Obama piscou

A sinuca de Barack Obama é a mesma que acomete todos os governantes em períodos de crise sistêmica, radical. Acaba um ciclo. Setores líderes do ciclo que se encerra ficam inviáveis, mas conservam o poder político. Tem que se partir para o ciclo seguinte, mas esses setores ficam pairando como lastro de balão, impedindo o nascimento do novo ciclo.

No caso norte-americano, o problema é o sistema financeiro, os chamados bancos-zumbis, que quebraram com a crise. Eles estão empanturrados de derivativos tóxicos e de créditos de difícil recebimento.

Haveria dois caminhos para solucionar o problema.

O correto seguiria o modelo do nosso PROER. Esta semana o Luiz Carlos Mendonça de Barros escreveu um artigo didático na Folha sobre o modelo.

Em vez de criar um “bad bank” para comprar os títulos podres dos bancos-zumbis, o governo americano deveria criar um banco para comprar os ativos sadios desses bancos.

É o modelo universalmente consagrado de compra de empresas quebradas. Separa-se a parte boa e vende-se. Com os recursos apurados, cobre-se parte do rombo. Se a parte podre for maior, ou os controladores aportam novos recursos ou simplesmente o banco restante vira pó.

Com isso, dos escombros dos bancos-zumbis nasceria um novo banco, imenso, estatal no início, mas que poderia ser privatizado depois (de acordo com as tradições americanas), com porte e condições de revascularizar o sistema de crédito norte-americano e global. Mas significaria também que os acionistas e controladores dos bancos quebrados morreriam com o mico.

Essa solução lógica esbarra no poder políticos dos zumbis e nas vinculações ideológicas das pessoas incumbidas de pensar o plano de salvação – quase todas ligadas ao mercado financeiro.

Assim, fica-se nessa história de limpar os bancos dos ativos tóxicos permitindo a salvação dos controladores e acionistas. Com isso, a crise se aprofunda agudamente. A insegurança continuará, os recursos envolvidos não resultarão na volta do crédito em um momento em que a economia mundial caminha para o estágio mais perigoso: a deflação de ativos (isto é, os preços dos ativos despencando e trazendo novos rombos para a estrutura de capital das empresas e dos bancos).

Infelizmente, Omaba piscou. Esses momentos de crise aguda exigem decisões de ruptura, não de contemporização.

Por Roberto São Paulo/SP

Creio que o sistema financeiro americano tem dois tipos de títulos com problemas, mas interligados, um são os seguro contra inadimplência feito pelos Bancos e pelas Seguradoras.

O outro são os títulos das hipotecas sub-prime, que tudo indica foram negociados com uma taxa de inadimplência inferior a atual inadimplênciia de mais de 15%.

Com o aumento da inadimplência os títulos atrelados as hipotecas sub-prime ficaram sem liquidez, o que fez com os fundos e os bancos a venderem os demais ativos com maior liquidez e recorrer aos emprestimos do FED para bancar os resgates.

Creio que a atual tentativa budca resgatar a liquidez dos títulos sub-prime atuando em duas frentes uma na formação de um fundo com recursos do tesouro e do Fed que irão comprar os títulos das hipotecas sub-prime impondo uma taxa de inadimplência entre o que foi pago pelo Bancos americanos e o atual nível de inadimplência.

A outra frente vai trabalhar para diminuir ao máximo a inadimplência das hipotecas sub-prime, provavelmente renegociando os contratos para diminir o valor das parcelas dos financiamentos e que exigiam contra-partidas dos inadimplentes que iniba os que ainda estão conseguindo pagar as hipotecas a não simular uma inadimplência para se beneficiar do pacote.
Uma forma seria impor a proibição de recorrer aos refinaciamentos baseados numa eventual valorização do imóvel.

Mesmo que se reduza bastante a inadimplência daas hipotecas os títulos atrelados as hipotecas sub-prime não consiguirá ter a mesma liquidez do período anterior ao estouro da bolha imobiliária, mas permitirá aos bancos repassar os títulos com prejuízos menores.

