O rendimento médio real do trabalhador brasileiro caiu 1,1% no trimestre fechado em janeiro no comparativo com o período imediatamente anterior, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em relação a 2021, a queda foi ainda maior, de 9,7%, O valor médio ficou em R$ 2.489.
Segundo a pesquisa, nenhuma categoria apresentou melhora na rentabilidade: na indústria, houve queda de 4,1%, ou menos R$ 102), mesmo com alta na ocupação com empregos com carteira.
Também houve diminuição no setor de administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais: queda de 2,1%, ou menos R$ 76.
O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (exceto trabalhadores domésticos) foi de 34,6 milhões de pessoas, uma alta de 2% contra o trimestre anterior, o que representa mais 681 mil pessoas com emprego que garante os direitos trabalhistas.
Na comparação com 2021, o crescimento é de 9,3% (ou mais 2,9 milhões de ocupados com carteira), com influência do comércio, da indústria e do setor de alojamento e alimentação.
Também houve crescimento no total de empregados no setor privado que não possuem carteira registrada: 12,4 milhões de pessoas, um aumento de 3,6% ou 427 mil pessoas em relação ao trimestre anterior. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, a alta é de 19,8% ou mais 2 milhões de pessoas.
Por outro lado, o mês de janeiro registrou 38,5 milhões de trabalhadores informais (40,4% da população ocupada), taxa menor que a do trimestre anterior (40,7%) e maior que o mesmo período do ano passado (39,2%).
Já o número de trabalhadores por conta própria ficou estável na comparação com o trimestre anterior, mas subiu 10,3% no ano e chegou a 25,6 milhões de pessoas, enquanto o número de trabalhadores domésticos foi de 5,6 milhões de pessoas – estável no confronto entre períodos, mas 19,9% maior que no período do ano anterior.
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Se a economia não engatar um ritmo de crescimento compatível com as necessidades do Brasil, vai ser muito difícil mudar esse quadro. A informalidade só faz crescer, com a redução de direitos trabalhistas, vão desaparecendo as garantias que diferenciavam os tipos de ocupação . Como o imposto de renda tem alíquota máxima já a partir de pouco abaixo de 5 mil reais, ocorre uma busca cada vez maior pela informalidade e precariedade.
Sem prêmio para o investimento na própria carreira, resta tentar ganhos de renda melhores. Tudo isso leva a uma desqualificação do País em diversos setores. Perde-se o pessoal que tem, pelo desestímulo e ainda reduz o interesse na formação de outros profissionais. Ciência e pesquisa, nem pensar; sem pessoal qualificado e sem quem possa aplicar esse conhecimento produzido, torna desperdício este tipo de investimento.
Temos então, um quadro agravante que não apenas diminui a renda do País, mas o condena ao atraso e dependência. Apenas por idealismo alguns resistem no meio acadêmico. Inverter isso somente com investimentos, que por sua vez não ocorrem pela falta de boas perspectivas. O País fica preso num círculo nada virtuoso.