Interessa à Dilma que senadores votem no impeachment pelo “conjunto da obra”

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Dilma Rousseff acerta em ir ao Senado, no dia 29, fazer sua defesa pessoal no impeachment, diz Kennedy Alencar. Para ele, seria melhor ainda para a presidente se os senadores de oposição ao PT admitissem que estão a afastando do poder “pelo conjunto da obra”, e não apenas por crime de responsabilidade fiscal. Essa postura corrobora para a tese de que este impeachment é um golpe parlamentar que foi usado contra Dilma apenas para trocar o governo, atendendo a interesses da classe política e outros setores.

Por Kennedy Alencar

Num gesto de coragem e cálculo, Dilma acerta ir ao Senado

A presidente Dilma Rousseff acertou ao decidir comparecer ao Senado para fazer a própria defesa no próximo dia 29. É um ato de coragem, porque vai encontrar um ambiente hostil e no qual os votos já estão decididos. Portanto, ela sabe que será derrotada e que o impeachment será aprovado.

No entanto, quer que essa decisão custe mais caro politicamente ao presidente interino, Michel Temer, que será efetivado, e também aos políticos do PSDB que capitanearam a campanha por sua queda, como o senador Aécio Neves, que perdeu a eleição presidencial de 2014 para ela.

A mensagem de Dilma será clara: o impeachment é um golpe contra uma pessoa inocente. Morrer de pé e lutando reforça essa imagem. Ajuda a presidente a tentar preservar a biografia na batalha pela fotografia histórica do impeachment.

Desse ponto de vista, a ida dela imporá um desgaste ao atual governo e seus aliados. Uma coisa é a defesa ser feita pelo advogado de Dilma, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo. Outra coisa é a presença da presidente, que dá um caráter histórico ainda maior ao episódio.

A depender do tom dos senadores, ela poderá reforçar a imagem de vítima de uma injustiça. O senador Ronaldo Caiado, líder do DEM, disse o seguinte: “Pode parecer que a presidente está sendo julgada por um decreto ou uma pedalada. Não. Ela vai poder explicar todo esse desastre que o país vive”.

Esse discurso de Caiado é bom para Dilma, porque é a admissão de que a queda dela se deve ao conjunto da obra de um governo ruim e que o impeachment está sendo usado como um instrumento do sistema de governo parlamentarista para derrubá-la.

Se a petista cair pelas razões apontadas por Caiado, isso reforçará a versão histórica de que houve uma interpretação larga da lei do impeachment para se aplicar um golpe parlamentar debaixo das barbas do Supremo Tribunal Federal. Logo, essa linha de debate interessa a Dilma.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

6 Comentários

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  1. consumação do ato

    A consumação da queda da republica, do abandono do estado de direito ira acontecer com a CONCRETIZAÇÃO do impedimento.

    Ela está certissima!, querem derrubar um governo eleito sob uma ótica pervertida das pedaladas, porem usando a “legalidade” do rito para justificar o ato.

    Pois a partir do dia 30 estaremos em estado de exceção, a republica estara comprometida para não dizer revogada e todos estes Srs irão dormir sob o epitáfio: aqui está um golpista !!!

  2. Certa vez, acho que foi

    Certa vez, acho que foi Brizola, disseram: Lula é a esquerda que a direita adora. Pois bem, Sr. kennedy Alencar, alguns jornalistas progressistas são a imprensa alternativa que a mídia direitona adora. Quem foi que disse que o que importa é Dilma? Tenho todo respeito por ela, admiro a presidenta e sei que sua biografia não sairá arranhada desse episódio. Mas o problema é o que acontecerá com o país pós impeachment. O problema é o desprojeto de país que tomará o poder. Não estou preocupada com Dilma, preocupa-me o Brasil. Se a ida de Dilma ao Senado não tiver como consequência uma ampla reflexão da sociedade sobre a, com licença da palavra, merda que estamos a fazer, não terá valido a pena. Espero que a ida dela ao plenário tenha essa finalidade, tocar fundo a alma do brasileiro de modo a, se não sairmos dali vencedores, que pelo menos acendamos a chama da resistência, necessária à redemocratização do país. Porque o impeachment representará a nossa entrada sorrateira num estado de exceção.

  3. Eu quero ser indenizado

    Alguém tem que se responsabilizar e indenizar o meu voto. Vamos todos, os 54 milhões de eleitores que elegeram a Dilam questionar o porquê nossos votos foram anulados. Com a palavra, o bêbado Gilmar Mentes.

  4. Esta é a última chance de

    Esta é a última chance de Dilma mostrar alguma força… espero que ela reconheça isso e tenha coragem de dar uma cartada final, chamando os deputados e senadores daquilo que eles são: Bandidos sem vergonha na cara.

    Infelizmente a Dilma teve várias oportunidades de demonstrar força e decepcionou… por isso, não nutro grandes esperanças… vai ser mais um discurso burocrático com algumas indiretas mas nada que empolgue a opinião pública. Se não sair muito do normal será facilmente ignorado pela mídia e levado ao esquecimento.

  5. INTERESSA À DILMA

    Não engoliram a primeira “PRESIDENTA” DO BRASIL, por mais dois anos.VÃO TER QUE ENGOLIR a primeira HEROÍNA morderna do Brasil, PARA TODO O SEMPRE…NOS LIVROS DE HISTÓRIA, CORAÇÕES E MENTES. A PRESENÇA de Dilma é um golpe de MESTRA. o 

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