Os altos juros cobrados nas hipotecas sub-prime pode propiciar um bom retorno no longo prazo, o atual fundo criado pelo Tesouro Ameicano em conjunto com FED deve permitir a transição onde ocorrerá a renegociação com os inadimplentes .

Luis Nassif

39 Comentários

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  1. Nassif, “tem que se partir
    Nassif, “tem que se partir para o ciclo seguinte” parece querer dizer que tem que se dividir ao meio para o ciclo seguinte. Acho que voce quis dizer “tem-se que partir para o ciclo seguinte…”
    Faz toda diferença no sentido da frase.
    Bom dia…

  2. Bem, o problema é óbvio:
    Bem, o problema é óbvio: Alguém vai ter que perder na história, os banqueiros ou a população. Adivinha quem os políticos escolhem sem piscar.

  3. Concordo em parte Nassif.

    O
    Concordo em parte Nassif.

    O nosso Proer não é o modelo.
    O modelo sueco é o modelo.

    Avalia-se os podres do Zumbi – o Estado aporta capital “comprando” os podres recebendo ações e o controle do banco.

    Quem dança são os banqueiros.

    Recupera-se o banco que vira estatal, e no bom momento privatiza-se o banco de novo – sem negociatas como o Proer.

    O preço que o banqueiro paga – pode ser desde a cadeia, até só perder o banco.

    E o povo não paga nada – e ganha o controle do banco.

    Controlando o banco, o Estado libera maciçamente crédito, e limita os ganhos dos diretores e correlatos.

    Assim o sistema fica limpo, controlado, o crédito movimenta a economia.

    Os exploradores anteriores perdem, perdem,perdem… o povo não perde e pode ganhar com o tempo.

    Krugman pensa assim – e está certo.

    Não me fale em Mendonça de Barros por favor.

  4. Não entendo nada de economia.
    Não entendo nada de economia. dela sou apenas uma observadora atenta. mas você sugere “… dos escombros dos bancos-zumbis nasceria um novo banco, imenso, estatal no início, mas que poderia ser privatizado depois (de acordo com as tradições americanas), com porte e condições de revascularizar o sistema de crédito norte-americano e global.”

    Nassif, e você sabe disto, na “América” tudo tem que nascer privatizado. As virtudes, todas, só existem quando a iniciativa privada comanda. Taí o resultado.

    E, além do mais, à “América” falta a sua mais cara matéria prima: guerras. muitas guerras, para venderem aquilo que eles sabem fazer, armas. Sem medo a indústria bélica não sobrevive.

    Na grande crise dos anos 30, foi criado uma agência estatal que renegociou todos os passivos imobiliários e se auto-extinguiu anos depois.

  5. Creio que o sistema
    Creio que o sistema financeiro americano tem dois tipos de títulos com problemas, mas interligados, um são os seguro contra inadimplência feito pelos Bancos e pelas Seguradoras.

    O outro são os títulos das hipotecas sub-prime, que tudo indica foram negociados com uma taxa de inadimplência inferior a atual inadimplênciia de mais de 15%.

    Com o aumento da inadimplência os títulos atrelados as hipotecas sub-prime ficaram sem liquidez, o que fez com os fundos e os bancos a venderem os demais ativos com maior liquidez e recorrer aos emprestimos do FED para bancar os resgates.

    Creio que a atual tentativa budca resgatar a liquidez dos títulos sub-prime
    atuando em duas frentes uma na formação de um fundo com recursos do tesouro e do Fed que irão comprar os títulos das hipotecas sub-prime impondo uma taxa de inadimplência entre o que foi pago pelo Bancos americanos e o atual nível de inadimplência.

    A outra frente vai trabalhar para diminuir ao máximo a inadimplência das hipotecas sub-prime, provavelmente renegociando os contratos para diminir o valor das parcelas dos financiamentos e que exigiam contra-partidas dos inadimplentes que iniba os que ainda estão conseguindo pagar as hipotecas a não simular uma inadimplência para se beneficiar do pacote.
    Uma forma seria impor a proibição de recorrer aos refinaciamentos baseados numa eventual valorização do imóvel.

    Mesmo que se reduza bastante a inadimplência daas hipotecas os títulos atrelados as hipotecas sub-prime não consiguirá ter a mesma liquidez do período anterior ao estouro da bolha imobiliária, mas permitirá aos bancos repassar os títulos com prejuízos menores.

