Da prisão, Vaccari desmente Léo Pinheiro em carta

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – “Não é verdade o que o declara Léo Pinheiro em seu depoimento e delação premiada, que as doações feitas pela empresa OAS ao PT estariam ligadas a supostos pagamentos de propinas relacionadas a contratos desta empresa com a Petrobras”, afirmou João Vaccari Neto em carta, desmentindo as declarações do ex-presidente da OAS.
 
A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que a carta, escrita à mão, fosse anexa aos autos do recurso do processo do triplex do Guarujá, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região. O objetivo dos advogados é mostrar que se as únicas provas alegadas contra Lula foram de delações de Léo Pinheiro, elas são facilmente desmentidas por outro, assim como ele, réu da Lava Jato.
 
Os advogados ressaltam a fragilidade das acusações contra o ex-presidente, condenado na segunda instância a uma pena maior do que a imposta pelo juiz de Curitiba Sérgio Moro – 12 anos e 1 mês de prisão. A defesa enviou a petição junto com o recurso remetido no último dia 20 de fevereiro. 
 
Um dos pontos debatidos pelo advogado Cristiano Zanin Martins e a banca que faz a defesa do líder petista é que, assim como o próprio delator, no caso relacionado ao triplex, Léo Pinheiro, outros réus não foram sequer convocados pelos investigadores para responderem a acusações que envolviam a eles também.
 
Como o caso de Vaccari: “[O MPF] preferiu concentrar a hipótese acusatória no depoimento de Léo Pinheiro, mas não teve a cautela de pedir a oitiva de João Vaccari em busca da verdade real, como seria necessário”, informaram os advogados. 
 
Como o julgamento contra Lula foi unânime, o único tipo de recurso que pode ser ingressado pela defesa é o embargo de declaração, que não pode discutir o julgamento em si, mas apenas levantar possíveis dúvidas, contradições ou solicitar explicações sobre determinados pontos da sentença. Por isso, a defesa de Lula indica possíveis “omissões em relação a elementos que constam no processo”, além de “contradições com os seus próprios termos” e “obscuridades”. 
 
Léo Pinheiro afirmou, em sua delação premiada, que tratou com Vaccari e que ele teria feito a intermediação, em nome do ex-presidente, para o recebimento do triplex no Guarujá como forma de pagamento de vantagens indevidas. 
 
Os advogados de Lula entenderam que, se os próprios investigadores não puderam ir atrás da outra parte mencionada na acusação, eles mesmo o fariam. Por isso, solicitaram a Vaccari um posicionamento sobre as declarações de Léo Pinheiro.
 
“Nunca teve qualquer tratativa ou conversa com Léo Pinheiro para tratar de questões ilegais envolvendo o recebimento de propinas. Também não é verdade o que diz Léo Pinheiro, que eu teria intermediado, em nome do ex-presidente Lula o recebimento do Triplex do Guarujá, como pagamento de vantagens indevidas”, afirmou Vaccari, no manuscrito, agora remetido ao TRF-4.
 
As alegações da defesa de Lula ficam nas mãos do relator do TRF-4, o desembargador João Pedro Gebran Neto, e não têm data para serem julgadas. Nesta semana, a defesa do ex-presidente está levantando o maior número possível de contra-provas para as sustentações dos investigadores contra Lula. 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. Infelizmente a trinca

    Infelizmente a trinca (quadrilha?) desembarga-palegrense sabe de tudo isso e, ao mesmo tempo, como golpistas, fazem de conta que não vem ao caso. Afinal, para o injudiciário, incluídos os desembargas e o gravatinha-com-lencinho, só vale a palavra dos seus réus e condenados. E ouvir o Tacla Duran, por exemplo, nem se a dona carmencita mandasse (né, dona carmencita?).

  2. Cai mais uma máscara que

    Cai mais uma máscara que encobre o tribunal de exceção que opera na 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba. Sérgio Moro, o juiz promotor, escolhe as testemunhas que convêm à acusação e indefere testemunhos que desfazem a trama judicial urdida por Léo Pinheiro, Dallagnol e o próprio Sérgio Moro, com recibo passado pelo TRF4.

    Foi indeferido os testemunhos de João Vaccari, citado expressamente por Léo Pinheiro em sua delação orquestrada e do advogado Tacla Durán, que afirma e tem prova pericial que os documentos da Odebrecht que embasaram a denúncia premiada de Marcelo Odebrtecht foram adulterados para se adequarem à denúncia.

    Até quando o Supremo Tribunal Federal vai fingir que cochila e permitir tamanha agressão ao Estado de Direito.

  3. Que coisa simples…

    Um diz que o apartamento é do Lula e outro diz que não. O próprio Lula diz que não

    Então, para que servem os cartórios neste país?

    O imóvel é de quem o registrou no seu nome. Se Lula morrer esse apartamento vai para os seus herdeiros? Claro que não!

    A Justiça está agindo como criança. Assume que o Lula é esperto e o Moro quer aparecer mais esperto do que ele. E as leis vão para o brejo.

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