O estranho caso da falta de remédio para  câncer, por Luis Nassif

O que ocorreu com a licitação? Criou-se a carência, a centralização da compra mas, no final, recorreu-se a um laboratório público que, segundo o JN. recebeu a encomenda de última hora. Qual a razão da licitação ter sido suspensa?

No ano passado, relatamos o golpe do Ministério da Saúde com as compras emergenciais no Xadrez do mais escabroso crime de corrupção., cometido na gestão de Ricardo Barros no Ministério da Saúde. Em janeiro, mostramos a repetição do golpe com a iumonoglobulina. Agora, o Jornal Nacional mostra o que pode ser a reedição do mesmo golpe com o mesilato de inatilube. Repetiu-se o golpe com a imonuglobulina?

Faltam dados para concluir.  Segundo o JN, 11 mil pessoas dependem do medicamento para tratamento de câncer.

O golpe é conhecido, repetido e tolerado:

1. Seleciona-se um medicamento de alto custo, para doenças especiais.

2. Cria-se uma escassez, reduzindo as compras ou esperando o contrato terminar.,

3. Depois, abre-se espaço para uma compra extraordinária, atropelando os controles do Tribunal de Contas da União.

No caso do mesilato, desde 2019 já havia falta no mercado, conforme alerta da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (ABRALE). Em abril do ano passado, o Ministério da Saúde anunciou que mudaria o processo de compras do Glivec, cujo princípio é o Mesilato de Imatinibe, e passaria a comprar de forma centralizada. Anunciou-se que a licitação seria assinada até o final da semana.

No dia 23 de agosto, foi assinado um contrato de aquisição com a Bristol-Myers Squibb, fornecedora tradicional da rede púbica. A previsão de entrega era para final de setembro. 

[Nota do Editor – A Bristol Myers Squibb (BMS) esclarece que a terapia em questão – “mesilato de imatinibe”- não faz parte do portfólio de produtos da BMS.]

Segundo o Portal de Transparência do governo federal, a compra foi efetuado pelo Departamento de Logística do Ministério da Saúde, sob comando de militares trazidos pelo general Eduardo Pazuello.  O responsável pela compra é Eduardo Seara Machado Pojo do Rego. Ele foi secretário adjunto de Gestão de Saúde do Distrito Federal, e alvo da Operação Falso Negativo. Servidor concursado do Ministério da Saúde, chegou a ser preso na operação, recentemente foi aprovado em processo seletivo dio Ministério da Economia, como membro da Secretaria de Gestão.

A compra foi no valor de R$ 124 milhões, com dispensa de licitação. Mas foi feita do Instituto Vital Brazil, um laboratório público.

O que ocorreu com a licitação? Criou-se a carência, a centralização da compra mas, no final, recorreu-se a um laboratório público que, segundo o JN. recebeu a encomenda de última hora. Qual a razão da licitação ter sido suspensa?

Luis Nassif

3 Comentários

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  1. Bom Dia Rio trouxe hoje reportagem sobre licitação e compra de itens pelo governo do Rio.
    O exemplo dado era da uma bola de basqueter comprada por 70 pilas no vareja mas foi adquirida por mais de 350 reais . Execelente matematica. Com 1 bola do Governo se compram 5 para os particulares.
    Detalhe : fornecedor mora em Minas e tem uma sapataria.

  2. Olá Nassif. Parabéns por insistir em cobrir esse absurdo que é mais comum do que parece no Brasil. Sou oncologista no rio de Janeiro e acostumado a ver essas coisas passarem “desapercebidas”. Só uma pequena correção. O nome do medicamento é mesilato de imatinibe.

    Um grande abraço e obrigado por seu trabalho! Você tem sido muito importante nesses tempos sombrios.

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