    Os altos juros cobrados nas hipotecas sub-prime pode propiciar um bom retorno no longo prazo, o atual fundo criado pelo Tesouro Ameicano em conjunto com FED deve permitir a transição onde ocorrerá a renegociação com os inadimplentes .

  6. Creio que o pacote fiscal
    Creio que o pacote fiscal aprovado no congresso americano deve permitir um melhor ambiente para a renegociação das hipotecas sub-prime.

    São recursos que serão usados em investimentos públicos e incentivos fiscais que irão criar milhões de emprego nos EUA.

  7. Veja essa matéria do Jornal
    Veja essa matéria do Jornal do Brasil

    Setores de vestuário e calçados admitem que exageraram na dose e anunciam recontratações
    Empresários brasileiros de setores de vestuário e calçados deram-se conta de que cortaram mais vagas do que precisavam. Agora planejam voltar a contratar para repor os estoques perdidos com as demissões.

    Na minha cidade (Lavras – MG), a Magnet Marelli fabricante de amortecedores, demitiu mais de 300 funcionários.
    Pelas conversas que tive com alguns amigos que trabalham na empresa, os diretores locais estão sendo pressionados a aumentarem a produção, já que as fábricas de automóveis voltaram com os pedidos.
    O problema é que aumento da produção agora fica impossível pelas demissões feitas em dezembro e a Magnet Marelli , vai perder milhões por ter acreditado no terrorismo da mídia tupiniquim.

  8. É exatamente o que J.
    É exatamente o que J. Stiglitz vem propondo. Não haverá coragem até que a contemporização leve à quebradeira do setor produtivo norte-americano. Sem ruptura, vai-se a hegemonia do império.

  9. Ontem não conseguia postar
    Ontem não conseguia postar aqui. Postei no portal.
    Mas, retorno com a mesma dúvida: como está o comportamento dos
    T-notes?
    Pergunto por que já foi motivo de discussão aqui e não mais se falou no assunto. Ontem ouvi que o prêmio tinha subido. Alguém comenta?
    Insisto no assunto, pois considero que uma alta do premio é algo muito complicado. Complicado por demais.

  10. Nassif, acho que sua análise
    Nassif, acho que sua análise está correta, exceto no motivo que barra a estatização dos bancos.
    De fato, é uma barreira ideológica como você diz, mas é muito mais ampla do que você supõe, não é restrita ao sistema financeiro, à Wall Street, ledo engano seu, a idéia de não intervenção estatal está na essência do modelo econômico americano, o homem médio americano acredita piamente na capacidade de realização da inciativa privada, esta é a gênese do capitalismo americano, a grande força motora que criou tanta riqueza, mas também uma tremenda fraqueza no momento em que aquele modelo, levado a extremos, falhou feio.
    Por isso,Obama tem tanta dificuldade de romper com esta tradição tão americana e tão enraizada na vida do país.

  11. Parte-se para o novo ciclo,
    Parte-se para o novo ciclo, privatiza-se o banco gigante que, lá na frente, vai quebrar de novo e, de novo, o povo pagará a conta. Não vejo méritos nesse sistema.

  12. nassif:
    o roberto são paulo
    nassif:
    o roberto são paulo fala das hipotecas sub prime.qual o valor disso?creio que
    seja fichinha em relação ao rombo total (derivativos e outros).o roberto e você certamente conhecem esses números.
    romério

    O rombo maior é no seguro de crédito. No ano passado postei algumas notas aqui. Agora não me lembro de cabeça mas o rombo era de vários trilhões de dólares.

  13. Meu pitaco:

    além de aplicar
    Meu pitaco:

    além de aplicar a Serra PROER (dividir em parte boa e parte ruim), todos os diretores dos velhos bancos deveriam ser presos por uns 20 anos, preferentemente em Guantánamo, que vai ficar vazia brevemente.

  14. O Delfim Neto escreveu um
    O Delfim Neto escreveu um artigo, também muito didático, na Carta Capital desta semana.

    O problema central é de confiança. No começo o governo compra os bancos. Depois vende, porém para OUTROS agentes.

