalmente no Brasil – sobre a relação entre dois líderes mundiais populares, nos últimos 18 meses os presidentes Barack Obama e Luiz Inácio Lula da Silva não conseguiram chegar a acordos em várias questões-chave: a questão dos dissidentes políticos em Cuba, o golpe de estado de Honduras em 2009 e os esforços de resgate após o terremoto no Haiti. Há também discordâncias sobre questões globais como comércio, mudanças climáticas e as negociações sobre uma nova rodada de sanções contra o Irã no Conselho de Segurança da ONU. É altamente improvável que o tratado traga mudanças significativas sobre os pontos de discórdia ou mesmo na relação militar bilateral em si. No entanto, pode lançar as bases para um aumento significativo nas negociações entre os complexos industriais militares dos dois países.
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Luis Nassif

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