    Se não houver esta ruptura, a confiança não será restabelecida, e não se iniciará um novo ciclo.

    Também acho que o Obama, infelizmente, piscou.

    Luciano

  15. Nassif. Acho que o buraco é
    Nassif. Acho que o buraco é um pouco mais embaixo. O problema norte-americano é estrutural. O sistema social/trabalhista/previdenciário deles se tornou extremamente caro e está à beira da falência. Ou já faliu e não avisaram. A crise norte-americana vai muito além do sistema bancário e hipotecário. Qualquer plano agora vai ter um certo impacto mas depois a coisa volta a bater. Não tenho visto no meio acadêmico reflexões sobre isso. Mas conheço bastante gente que vive lá e os sinais de falência sistêmica são fortes e vem se mostrando há anos.
    O que pode contar a favor deles é que a justiça deles é muito ágil e pode implementar reformas rapidamente. Mas o país necessita de uma reforma profunda…

  16. No caso do Brasil havia
    No caso do Brasil havia muitos créditos sem garantias, débitos que estavam inadimplentes mas não eram lançados para o banco não fazer provisão, e ate contas fraudulentas.

    No caso atual dos Bancos americanos parece ser diferente. eles estão fazendo as provisões em função do aumento da inadimplência, o que tem provocado os grandes prejuízo dos bancos nos Eua e na Europa..

    A ação para diminimuir a inadimplência das hipotecas sub-prime e tornar viável um fundo para dar liquidez aos títulos atrelados as hipotecas sub-prime, depende da recuperação da economia americana e de um bom tempo de juros básicos muito baixo.

  17. Ces não tão entendendo… O
    Ces não tão entendendo… O problema de Sistema Financeiro deles é estrutural, não dá para expandir mais cobrando juro de um dígito no modelo atual… O endividamento geral é muito mais alto nos EUA do que era no Brasil na época do PROER, a remuneração das operações de crédito no Brasil era/ainda é muito mais alta.

    Reestruturar para voltar ao modelo antigo não vai adiantar nada. Vai emprestar para quem se já todo mundo no Serasa ?

    Entendam assim: Nós tinhamos um milhão de bodes na sala e agora temos 500 mil…. Eles não tinham nenhum, agora já têm uma meia dúzia – Só que essa meia dúzia para eles têm o peso de um bilhão…

    Esgotou o modelo de sistema financeiro deles, pessoal. E o pior é que eles ainda querem piorar a coisa, emprestando muito mais do que simplesmente gastando/tributando para reduzir a proporção do endividamento sobre a renda disponível.

    Loucura total… Desastre anunciado.

  18. Oi Nassif,

    Estive por 11
    Oi Nassif,

    Estive por 11 dias nos EUA, voltei semana passada de la. Posso te garantir a crise que presenciei me deixou chocado. a DEFLACAO e’ mais que uma realidade. As lojas estao vazias, os precos com generosos descontos e mais ainda descontos formidaveis a mais. Mas nao vi americanos comprando. Havia em sua maioria de brasileiros,como nos, e outros estrangeiros, aproveitando os Super-Hiper descontos.

    Minha conclusao e’ que eles queimam os estoques de forma frenetica para salvar alguma coisa. Em alguns Shopping havia lojas sendo fechadas.

    Vi muitas casas com placas de Sale Off(descontos) ou Auction(leilao). Lojas de carros abarrotadas. Os parques da Disney relativamente vazios, tudo bem que nao e’ periodo de ferias la, mas nao imaginava tao vazios, mesmo nos fins de semanas, e com ofertas gigantecas do complexo Disney para atrair os clientes.

    Claro que nao e’ uma visao catastrofica, mas bastante preocupante, pois a ultima caracteristica da crise, que percebi, sao postos de trabalhos para atendimento em lojas, parques, com funcao desativada, por exemplo 50 caixas, mas apenas 20 ou 30 funcionando.

    Um abraco

    Arnobio

  19. Roubini, que previu
    Roubini, que previu corretamente a crise que estamos vendo, está ao longo do tempo revisando suas estimativas do tamanho do rombo para cima.

    Começou em meio trilhão, depois 1 trilhão, 1 trilhão e meio, agora diz que o rombo é três trilhões. Desses 3 trilhões, cerca de US$ 1.8 trilhão é o mico do sistema financeiro dos EUA.

    Como o capital total do sistema financeiro dos EUA é cerca de US$ 1.4 trilhão, os bancos dos EUA estão falidos. Todos. Incluindo o Citi (que avisa amigo é, falei isso há mais de um ano, aqui nesse blog).

    Acredito que o Roubini ainda aumentará sua estimativa do rombo. Com uma recessão longa, que é o que estamos vendo, pois a recuperação não ocorrerá antes de 2010 e que possivelmente só começará a ocorrer em 2011-2012, o rombo acaba crescendo.

    E vai crescer mais ainda porque os EUA estão titubiando em tomar as decisões corretas. Obama piscou, e piscou principlamente por causa de um problema ideológico e cultural: nacionalizar banco, nos EUA, é tabu.

    Acho que no final, só nos EUA, o rombo vai chegar a 5 trilhões. É essa a quantidade do PIB dos EUA que vai evaporar. Quase metade do PIB da potência hegemônica global vai fazer puff e sumir ao longo dos próximos 5 anos.

    A verdadeira questão é quanto tempo os chineses vão precisar para mudarem seu modelo econômico e retornarem a crescer.

    Se bem que os comunistas que mandam na China não tem qualquer problema ideológico ou cultural com nacionalizar banco… para eles não importa se o gato é preto ou branco, o importante é que mate os ratos.

    É a mudança de paradigma histórico. Bem vindos ao admirável mundo novo e ao século XXI.

  20. O Obama está sentindo a dor
    O Obama está sentindo a dor da passagem da vida fácil da pedra para a dura realidade da vidraça. Temo que ele se torne o Lula de lá que foge do atrito como se fosse o diabo. O nosso Lula quando viveu essa passagem mudou da água para o vinho. Belíssimos discursos mas quando no poder não peita ninguém do establishment econômico político.

  21. Do PROER ficou a impressão de
    Do PROER ficou a impressão de nogociata porque os banqueiros perderam o controle dos respectivos bancos, mas não sofreram punições, tipo cadeia mesmo, que é o que os Ângelos Calmons mereciam.

    O problema é que a nossa legislação, adaptada aos interesses das elites por um Congresso sem consciência, formado de deputados comprados, não permite punições drásticas.

  22. Creio que todas hipotecas do
    Creio que todas hipotecas do mercado americano tinham garantia do governo, até 1982 quando as financeiras de crédito imobiliário começaram a realizar operações sem garantia governamental e com juros pós-fixados de acordo com a variação dos juros dos títulos americanos.

    As hipotecas sub-prime em ficavam nas carteiras das financeiras e representavam menos de 5% do total das hipotecas em função do limite de capital das financeiras.

    Com o desenvovimento do mercado de títulos privados a partir de 1995 foram as financeiras passaram a vender parte das carteiras através de títulos que tinha como lastro as hipotecas sub-prime, com a venda de parte de carteira realizavam novos contratos do sub-prime.

    Os altos rendimentos destes títulos, em função dos juros da hipotecas sub-prime que cobram juros de 2 a 3 vezes mais dos que as hipotecas garantidas pelo governo, a valorização dos imóveis que evitava prejuízo em caso de retomada do imóvel,e desevonvimento de seguros contra inadimplência, atraía cada vez mais capital para o setor imobiliário americano.

    Além de novas construções as hipotecas sub-prime passaram a ser utilizadas também para refinanciar os imóveis que se valorizavam com este processo.

    A participação das hipotecas sub-prime que inicialmente representavam meos de 5% do mercado das hipotecas chegou a 80% em 2006.
    Creio que total das hipotecas sub-prime chegue a US$ 5 trilhões de dólares, e cerca de 70%, ou seja US$ 3,5 trilhões delas dão lastro aos títulos das hipotecas sub-prime que hoje estão sem liquidez no mercado americano e europeu.

  23. Acho que você está esquecendo
    Acho que você está esquecendo que os fundos de pensão, que possuem grande parte da poupança das famílias americanas, são grandes investidoras do sistema financeiro americano.
    Transformar em pó o valor dos bancos significa liquidar com a poupança que garantiria a aposentadoria de milhões de americanos.
    Não são sómente os banqueiros “ganaciosos” que vão sofrer.
    Além disso com a liquidação da poupança, de onde viriam os recursos para financiar um novo ciclo de desenvolvimento?

  24. Creio que em função da forte
    Creio que em função da forte queda da atividade econômica nos EUA desde de 2007, das atuais condições das instituições financeiras americanas, e da forte queda dos preços dos ativos a recuperação do sistema finaceiro depende da recuperação da atividade econõmica.

    Será a criação dos empreços e da renda com o plano de investimentos públicos e de incentivos fiscais que permitirá a diminuição da inadimplência da hipotecas sub-prime e das demais modalidades de crédito nos EUA.

    Este processo levará a uma recuperação dos preços dos ativos, condição essencial para a recuperação do sistema financeiro americano.

  25. Continua aqui a mesma
    Continua aqui a mesma confusão semântica, que é interpretar aplicação financeira como sendo investimento. Aplicação e investimento são atos distintos. Quem aplica só está esperando o rendimento financeiro através de juros ou valorização de papéis e isso pode ser conseguido pelo simples diferencial especulativo (bolhas). Quem investe, o faz com o intuito de ganhar, mas na produção de alguma coisa. Investimento é o emprego de recursos econômicos (não necessariamente pela via financeira), de instalações, máquinas, ferramentas, equipamentos, pessoas (mão-de-obra e tecnologia) para gerar produto destinado ao mercado ou diretamente à sociedade. O problema é que existem mais aplicadores que investidores (em número e volume). As aplicações passam adiante dos investimentos, pois vive de espectativas e, quando são favoráveis, crescem rapidamente, elevando os preços dos ativos acima da realidade, já o investimento requer a execução de projetos, que só passam a dar retorno após longos períodos de maturação. A capacidade dos bancos de gerarem moeda escritural é incontrolável, isso, junto aos descontroles das contas governamentais geram, à revelia da economia real, o ambiente financista, cujo fluxo se encarrega de sugar as economias dos incautos, concentrando-as nas mãos dos rentistas profissionais.

    Somente uma grande mobilização das sociedades poderia assustar um pouco os exploradores, falo de multidões mesmo marchando nas ruas, fazendo uma pressão jamais vista. Caso contrário tudo tornará como antes, ao velho modelo de corporalização dos lucros e socialização dos prejuízos.

  26. Se tivesse tantos analfabetos
    Se tivesse tantos analfabetos aqui, quanto existem no Brasil, um PROER americano ja teria sido implementado.

    Juliano – Houston

  27. Nassif,
    Olha,
    Nassif,
    Olha, tenho sempe concordado com suas ponderações, sempre racionais, embasadas e esclarecedoras. Permita-me dar uma discordadinha “light”. Já postei uma vez que certos nomes do passado me dão calafrios, e os irmãos Mendonça de Barros(Urgh!!!) são exemplos incontestes. Estão intimamente ligados a todas mazelas das privatizações e atolados até o chifre com o Daniel Dantas no caso das Teles, lembra-se? E o caso do PROER foi um modo que o FHC encontrou para repassar dinheiro público para o setor privado. Saneou-se bancos públicos e privados para que fossem privatizados ou transferidos para bancos maiores. Só não privatizaram o Banco do Brasil porque o Lula ganhou a eleição. Se o Serra tivesse ganho, não haveria mais Banco público no Brasil. Aí, eu queria ver quem iria segurar as pontas da crise. Os bancos privados não emprestaram nenhum centavo.
    Lá nos EUA, terão que mudar suas “tradições” se quizerem sobreviver. Deverão aprender que não se deve deixar a raposa tomando conta do galinheiro… por bem, ou… bem, uma pesquisa apontou que cada cidadão americano da classe média possui, em média 6 cartões de crédito, cujos limites são rolados continuamente de um para o outro e pagando-se apenas o valor da parcela mínima, o que está transformando o problema em uma bola de neve. Então, com o aumento do desemprego, fatalmente ocorrerá um aumento da inadimplência nos cartões de crédito, que aumentará a crise na área financeira, consequentemente mais quebradeira e desemprego, e continua a bola de neve… OU SEJA, POR BEM AGORA, ESTATIZANDO TUDO, ou POR MAL DEPOIS, ESTATIZANDO TUDO TAMBÉM… SÓ QUE SEM AS PENAS DO RABO!!!

  28. 1. Timothy Geithner,
    1. Timothy Geithner, secretário do tesouro, reconhece: o governo americano desconhece o tamanho do rombo;

    2. Paul Krugman afirma que “bancos poderão ser salvos, mas não tenho certeza se o sistema será recuperado”;

    3. Roubini, o “senhor apocalipse”, prossegue com suas antevisões sombrias – e certeiras;

    4. o patrimônio dos fundos de pensão americanos corresponde a 90% do
    PIB, aproximadamente;

    5. Arne Berggren, para salvar o sistema sueco, no começo da década (perdas dos bancos: 12% do PIB), contou com total consenso político, garantias do governo aos credores de todos os bancos (mas nenhuma aos acionistas das instituições socorridas) e uma agência governamental para supervisionar os bancos recapitalizados. O governo sueco gastou 4% do PIB e deteve o controle de 20% do sistema bancário. Em 2004, com os bancos finalmente dando lucro, o governo vendeu sua participação.

    É pra lá de movediça a enrascada americana.

  29. Olha este tal de Mendonca de
    Olha este tal de Mendonca de Barros so fala “abobrinha”. Comparar o nosso PROER com esta crise e brincadeira …….

    E esta sugestao de negociar o ativo dos bancos e com o din din resultante (o lucro) comprar a parte ruim e de uma inocencia …… mesmo porque a parte ruim e muuuuuuuuuuuuuuuito maior que a parte boa; senao nao teria crise.

    Outra coisa, deixar o banco quebrar ….. pelo amor de DEUS …. vao deixar um banco como o BofA e o Citi quebrar. Oh, ideiazinha infeliz.

    Chega, eu to ficando com raiva.

    Fica não. Se a parte ruim é maior, quem paga o pato são os acionistas, não o Tesouro. Se a crise é maior do que a nossa, em vez de um Proer, um Proerzão.

  30. Creio que essa pescada do
    Creio que essa pescada do presidente Barack Obama, deve prolongar o período necessário para a recuperação da atividade econômica nos EUA,mas de qualquer maneira já esta claro pelo menos na Europa e menos nos EUA, que caso as tentativas de recuperar os grande Bancos não tenha sucesso, o sistema finaceiro sera nacionalizado.

    Creio que para o Brasil, China e para vários países emergentes será uma grande oportunidade de expandir o mercado interno apoiado no aumento do investimento público, fazer isto junto com o crescimento da economia americana seria mais díficil em função da pressão da demanda externa.

    Do ponto de vista prático para o Brasil, esta piscada do presidente de Barack Obama, permite ao COPOM reduzir com mais intensidade os juros da Selic, na medida que a recuperação da economia americana e da demanda externa será mais lenta.

    Mas o COPOM precisa acordar, e aproveitar tanto a redução da demanda externa, e sustentar a rápida recuperação da demanda interna no Brasil, dando maior liquidez epraticando juros da Selic mais baixos.

  31. REVISTA DO BNDES, RIO DE
    REVISTA DO BNDES, RIO DE JANEIRO, V. 15, N. 30, P. 129-159, DEZ. 2008
    http://www.bndes.gov.br/conhecimento/revista/rev3005.pdf

    Analisando a Crise do Subprime/GILBERTO RODRIGUES BORÇA JUNIOR
    ERNANI TEIXEIRA TORRES FILHO/Economistas do BNDES

    ……………………..O mais importante, no entanto, não era a dimensão dos prejuízos, mas o fato de que, por sua concentração, ameaçavam a saúde financeira de importantes bancos e fundos de investimento. Um exemplo desse fato ocorreu em 9 de agosto de 2007, quando o maior banco francês, o BNP-Paribas, suspendeu os resgates das quotas de três grandes fundos imobiliários sob sua administração – Parvest Dynamic ABS, BNP Paribas ABS Euribor e BNP Paribas ABS Eonia.

    Entretanto, outros eventos ocorridos poucos meses antes, apesar de terem causado menor impacto global, podem também ser incluídos no marco inicial da crise.
    É o caso, em particular, da falência, em abril de 2007, da New Century Financial Corporation – o segundo maior credor de hipotecas do tipo subprime dos EUA………………….

    ……….Em maio de 2007, aos primeiros sinais de turbulência, Ben Bernanke, presidente da instituição, afirmava que: “(…) o efeito dos problemas no segmento subprime sobre o mercado imobiliário como um todo será, provavelmente, limitado e não esperamos conseqüências significativas (…) para o resto da economia ou do sistema financeiro”. Assim, na sua visão inicial, o impacto da crise do subprime no mercado financeiro e na economia norte-americana como um todo seria bastante limitado.

    Entretanto, poucos meses depois, Bernanke já demonstrava apreensão. Em agosto, alertava que: (…) vários eventos que se seguiram à crise do subprime levaram os investidores a acreditar que o risco de crédito poderia ser maior e mais difundido do que se pensava anteriormente (…) .A liquidez foi reduzida significativamente e as taxas de risco (spreads) aumentaram (…)………..

    ………….2. O Boom dos Imóveis nos Estados Unidos Nos últimos dez anos, o mercado imobiliário norte-americano atravessou seu mais longo período de valorização em 5 décadas. Entre 1997 e 2006, os preços dos imóveis se elevaram de forma contínua, chegando mesmo a triplicar de valor (Gráfico 1)……….

    …………..Como resultado, o mercado de hipotecas – o mecanismo de financiamento imobiliário mais importante nos EUA – movimentou, entre 2001 e
    2006, uma média anual de US$ 3 trilhões em novas operações, atingindo um máximo de quase US$ 4 trilhões em 2003. Dois fatores são responsáveis por explicar a magnitude desses valores……………

    ………..O primeiro fator refere-se à inclusão no mercado hipotecário daquele segmento de agentes econômicos que, pelas normas de concessão de crédito das instituições privadas e públicas, não tinham condições de arcar com as parcelas de seus respectivos financiamentos – os chamados subprimes.4

    Alguns desses novos devedores eram denominados de ninja5 pelo fato de não terem renda, trabalho ou patrimônio compatível com suas hipotecas.
    Muitos não tinham sequer condições de apresentar a documentação mínima necessária para a abertura do crédito imobiliário, seja por serem residentes ilegais ou por terem ficado inadimplentes nos dois anos anteriores………………

    …………Os dados a seguir ilustram esse processo. No Gráfico 2, pode-se perceber, especialmente a partir de 2003, o ganho de importância relativa da emissão de hipotecas subprime. Ao fim de 2006, o volume de tais operações chegou a atingir US$ 600 bilhões, representando 20% do mercado total de novas hipotecas. O Gráfico 3 mostra, entre o total de novas hipotecas subprime emitidas, o percentual securitizado. É importante observar o acentuado crescimento desse processo, que salta de US$ 95 bilhões para US$ 483 bilhões entre 2001 e 2006, ou seja, representa um aumento de participação de 50,4%para 80,5%…………

    ……….Eram operações de longo prazo, normalmente de trinta anos, com condições híbridas de pagamentos, que envolviam dois regimes diferentes [Kiff e Mills (2007)]. Havia um período inicial curto, de dois ou três anos, em que as prestações e as taxas de juros eram fixas e relativamente baixas, geralmente inferiores às praticadas no mercado. Nos 27 ou 28 anos restantes, as prestações e os juros possuíam valores mais elevados e reajustados periodicamente com base em taxas de mercado. Eram os chamados empréstimos do tipo 2/28 ou 3/27. Adicionalmente, existiam outros tipos de contrato, conhecidos como interest-only loans, com estruturas semelhantes, nos quais os tomadores honravam, por um determinando período inicial, apenas os juros relativos ao financiamento imobiliário. Algum tempo depois, além da parcela de juros, era necessário realizar amortizações do principal da dívida contratada [Cintra e Cagnin (2007)]………..

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